Memórias e Arquivos da Fábrica de Loiça de Sacavém

Dezembro 29 2015

 

Mealheiro, com cerca de 20,4 cm. de altura e pintado em policromia sobre o vidrado, ostentando a legenda "JUNTE AQUI NA CASINHA / QUE JUNTA PARA SI' / QUANTO MAIS JUNTAR / MAIS HA-DE ENCONTRAR." e o número 319, em relevo, na base.

 

O exemplar aqui reproduzido está incompleto, não apresentando o galo a coroar o telhado de quatro águas que integra o conjunto original. Apesar de retocada a laranja, a base evidencia claramente que essa figura se terá partido, até porque não se encontra vidrada no topo.

 

Contudo, este modelo é ligeiramente diferente dos dois exemplares que se podem observar no segundo volume do catálogo da exposição Porta Aberta às Memórias, realizada no MCS em 2008.

 

Para além das duas inscrições personalizadas sobre o canteiro, que pretendem evocar silhares de azulejo, e das duas datas de nascimento manuscritas, aqueles exemplares apresentam ainda diferente lettering, e acentuação, e quatro remates de beiral.

 

O presente exemplar apresenta apenas três remates de beiral, não surgindo, de origem, qualquer remate sobre o vértice correspondente ao canteiro e à janela com manjerico.

 

Este formato surgia já na tabela de Novembro de 1945, sob o número 319 e a designação "Casa mealheiro", ao preço de 53$00 para "Colorido s/ ouro". Continuava ainda a surgir na tabela de Maio de 1951, ao preço de 60$00, e na tabela de Maio de 1960, ao mesmo preço. O exemplar desta última tabela existente no Centro de Documentação Manuel Joaquim Afonso, do MCS, indica numa nota manuscrita que o seu peso é de 750 gramas. Aparentemente, este formato continuou a ser produzido até à década de 1980.

 

Note-se como este modelo evoca claramente os paradigmas da casa portuguesa preconizados pelas teorias, e alguma da praxis arquitectónica, de Raul Lino (1879-1974) e por alguns dos seus discípulos, como Eugénio Correia (1897-1985). Note-se também como a legenda se enquadra nos preceitos económicos do Estado Novo.

 

 

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Dezembro 26 2015

  

    

 

Jarra em faiança da Cerâmica Bombarralense, Limitada, com cerca de 28,7 cm. de altura, pintada à mão sob o vidrado e apresentando impresso na pasta o número 220 que, como já foi referido, corresponderá ao seu formato.

 

Este exemplar vem confirmar uma tendência decorativa da empresa que, durante o seu curto período de apenas dez anos de laboração, parece ter privilegiado em algumas das jarras a utilização exclusiva do azul e do amarelo, conforme aqui se tinha observado anteriormente (http://mfls.blogs.sapo.pt/149743.html).

 

Já na loiça de mesa, também pintada à mão, conhecem-se diversas combinações cromáticas, particularmente nos pratos, onde surgem tonalidades de verde ou de castanho, o sangue-de-boi e o bordeaux.

 

 

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Dezembro 24 2015

 

No ano em que a SPAL comemora o seu cinquentenário, assinala-se esta quadra natalícia apresentando o pequeno prato, com cerca de 11,9 cm. de diâmetro, desenvolvido pela empresa para as suas ofertas institucionais.

 

Aproveita-se ainda a oportunidade para formular as habituais saudações a quem visita este espaço, em geral, e, em particular, a todas as companheiras e todos os companheiros que promovem a divulgação cerâmica na blogosfera.

 

Para todos, votos de Festas Felizes e excelente Ano Novo!

 

 

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Dezembro 22 2015

 

Vasco Lopes de Mendonça (1883-1963) formou-se em engenharia militar, fazendo carreira na área e aposentando-se enquanto técnico superior de engenharia da Câmara Municipal de Lisboa, mas dedicou também particular atenção à caricatura, à ilustração e à cerâmica.

 

Tal multiplicidade de interesses não será estranha ao facto de ter crescido, e ter sido educado, numa família, e num ambiente, de artistas e intelectuais.

 

Seu pai, Henrique Lopes de Mendonça (1856-1931), também militar de carreira, escritor e dramaturgo, elaborou em 1890, no auge do ultimato inglês, a letra de A Portuguesa, composição musicada por Alfredo Keil (1850-1907) que, após ser parcialmente expurgada no verso "Contra os britões marchar, marchar" para se tornar politicamente correcta, foi adoptada como hino nacional durante a I República.

