Memórias e Arquivos da Fábrica de Loiça de Sacavém

Maio 23 2017

 

O Museu de Cerâmica de Sacavém promove no próximo sábado, dia 27 de Maio, pelas 15h00, mais uma das suas conversas mensais, desta vez subordinada ao tema Sacavém – Uma Paixão.

 

Nesta ocasião o orador convidado será Clive Gilbert (n.1938), MBE, administrador e último proprietário da Fábrica de Loiça de Sacavém e actual vice-presidente da Direcção da Associação dos Amigos da Loiça de Sacavém (https://www.facebook.com/associacao.amigos.loica.de.sacavem).

 

A imagem do operário da FLS que ilustra este convite é da autoria do consagrado fotógrafo, e antigo empregado da fábrica, Eduardo Gageiro (n. 1935).

 

© MAFLS

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Março 17 2017

 

Por cortesia de Clive Gibert, que muito se agradece, apresenta-se hoje a fotografia de um conjunto de bule e cafeteira do período final da FLS.

 

Segundo o mesmo, este modelo, com decoração minimalista a preto e branco, destinar-se-ia provavelmente à comercialização exclusiva pela empresa Debenhams (http://www.debenhams.com/#), embora tal pareça nunca ter vindo a acontecer.

 

De qualquer modo, conhece-se este formato com diferentes decorações, como se pode constatar no catálogo da exposição 150 Anos – 150 Peças, Fábrica de Loiça de Sacavém, realizada em 2006 no Museu de Cerâmica de Sacavém.

 

O corpo apresenta evidente semelhança com o do formato Hotel (http://mfls.blogs.sapo.pt/tag/formato+hotel), centrando-se a modernização das peças nos arcos da pega da tampa e das asas. Também o bico corresponde a um anterior formato, clássico, da FLS e de outras fábricas internacionais.

 

O processo de criação de formatos nas duas últimas décadas da FLS passava frequentemente por um processo colectivo de desenho, construção e reconstrução até ao formato final, dependendo muito mais do atelier do que do exclusivo trabalho individual.

 

Embora Clive Gilbert, na sua capacidade de engenheiro especializado em cerâmica, tenha participado activamente no desenvolvimento de alguns formatos durante as décadas de 1960 e 1970, particularmente de loiça sanitária – onde interveio na criação dos formatos Savoy e Superbus, não recorda se também interveio neste conjunto em particular.

 

 

No entanto, na obra Raul Cunca: O Designer Plural (2014) podemos encontrar duas páginas onde se ilustram as obras desenvolvidas por Raul Cunca (n. 1963) para a FLS e surge este formato.

 

Tais páginas, reproduzidas no seu site (http://raulcunca.com/), referem ainda que este designer colaborou com a FLS entre 1986 e 1988 e reproduzem vários exemplos deste modelo, com distintas decorações.

 

O formato de loiça sanitária Superbus, aliás, é um óptimo exemplo da múltipla colaboração anteriormente referida. Inicialmente concebido por Clariano Casquinha da Costa (1929-2013), o desenho deste conjunto veio posteriormente a ser renovado por Clive Gilbert (n. 1938), que concebeu o lavatório, e pelo modelador Daniel Rodrigues (datas desconhecidas), que concebeu o bidé e a bacia.

 

Finalmente, note-se o logótipo da FLS que, embora surja apenas num autocolante, é distinto de quaisquer outras marcas que se tenham aplicado na loiça.

 

© MAFLS

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Junho 02 2014

James Gilman, à esquerda, e José de Sousa.

Fotografia publicada na revista Ilustração Portuguesa, número 346, de 7 de Outubro de 1912.

 

Um Pequeno Mundo…

 

Depois de acabar os meus estudos secundários segui para Stoke-on-Trent, a cidade da cerâmica, inserida numa área urbana e industrial conhecida como as "Potteries" (http://www.thepotteries.org/index.html), como já referi num anterior artigo (http://mfls.blogs.sapo.pt/185878.html).

 

Para complementar aquele relato, gostaria de contar um episódio curioso que teve lugar pouco tempo depois de eu chegar a Stoke-on-Trent. Entre outros colegas de curso, fiquei a conhecer uma colega, a Janet Hanley, a qual veio a saber que eu vivia em Portugal.

 

Passados uns tempos, ela convidou-me a ir tomar chá (tinha que ser!) a casa de uma tia dela, pois essa tia queria mostrar-me uma coisa.

 

Lá fui, então, e depois de alguma conversa a senhora entregou-me uma fotografia, perguntando-me se eu conhecia a pessoa que lá estava representada.

