Memórias e Arquivos da Fábrica de Loiça de Sacavém

Setembro 01 2014

 

Duas peças da fábrica francesa Société Anonyme des Produits Céramiques de Rambervillers que ilustram diferentes vidrados de diferentes épocas.

 

A primeira, um cinzeiro, ou vide-poche, com cerca de 17 cm. de comprimento, ostenta uma papoila modelada de acordo com a característica gramática sinuosa Art Nouveau.

 

Embora corresponda ao formato 229, que já surge no catálogo de 1906, a peça continuou a surgir nos catálogos de 1920 e 1930, sendo este um exemplar tardio, como se pode comprovar pela pasta vermelha e pela marca, que habitualmente se atribui ao período de 1950 a 1957.

 

 

A figura que representa um cachorro da raça basset, com cerca de 15 x 17,8 x 10,4 cm., ostenta, impressas, a assinatura de Jean-Baptiste-Alphonse Cytère (1861-1941) e a marca Unis-France, correspondente ao período de 1920 a 1931.

 

É esta uma peça que surge pela primeira vez no catálogo de 1920, sob o número 269, e que, quer pelo seu formato quer pelo seu peso, pode ser usada como ampara-livros, embora tal não esteja expressamente indicado no catálogo.

 

Apesar de este exemplar apresentar as supracitadas marcas, o original havia sido modelado pelo consagrado escultor alemão Ludwig Habich (1872-1949), um dos expoentes da renomada comunidade artística de Darmstad, e apresentado numa versão em bronze durante a Exposição Universal de Paris, realizada em 1900, embora se conheçam também versões em grés da fábrica alemã Scharvogel Künsttopferei, de Munique.

 

Os vidrados desta peça não revelam apenas uma aproximação ao original em bronze mas também uma busca de novas tonalidades para sucederem aos reflexos metalizados, como o famoso azul, os verdes e o sang-de-boeuf, da produção inicial da fábrica.

 

Vejam-se outras peças da Rambervillers aqui: http://mfls.blogs.sapo.pt/tag/rambervillers.

 

     

 

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publicado por blogdaruanove às 14:09

Setembro 01 2014

 

Prato decorativo com figura feminina cromolitografada sob o vidrado e complementos a ouro.

 

Embora este exemplar não apresente qualquer marca visível, sabe-se que corresponde ao formato Berlim da Real Fábrica, tal como anteriormente foi documentado (http://mfls.blogs.sapo.pt/tag/formato+berlim).

 

A comparação deste exemplar com um outro da mesma série, anteriormente apresentado (http://mfls.blogs.sapo.pt/prato-decorativo-332507), permite especular sobre a possibilidade de esta ser também uma série alusiva às quatro estações, através das diferentes flores ilustradas.

 

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Setembro 01 2014

 

Figura de corça ajoelhada, com cerca de 24,7 x 19,8 x 10, 8 cm, em porcelana.

 

Embora não apresente qualquer marca visível, é possível que esta peça tenha sido produzida na Electro-Cerâmica do Candal ou na Sociedade de Porcelanas, de Coimbra, cujos exemplares, mais frequentemente do que acontece na primeira fábrica, por vezes surgem sem qualquer marca ou mesmo sem o simples carimbo S. P. que se pode encontrar nalgumas peças de biscuit.

 

Vejam-se outros exemplares de corças, também com dimensões médias mas em faiança, das unidades de Lisboa e Coimbra da Companhia das Fábricas Cerâmica Lusitânia, aqui: http://mfls.blogs.sapo.pt/71973.html.

 

© MAFLS

publicado por blogdaruanove às 13:01

Setembro 01 2014

 

Jarra em faiança, com cerca de 29,8 cm. de altura, ostentando as iniciais C. M., correspondentes ao consagrado ceramista francês Clément Massier (1845-1917).

 

A oficina de Massier, situada em Golfe-Juan, localidade que pertence à célebre comuna de Vallauris, nos Alpes-Maritimes, foi um notável centro de formação cerâmica (http://www.vallauris-golfe-juan.fr/La-famille-Massier.html?lang=fr).