 

Sua mãe, Maria Amélia Bordalo Pinheiro (datas desconhecidas), provinha da famosa família Bordalo Pinheiro onde, entre outros, se destacaram Columbano (1857-1929) e Rafael (1846-1905), irmãos de Maria Amélia, e o filho deste último, Gustavo (1867-1920).

 

Suas irmãs Vigínia Lopes de Mendonça (1881-1969) e Alda Lopes de Mendonça (1885-1962), destacaram-se também, como escritora e dramaturga, a primeira, e como rendeira, numa certa tradição Arts & Crafts, mas também reproduzindo desenhos de seus irmãos Vasco e Virgínia, a segunda.

 

 

Embora tenha obra reconhecida no desenho e na ilustração gráfica (http://blogdaruanove.blogs.sapo.pt/300833.html), áreas onde colaborou em alguns dos livros de sua irmã Virgínia, mas também em livros de Acácio de Paiva (1863-1944), Laura Chaves (1888-1966), Maria de Carvalho (1889-1973), Leonor de Campos (pseudónimo de Helena de Sousa Costa, datas desconhecidas), Emília de Sousa Costa (1877-1959), Graciette Branco (1905-?), Maria do Carmo Peixoto (1877-?), Vasco Lopes de Mendonça encontra-se ainda ligado à produção cerâmica.

 

Está documentada a sua colaboração com a fábrica Bordalo Pinheiro, das Caldas da Rainha, durante as décadas de 1940 e 1950, já muito depois do falecimento de Rafael e Gustavo Bordalo Pinheiro, para a qual modelou diversas estatuetas caricaturais.

 

Surgem neste conjunto várias figuras típicas da época ou da tradição portuguesa – alentejanos, boxeurs, cantadeiras, curas, galegos, guardas da GNR, guardas-nocturnos, lavadeiras, leiteiras, lusitos, marinheiros, meninos da Luz, polícias, regateiras, saloios, velhos e vendedeiras.

 

Mas também reconhecidas personalidades internacionais, como Adolf Hitler (1889-1945), Benito Mussolini (1883-1945), Josef Stalin (1878-1953), Nikita Khrushchev (1894-1971), e Winston Churchill (1874-1965).

 

Este último, para além daquela aqui apresentada, surge ainda na famosa versão em que é retratado com uma bengala, um bornal e capacete de guerra a tiracolo, apresentando na boca o inevitável charuto e saudando com um boné na mão do braço direito, erguido.

 

 

Está menos documentada e é menos conhecida, no entanto, a sua ligação à Fábrica de Loiça de Sacavém, ainda na década de 1940, empresa para a qual modelou algumas figuras de animais, que agora se reproduzem mas que já aqui haviam surgido (http://mfls.blogs.sapo.pt/45369.html), muito ao gosto quer da tradição dos contos populares quer de uma gramática caricatural que Walt Disney (1901-1966) recuperou daquela tradição.

 

Muito provavelmente, para além dos dois exemplares acima ilustrados, que correspondem aos números 368 e 368A da tabela de 1945 da FLS, Vasco Lopes de Mendonça terá modelado também mais algumas figuras de animais, bem como certas figuras caricaturais, algumas delas correspondentes às enunciadas anteriormente, que constam das tabelas de 1945 e 1951.

 

O artista foi homenageado postumamente, ainda em 1963, através de uma exposição retrospectiva realizada no Palácio Galveias, em Lisboa, onde se podiam observar vários óleos de Columbano retratando sua irmã e seu sobrinho Vasco e vários exemplos da arte deste – esculturas e medalhões em gesso, desenhos a lápis e a sanguínea, e aguarelas.

 

 

Faziam parte daquela exposição dezasseis vitrinas que, para além de mostrarem caricaturas, originais de ilustrações e exemplares de livros ilustrados pelo homenageado, exibiam ainda, em cinco delas, as mais de cinquenta obras que Vasco Lopes de Mendonça executou em faiança e terracota.

 

Embora no evento não surgisse qualquer referência à colaboração do autor com a FLS, algumas das peças então exibidas foram indubitavelmente produzidas por esta fábrica.

 

As imagens aqui reproduzidas a preto e branco foram retiradas do respectivo catálogo, onde surge ainda a fotografia de um conjunto de quatro patos, ilustrados abaixo, que certamente corresponderá ao conjunto 368B, "Grupo de patos humorísticos", referenciado nas tabelas de 1945 e 1951 da FLS.

 

 

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Dezembro 20 2015

 

Prato moldado e relevado, em faiança da Sado Internacional, de Setúbal, comemorativo do Natal de 1973.