 

Olhei e qual não foi o meu espanto quando reconheci um João de Sousa muito mais novo, o filho do Mestre José de Sousa, que tinha sido o primeiro chefe fabril português da Sacavém!

 

De facto, o João de Sousa fez o mesmo curso que eu, como também já tive oportunidade de relatar anteriormente (http://mfls.blogs.sapo.pt/194586.html), e na altura ele tinha namorado com a tia daquela minha colega de curso!

 

Num caso posterior, e já no meu último ano, conheci outra colega de curso, a Kendal Heath. Um dia, em conversa, fiquei a saber que ela era neta do Sr. Heath, técnico de tintas e vidros (corantes e esmaltes) que prestou assistência técnica à Sacavém na segunda metade dos anos 40.

 

O seu nome completo era Sidney George Heath e de acordo com um registo da secretaria da FLS, actualmente depositado no CDMJA, colaborou com a empresa entre 5 de Abril de 1946 e 7 de Outubro de 1947.

 

Entre outros trabalhos inovadores que realizou para a FLS, foi o criador do vidrado Porto, um vidrado mate creme, muito bonito, que foi aplicado a serviços de chá e café cuja decoração era complementada ainda com as asas e as pegas pintadas a ouro.

 

Como o mundo é pequeno!

 

 

© Clive Gilbert

© MAFLS

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Dezembro 06 2013

Diamantino Monteiro Pereira (1939-1982).

 

Devido à localização geográfica da empresa, em plena cintura industrial de Lisboa, a efervescência política do pós-25 de Abril de 1974 viria a ter, forçosamente, efeitos importantes na Sacavém. Estes prolongaram-se muito para além do 25 de Novembro de 1975.

 

À época, a Sacavém era uma das empresas mais antigas da zona, com um total de 1.240 trabalhadores, isto numa altura em que a generalidade da indústria cerâmica já vinha a atravessar um período de modernização tendente a transformá-la de indústria de mão de obra intensiva em indústria de capital intensivo.

 

Como consequência daquela situação política e laboral, não foi possível continuar de imediato os investimentos programados na produção dos azulejos e da loiça sanitária. Só depois de ultrapassado o pior dos efeitos do PREC, em 1977, foi possível retomar os investimentos naquelas duas áreas.

 

Infelizmente, neste curto espaço de tempo, entre 1974 e 1977, houve uma evolução nos processos técnicos de fabrico que a Sacavém não pode aproveitar pois já se tinha comprometido com os fornecedores do equipamento, tendo pago adiantadamente uma significativa tranche do investimento.

 

Apesar de tudo, com a entrada para a empresa de Diamantino Monteiro Pereira, como director-geral, foi possível retomar pelo menos o projecto da linha de fabrico da loiça sanitária.

 

No entanto, após cuidadosos estudos, chegou-se à conclusão que não seria possível enquadrar tal linha de produção na exígua área disponível nas tradicionais instalações de Sacavém, nem tal conviria em função dos movimentos sindicais mais radicais que afectavam a sua laboração.

 

Procurou-se, portanto, um terreno perto de Sacavém mas ao mesmo tempo fora da influência extremista de organizações e sindicatos de inspiração comunista, que tanta instabilidade trouxeram à empresa no período referido e que mais viriam a trazer, ainda, numa altura crítica para o projecto Sanicer, designação dada à empresa que iria ser instalada num terreno, com cerca de 130,000 m2, entretanto adquirido na zona do Carregado.

 

Diamantino Monteiro Pereira viria a ser assassinado em 6 de Dezembro de 1982, alegadamente devido à forma como geria a FLS.

 

© Clive Gilbert

© MAFLS

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Novembro 29 2013

 

Elemento de um par de ampara-livros, em grés com vidrado mate, da colecção de Clive Gilbert.


Veja-se o que já foi dito acerca de peças semelhantes, produzidas noutra cor, aqui: http://mfls.blogs.sapo.pt/9909.html.


A presente imagem consta do catálogo da exposição Portuguese Ceramics in the Art Deco Period, realizada nos EUA em 2005, e é da autoria do fotógrafo João Francisco Vilhena (n. 1965).

 

Note-se que a imagem original foi registada em película e posteriormente digitalizada, o que afectou a sua qualidade e não reflecte as características que uma impressão em papel fotográfico oferece.

 

© MAFLS


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Novembro 07 2013

 

Pequeno busto da actriz Marlene Dietrich (1901-1992), com cerca de 11 cm. de altura, em pasta azul apresentando legendagem e decoração dourada, na base, sobre o vidrado.