 

Os Massier foram um família de ceramistas, dos quais, para além de Clément, se celebrizaram ainda seu irmão Delphin (1836-1907) e seu primo Jérôme (1850-1916), que deram continuidade a uma tradição que já vinha do pai dos dois primeiros, Jacques (1806-1871) e do avô deste, Pierre (1707-1748).

 

A partir da última década do século XIX, a obra de Clément celebrizou-se quer pela modelação escultórica das suas peças quer ainda, e principalmente, pelo acabamento irisado dos seus vidrados, aclamados a partir da Exposição Universal de 1889. 

 

     

Acima, à direita, uma jarra da fábrica de Sarreguemines, com cerca de 28,4 cm. de altura, apresentando também retoques a ouro.

Comparando lado a lado estes dois formatos contemporâneos, torna-se bem evidente a acentuada elegância da peça modelada por Massier.

 

A sua oficina tornou-se então um consagrado centro de formação, por onde passaram inúmeros grandes ceramistas como François (1850-1942) e Jacques Sicard (1865-1923; cf. http://mfls.blogs.sapo.pt/213887.html), Jean-Baptiste Gaziello (1871-1957; cf. http://mfls.blogs.sapo.pt/277167.html), ou Jean Barol (1873-1966), os quais divulgaram e criaram variantes do famoso vidrado inicialmente desenvolvido na oficina daquele mestre.

 

Tal vidrado recorda claramente os vidrados microcristalinos de mais algumas fábricas, como a Sarreguemines (http://mfls.blogs.sapo.pt/tag/sarreguemines), e não deixa de remeter para o irisado que haveria de vir a consagrar a produção da famosa fábrica húngara Zsolnay.

 

Esta jarra, embora apresente um aspecto irisado, não teve aplicação daquele afamado vidrado, antes combinou camadas de diferentes tonalidades com a aplicação de ouro, que também foi usado para assinar e marcar a peça, para obter este efeito. 

 

Note-se ainda a sugestão escultórica do formato de inspiração vegetalista, enquadrável no movimento Art Nouveau, que ora remete para o aspecto de um bolbo a rebentar ora para o perfil de algumas florescências.

 

     

 

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publicado por blogdaruanove às 12:09

Setembro 01 2014

 

Caixa rectangular em aglomerado de cortiça, com cerca de 6 x 22,4 x 12,7 cm., cuja tampa apresenta embutida uma placa azulejar decorada com uma flor estilizada.

 

Produzida provavelmente no último quartel do século XX, e não ostentando qualquer marca, esta peça exemplifica o uso combinado de dois dos materiais habitualmente associados a Portugal – o azulejo e a cortiça.

 

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Setembro 01 2014

 

Jarras em grés produzidas no atelier do ceramista francês Charles Gréber (1853-1935), situado em Beauvais.

 

Acima uma pequena jarra com cerca de 14,6 cm. de altura, abaixo um exemplar de maiores dimensões, já com cerca de 23,4 cm. de altura, apresentando ambas as peças a característica decoração com microcristais escorridos de muita da produção de Gréber.

 

 

Note-se o formato inovador e claramente inspirado em formas vegetais do primeiro exemplar, que se associa à gramática Art Nouveau, e a forma mais conservadora do segundo, que tem um interesse estético acrescido através da intervenção manual nas incisões triangulares inscritas entre os dois círculos.

 

Veja-se uma outra peça de Charles Gréber aqui: http://mfls.blogs.sapo.pt/211758.html.

 

     

 

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publicado por blogdaruanove às 10:09

Setembro 01 2014

 

Prato decorativo apresentando motivo central estampado, rebordo tratado a aerógrafo e filetagem a ouro, que poderá ser alusivo à Primavera.

 

Como se viu anteriormente (http://mfls.blogs.sapo.pt/prato-326867), conhece-se um outro prato do mesmo formato, com igual aplicação cromática no rebordo e motivo central com semelhante tratamento estilístico mas diferentes elementos, o que reforça a ideia de que estaremos perante um conjunto alusivo às quatro estações.