 

 

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Dezembro 15 2015

 

Chávena de chá e pires formato Coimbra ostentando decoração correspondente ao motivo 672.

 

Um bule com este motivo, e também deste formato, foi já apresentado aqui: http://mfls.blogs.sapo.pt/bule-353502.

 

 

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Dezembro 12 2015

 

Grande travessa, com cerca de 30,2 x 42,5 x 4,7 cm., em faiança da fábrica Faianças de S. Roque, Aveiro.

 

Apresentando um formato oitavado comum já nas travessas do último quartel do século XIX, esta peça ilustra três técnicas decorativas – esponjado no rebordo, stencil (chapa recortada) nos motivos florais e no motivo central e pintura manual livre nas pinceladas a verde.

 

Embora não seja uma peça que originalmente tivesse um custo de comercialização elevado, a aplicação destas técnicas distintas traduz uma produção relativamente onerosa quanto à mão-de-obra envolvida.

 

 

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Dezembro 08 2015

 

Painel de nove azulejos, com imagem alusiva a Nossa Senhora da Conceição pintada à mão, patente num edifício arruinado de Porto da Cruz, na ilha da Madeira.

 

Este exemplar representa uma invulgar variante aos mais comuns painéis de apenas quatro azulejos, sincrética e iconicamente consagrados a um tema que se confunde com este, os quais começaram a ser lançados em 1940.

 

Os painéis datados de 1940, produzidos em diferentes fábricas e habitualmente estampados, comemoram o dogma da Imaculada Conceição (concepção), apresentando quase sempre a legenda "A Virgem Maria Senhora Nossa foi concebida sem pecado original". Este mesmo motivo conhece-se também num único azulejo (cf. http://mfls.blogs.sapo.pt/228397.html).

 

De facto, para além de apresentar nove azulejos, este conjunto surge com a imagem de Nossa Senhora pintada à mão, não alude explicitamente ao dogma, tendo ainda sido produzido em 1948, dois anos depois do tricentenário da consagração do reino de Portugal a Nossa Senhora da Conceição.

 

Veja-se um azulejo produzido pela FLS no ano de 1946 e com a mesma temática religiosa, mas com uma gramática totalmente distinta, aqui: http://mfls.blogs.sapo.pt/44854.html.

 

 

Em 1818, D. João VI (1767-1826; rei, 1816-1826) instituíu a Real Ordem Militar de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, que foi extinta enquanto ordem militar pelo governo republicano instaurado em 1910.

 

Com os graus de grã-cruz, comendador, cavaleiro e servente, e condecorações desenhadas pelo artista francês Jean-Baptiste Debret (1768-1848), a ordem tinha el-rei como grão-mestre, sendo preservada nos nossos dias, e concedida ainda a título privado, pelo actual Duque de Bragança.

 

Depreciativamente tratada como a medalhinha de Nossa Senhora da Conceição pelos republicanos do final da monarquia, e também durante a I República, ostenta as iniciais AM (Avé Maria) envolvidas pela legenda Padroeira do Reino e ainda hoje apresenta a tradicional banda monárquica em seda azul celeste.

 

 

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Dezembro 06 2015

 

Pequenas jarras em faiança da fábrica Aleluia, de Aveiro.

 

Acima, exemplar com cerca de 5,8 cm. de altura e 6,4 cm. de diâmetro máximo; abaixo, exemplar com cerca de 10 cm. de altura e 7,4 cm. de diâmetro máximo.

 

 

Embora o formato 42 seja, obviamente, mais antigo que o 179, ambas as jarras apresentam combinações cromáticas e tonalidades invulgares na produção da Aleluia.

 

Traduzem estes dois exemplares, os seus motivos e as tonalidades que lhes estão associadas, uma produção claramente característica de um período posterior ao final da II Grande Guerra, mas também anterior à produção modernista e contemporânea que a Aleluia começou a desenvolver a partir da segunda metade da década de 1950. 

 

 

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Dezembro 01 2015

 

Quadra de azulejos ostentando no tardoz de um exemplar a legenda SACAVEM U 1, em relevo, e o carimbo numérico 149. Outro exemplar apresenta os carimbos numéricos 17 (maiúsculo), 3 (minúsculo) e ainda o número 315 manuscrito a preto.

 

Este conjunto, propositadamente combinando azulejos com cores diferentes e omitindo as espigas que constituíam a quadra original (http://mfls.blogs.sapo.pt/26731.html), ilustra duas das três variantes cromáticas conhecidas nas papoilas e nos laços – azul, laranja e roxo.

 

A decoração encontra-se aplicada sobre o vidrado.

 

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