Estamos perante uma variante ainda mais rara, devido à coloração da pasta, de uma figura já anteriormente aqui apresentada: http://mfls.blogs.sapo.pt/135455.html.


A presente imagem consta do catálogo da exposição Portuguese Ceramics in the Art Deco Period, realizada nos EUA em 2005, e é da autoria do fotógrafo João Francisco Vilhena (n. 1965).

 

Note-se que a imagem original foi registada em película e posteriormente digitalizada, o que afectou a sua qualidade e não reflecte as características que uma impressão em papel fotográfico oferece.

 

Esta peça, que à data integrava a colecção de Clive Gilbert, foi entretanto doada ao Museu de Cerâmica de Sacavém.

 

© MAFLS


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Novembro 04 2013

Fotograma retirado do documentário já referido aqui: http://mfls.blogs.sapo.pt/90354.html

 

SACAVÉM… SEMPRE EM PRIMEIRO PLANO!

  

O actual Ministro da Economia, António Pires de Lima (n. 1962), esteve na semana passada (21 a 25 Outubro) em Londres onde foi entrevistado pela SkyNews e mais tarde por um canal português de televisão. Neste segundo caso, a entrevista teve lugar na Embaixada de Portugal em Londres, tendo a peça passado várias vezes na televisão nacional.

 

O mais curioso é que, como pano de fundo da entrevista, vê-se uma lareira e, por cima da mesma, um relógio de mesa. Ladeando este relógio era possível observar vários (dois de cada lado, salvo erro) oficiais cavaleiros, alusivos ao período da Guerra Peninsular, fabricados pela Sacavém! Como é geralmente sabido, estas peças foram lançadas no mercado na década de 1950, tendo sido concebidas por Leland Gilbert (1907-1979) e modeladas por Armando Mesquita (1907-1982).

 

Este pequeno episódio faz-me lembrar uma palestra que eu dei na sede da Anglo-Portuguese Society, em Canning House, Londres, edifício este a pouca distância da Embaixada de Portugal, em Belgrave Square. A comunicação que apresentei foi sobre os antecedentes britânicos da Sacavém e, consequentemente, entre as várias dezenas de assistentes à palestra apareceram meia dúzia de descendentes do barão Howorth de Sacavém (John Stott Howorth, 1829-1893; barão a partir de 1885), tendo alguns vindo até, propositadamente, da Irlanda, onde residem!

 

Na véspera do acontecimento a minha mulher e eu fomos convidados pelo senhor Embaixador de Portugal para almoçar na Embaixada. Durante o almoço reparei nos tais oficiais cavaleiros da Sacavém e observei que ficava muito satisfeito em os ver ali. Na sequência da conversa sobre a Sacavém e as tais figuras, a senhora Embaixatriz sugeriu que elas poderiam fazer parte da palestra em Canning House, embelezando a mesma. Assim foi, e no dia seguinte lá fui buscar as peças e, com enorme cuidado, transportei-as para o Anglo-Portuguese Society onde, pouco depois, fizeram as delícias de quem esteve presente no evento.

 

No final da palestra fomos convidados para jantar pela família Howorth, mas antes quis devolver os cavaleiros à Embaixada. No entanto, para surpresa minha, a senhora Embaixatriz, que tinha assistido à palestra, insistiu em ser ela própria a levá-los. Pelos vistos, ainda hoje continuam a ser muito bem cuidados!

 

© Clive Gilbert

© MAFLS

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Outubro 01 2013

Fotografia de Leland Gilbert publicada em 1950, na brochura comemorativa do centenário da Fábrica de Loiça de Sacavém.

Agradece-se a Hector Castro a cedência desta imagem, obtida a partir de um exemplar dessa publicação.

  

 O INÍCIO DE UMA CARREIRA NA FLS (XIV)

  

Perante a situação descrita no mês anterior, a Sacavém de certo modo teve alguma sorte pois a evolução económica do país a partir dos anos sessenta permitiu à fábrica aguentar a concorrência das novas empresas, quer na área dos materiais de construção, quer na área da loiça de mesa.

 

No entanto, num aspecto mais abrangente, a evolução tecnológica dos processos e a própria tecnologia do fabrico dos vários produtos cerâmicos estavam a sofrer alterações que, em certa medida, poderiam ser consideradas drásticas. Estas mudanças implicavam processos de fabrico totalmente distintos uns dos outros, embora a prensagem fosse comum a todos.