 

 

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publicado por blogdaruanove às 09:01

Setembro 01 2014

 

Pequena jarra em grés branco, com cerca de 14 cm. de altura, apresentando vidrado verde jade e craquelé induzido artificialmente. Abaixo, grande cachepot com cerca de 23,6 cm. de altura, ostentando pintura manual sob um invulgarmente áspero vidrado semi-mate.

 

Claramente evocativa do vidrado e das tradições cerâmicas orientais a primeira, denota a segunda peça uma influência que se poderá associar ao colorido do lápis-lazúli e às históricas escavações ocorridas no Médio Oriente durante o último quartel do século XIX e o primeiro do seguinte.

 

Particularmente a partir de 1922, com a descoberta do túmulo do faraó Tuthankamon (séc XIV a. C.), desenvolveu-se nas artes decorativas uma obsessiva tendência a evocar tudo o que pudesse estar relacionado com a antiga civilização egípcia, tendência que, em menor escala, já havia ocorrido no início do século XIX a propósito das campanhas napoleónicas.

 

Veja-se também como a técnica do craquelé artificial e o uso do vidrado verde jade eram comuns à produção Art Déco de outras fábricas e oficinas cerâmicas: http://mfls.blogs.sapo.pt/276165.html.

 

 

Estas duas notáveis peças, que revelam claramente as excepcionais capacidades técnicas e artísticas do seu autor, devem-se ao ceramista francês Georges Jaéglé (datas desconhecidas), sobre quem muito pouco se sabe.

 

Há notícia, contudo, de este injustamente esquecido artista cerâmico ter sido discípulo do consagrado Raoul Lachenal (1885-1956; http://mfls.blogs.sapo.pt/212524.html.) e de existirem elogiosas referências à sua obra em publicações de final da década de 1920.

 

Sabe-se também que, depois de ter colaborado com Lachenal, instalou a sua oficina nos arredores de Paris, a sul, em Brétigny-sur-Orge, tendo exibido as suas peças nos XVIeme (1926), XIXeme (1929) e XXeme (1930) Salons des Artistes Décorateurs.

 

Finalmente, note-se ainda como as espirais na base das duas peças demonstram terem estas sido não moldadas mas sim trabalhadas num torno de oleiro.

 

     

 

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publicado por blogdaruanove às 08:09

Setembro 01 2014

 

Azulejo com motivos militares e florais aplicados sobre stencil (chapa recortada), produzido, provavelmente no segundo quartel do século XX, pela fábrica Viúva Lamego, de Lisboa. 

 

Este azulejo destinar-se-ia, certamente, a ser colocado no revestimento de edifícios de uma unidade militar não identificada, embora seja possível encontrar na composição o símbolo da arma de Infantaria, duas espingardas entrecruzadas, e um motivo associado à arma de Cavalaria, o carro de combate, que tem como símbolo duas espadas entrecruzadas.

 

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publicado por blogdaruanove às 07:01

Setembro 01 2014

 

 

Pequena jarra, com cerca de 14 cm. de altura, apresentando decoração floral em relevo, estilizada ao gosto Art Déco, da série Danesby Ware comercializada pela fábrica Denby, situada em Bourne, Inglaterra.

 

O consagrado escultor e modelador cerâmico inglês Donald Gilbert (1901-1961), sobrinho de um dos proprietários da FLS, Herbert Gilbert (1878-1962), e por conseguinte primo de Clive Gilbert (n. 1938), produziu inúmeros modelos para as fábricas Denby, Poole Pottery e Royal Doulton.

 

Para a Denby, sabe-se que, na primeira metade da década de 1930, depois de ter concluído o seu curso no Royal College of Art (http://www.rca.ac.uk/), modelou várias figuras de animais e concebeu uma gama de vidrados e peças, cuja série é popularmente conhecida em inglês como pastel blue ware mas cuja designação oficial é Danesby Ware, onde esta jarra se inclui.

 

 

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publicado por blogdaruanove às 06:09

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