Memórias e Arquivos da Fábrica de Loiça de Sacavém

Junho 30 2010

 

 

O consagrado fotógrafo Eduardo Gageiro (n. 1935), natural de Sacavém, trabalhou nos escritórios da FLS até 1957, referindo algumas fontes que a sua entrada na fábrica, como paquete, se deu em 1947, quando contava apenas doze anos de idade.

 

Durante este período recolheu inúmeras imagens que documentam a vida na região e o quotidiano da FLS, tal como se pode constatar no catálogo A Fábrica e Sacavém pelos Olhos de Eduardo Gageiro, editado em 2003 para a exposição homónima, realizada no MCS entre Abril de 2003 e Março de 2004.

 

Na mesma publicação podem-se encontrar fotografias dos escultores José Pedro (datas desconhecidas) e Armando Mesquita (1907-1982), bem como outra iconografia da fábrica e seus trabalhadores, da década de 1950 e do período que antecedeu o seu desmantelamento.

 

Sobre Eduardo Gageiro, consulte uma entrevista em: http://www.cm-loures.pt/p_lm6D.asp e uma referência a uma exposição (no Luxemburgo ?) em: http://www.bomdia.lu/galerias/thumbnails.php?album=224&page=1.

 

 

Fotografia de moldes para asas de chávenas, e louça de mesa, tirada por Eduardo Gageiro no período final da FLS.

 

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Junho 28 2010

 

Detalhe do painel de azulejos intitulado O Infante D. Henrique na Conquista de Ceuta (século XV), que se encontra na estação ferroviária de S. Bento, Porto.

 

Colocado à direita da entrada do edifício, este é um dos diversos painéis do aclamado pintor Jorge Colaço (1868-1942) que revestem o átrio da estação.

 

Adjudicado em 1905, o revestimento azulejar foi concluído em 1916. Embora algumas fontes refiram que este trabalho foi executado na fábrica Lusitânia (cf. http://pt.wikipedia.org/wiki/Esta%C3%A7%C3%A3o_Ferrovi%C3%A1ria_de_Porto-S%C3%A3o_Bento), deve notar-se que nesse período Jorge Colaço colaborava quase exclusivamente com a FLS, empresa que tratava de lhe arranjar colaboradores na pintura de azulejo.

 

 

Aliás, em correspondência da FLS remetida para Inglaterra e relativa ao primeiro trimestre de 1906, transcrita no livro Fábrica de Louça de Sacavém (1997), de Ana Paula Assunção (n. 1957), refere-se o seguinte:

 

"(...) temos vindo a considerar um director de azulejo e pensamos que o Sr. Harding seria o homem exacto para nós, mas temos que saber primeiro se ele é bom no vidrado de majólica, fornos, etc., etc., e se está acostumado a dirigir homens e tem coragem para o fazer. (...) Para além de dirigir a secção dos azulejos, terá que ajudar o meu filho Raul na direcção geral, quando necessário, com certeza que  terá muito tempo para isso. (...) Estamos mesmo com muita pressa de ter o homem cá. (...)"

 

No entanto, esta hipótese acabou por ser abandonada, de acordo com uma carta, datada de 16 de Abril de 1907, transcrita na mesma obra: " (...) lamentamos que o senhor [Harding] não sirva para o Sr. Colaço (...)".

 

Em correspondência do primeiro semestre do mesmo ano havia-se especificado assim o trabalho a desempenhar junto de Jorge Colaço: "(...) o Sr. Colaço procura um homem para pintar em azulejos, com isto, queremos dizer que ele será necessário para preencher com cores depois de o Sr. Colaço ter trabalhado o desenho. (...) Um simpático companheiro com 25/30 anos (...)".

 

 

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Junho 26 2010

 

Chávena de chá e pires em pasta azul, formato Avenida, com decoração geométrica a ouro e esmalte sobre o vidrado.

 

 

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Junho 24 2010

 

Prato raso formato Espiga, com decoração de espigas moldadas em relevo e decoração colorida, com o motivo 1205 em verde e azul, a aerógrafo sobre chapa recortada (stencil).

 

Compare-se esta decoração com a de um prato fundo anteriormente reproduzido (http://mfls.blogs.sapo.pt/7698.html) e note-se como a imagem apresenta ligeiras diferenças.

 

A ausência de aves poderia atribuir-se a um esbatimento da tinta aerografada, tal como parece ter acontecido com a figura do leme, com o leme e com a proa da fragata, mas a diferente colocação da estrutura que sustenta a vela sugere uma chapa recortada distinta da anterior.

 

 

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Junho 22 2010

 

Prato fundo (de sopa) estampado a azul sob o vidrado, com o motivo Reino.

 

Note-se o carimbo Gilman Lda.

 

 

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Junho 20 2010

 

Azulejo com decoração moldada e vidrado monocromático. No tardoz apresenta a inscrição SACAVEM, em relevo.

 

Notem-se as observações registadas na correspondência da FLS, datáveis do primeiro trimestre de 1908 e transcritas no livro Fábrica de Louça de Sacavém (1997), de Ana Paula Assunção (n. 1957), sobre a peculiaridade do azul:

 

"Os azulejadores de Lisboa estão acostumados à diversidade que há nos tons de cor azul e por isso fazem a sua escolha na ocasião de colocar os azulejos, colocando-os de forma que um azulejo escuro não fique ao pé de um azulejo claro. É quase impossível evitar-se nuance do azulejo cor azul, é uma cor muito ingrata, basta uma leve diferença de temperatura nos fornos para que os azulejos sofram uma alteração de cor."

 

No caso dos azulejos monocromáticos moldados em relevo, um outro aspecto que pode contribuir para estas nuances é a própria espessura do vidrado, como se pode verificar numa análise comparativa dos vários exemplares conhecidos com este padrão.

 

 

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Junho 18 2010

 

Canecas em vidro branco transparente com decoração, intitulada Bailados-de-Portugal, a esmalte policromado. Produção de uma das fábricas da Marinha Grande, eventualmente CIP, NFV ou Stephens, realizada nas décadas de 1950 ou 1960.

 

As decorações reproduzidas são atribuíveis a Álvaro Mendes Alves (1905-1996), decorador e pintor da FLS, encontrando-se a imagem da caneca da direita ilustrada no catálogo da exposição Dar Sentido à Argila: Os Ateliês de Decoração na Fábrica da Loiça de Sacavém, realizada no MCS em 2007.

 

A recuperação e reformatação dos valores do folclore bem como a sua dinamização nas décadas de 1940 a 1960 está geralmente associada ao Estado Novo e aos vários organismos corporativos desenvolvidos pelo regime – SPN/SNI, FNAT, Casas do Povo.

 

Todo o revivalismo dos supostos valores tradicionais veiculados pelo folclore foi exacerbado na cerâmica (entre outros exemplos, na produção da Aleluia, de Aveiro, da Cerâmica Macedo, de Barcelos, e da Vista Alegre), nas edições postais dos CTT, com a série Conheça as suas Danças (dezoito exemplares diferentes editados entre 1957 e 1963), na decoração do vidro, na própria promoção turística dos ranchos folclóricos e na sua projecção através de cartazes de instituições oficiais.

 

Um aspecto, contudo, é muitas vezes subvalorizado ou escamoteado na análise desse revivalismo. É que ele havia sido promovido já na década de 1920 por artistas como Bernardo Marques (1898-1962) ou Roberto Nobre, (1903-1969),  certamente na senda da recuperação de um imaginário popular europeu relançado anteriormente pelos Ballets Russes, de Diaghilev (Sergei Pavlovich Diaghilev, 1872-1929), e rapidamente aplaudido, acarinhado e  adoptado pelos modernistas.

 

    

Capas de Roberto Nobre (1903-1969), à esquerda, e Bernardo Marques (1898-1962), respectivamente para o magazine Civilização, número 12, de Junho de 1929, e número 14, de Agosto do mesmo ano.

 

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Junho 16 2010

 

Tigela formato Francês, estampada a verde sob o vidrado, com o motivo número 339.

 

 

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Junho 14 2010

 

Cinzeiro com o logótipo da empresa Mabor General, sobre o vidrado, e decoração complementar a dourado. O pneu de borracha que circunda o cinzeiro apresenta a inscrição "MABOR GENERAL / 6.40 - 13 / FABRICAÇÃO PORTUGUESA / DUAL-TREAD / JETAIR".

 

Este logótipo é o segundo na história da empresa e estava já em uso no ano de 1960. O primeiro, que aqui se encontra sobreposto à palavra pneus, estava já estabelecido em 1947, e o terceiro, um G maiúsculo, a vermelho, que engloba a Mabor General, a preto, data já da década de 1970.

 

A empresa Mabor foi fundada em 6 de Abril de 1946, tendo sido adquirida em 1 de Julho de 1990 pelo grupo alemão Continental (cf. mais detalhes sobre a história e a produção da Mabor em: http://www.ccdr.pt/content/view/903/68/, sobre a Continental em: http://www.conti-online.com/generator/www/start/com/en/index_en.html, e sobre a Continental Portugal em: http://www.conti-online.com/generator/www/pt/pt/continental/automobile/general/home/index_pt.html.)

 

 

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Junho 12 2010

 

Prato de cozinha formato Liso com decoração, correspondente ao número 848 ou 948, aplicada a aerógrafo e stencil (chapa recortada), sob o vidrado.

 

Na tabela de 1932 os pratos de cozinha surgem em cinco tamanhos – 1.º, com 39 cm de diâmetro; 2.º, com 35 cm; 3.º, com 32 cm ; 4.º, com 30 cm, e 5.º, com 27 cm. Cada um destes pratos, com decoração "Colorido s/ ouro" tinha o seguinte preço, por ordem decrescente – 4$70, 4$00, 3$10, 2$75 e 2$45.

 

Este prato mede cerca de 29,7 cm. de diâmetro, pelo que corresponderá ao quarto tamanho.

 

A imagem aqui reproduzida bem poderá ser uma representação estilizada da Mesquita Azul, em Istambul, ou de quaisquer outras mesquitas divulgadas pela obra do pintor Luigi Mayer (c. 1755-1803), autor de Views in the Ottoman Dominions, in Europe, in Asia, and some of the Mediterranean Islands [...] (1810), e seus contemporâneos.

 

Semelhantes imagens do Império Otomano, do Médio Oriente e do Norte de África tiveram ampla divulgação na loiça estampada de finais do século XVIII e primeira metade do século XIX, coincidindo com as campanhas napoleónicas no Egipto e com o gosto pelas viagens, e pelo exotismo, do movimento romântico.

 

 

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