 

Se, por um lado, o fabrico do azulejo e do mosaico continuava a efectuar-se através da prensagem hidráulica, no caso da loiça sanitária a prensagem veio a realizar-se através do sistema isostático, processo bastante complexo que, na altura, veio a sobrecarregar a Divisão Técnica.

 

Com a reforma de meu pai, Leland Gilbert (1907-1979), no início dos anos setenta, ingressou na empresa, como administrador, Fernando Barros, pessoa que até aquele momento tinha colaborado na reorganização da Sacavém através da sua empresa de assistência, a SANA. Embora tenha conseguido alguns resultados positivos, a sua maneira de estar não agradou ao pessoal da empresa e quando veio o 25 de Abril de 1974 ele foi saneado pela Comissão de Trabalhadores.

 

Nessa altura Leland Gilbert sofreu de um aneurisma e teve de ser operado. No entanto, na véspera da intervenção cirúrgica, inesperadamente, o hospital foi ocupado pelos trabalhadores. Consequentemente, foi necessário arranjar outra solução.

 

Através de contactos na Inglaterra foi possível conseguir uma vaga num hospital que aceitou o seu internamento e onde posteriormente a operação decorreu satisfatoriamente. Embora ainda tivesse voltado uma vez a Portugal, meu pai resolveu ficar a viver no Reino Unido até à sua morte, ocorrida em Janeiro de 1979.

 

© Clive Gilbert

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Setembro 03 2013

© Clive Gilbert

Efígies de Herbert (1878-1962) e Laura Gilbert (1881-1962) modeladas em barro parian por Armando Mesquita (1907-1982). 

 

O INÍCIO DE UMA CARREIRA NA FLS (XIII)


Os investimentos realizados na Sacavém até à década de sessenta permitiram que os materiais de construção (loiça sanitária, azulejos e mosaicos) tomassem a dianteira em termos de vendas globais da empresa.

 

Isto porque o período pós-Guerra veio dinamizar a construção em todo o país. O turismo também veio reforçar o sector da construção civil e, aqui, a Sacavém dominou o fornecimento aos novos hotéis, em particular aos das redes internacionais, tais como Sheraton, Holiday Inn, Hilton e Penta, mas também aos nacionais.

 

Naquela altura as vendas dos materiais da construção civil chegaram a representar cerca de 70% das vendas da empresa (55% para sanitários e 15% para azulejos e mosaicos), enquanto a loiça de mesa representaria 27,5% e a loiça decorativa uns meros 2,5%.

 

Entre o final dos anos sessenta e o princípio dos anos setenta tornou-se óbvio que seria indispensável a Sacavém passar por uma reestruturação, pois o espaço fabril onde se encontrava instalada, pelas razões já explicadas anteriormente, não permitia um desenvolvimento racional.

 

Nesta altura existia uma pequena produção de azulejos (cerca de 500 a 600 metros quadrados por dia) e uma ainda menor produção de mosaico de pavimento, claramente insuficiente perante a crescente procura de loiça sanitária, e uma produção de loiça de mesa com qualidade pouco concorrencial para enfrentar um mercado cada vez mais exigente em termos de qualidade e design.  

 

Perante uma situação destas, que haveria a fazer? Em 1962 morreu Herbert Gilbert, o grande impulsionador da Sacavém nos anos 30 e nos difíceis anos da Segunda Guerra Mundial. O problema da gestão de meu avô era que ele centralizava tudo na sua pessoa, tentando controlar todas as áreas e trabalhando até às duas da manhã.

 

Assim sendo, meu pai Leland Gilbert, seu filho e continuador, concentrara-se num conjunto específico de produtos de loiça decorativa – tais como os cavaleiros medievais, a série de figuras da Guerra Peninsular (Invasões Francesas), as peças em loiça parian e a série Arte Nova, entre outras, que criaram um grande nome à Sacavém no estrangeiro mas pouco ou nada fizeram financeiramente pela empresa, pois a sua produção pouco representava em termos de vendas globais.

 

Como consequência desta situação, os investimentos que se seguiram foram manifestamente insuficientes para garantir um futuro seguro à empresa. Nesta altura, a Sacavém detinha ainda a Fábrica Cerâmica do Carvalhinho, em Vila Nova de Gaia. Esta, adquirida nos anos 30, fabricava azulejos, loiça sanitária e decorativa mas, tal como a Sacavém, também em pequenas quantidades.

 

Numa fase vital para o futuro da empresa, tomaram-se decisões pouco ambiciosas que propiciaram as condições para que se reestruturassem, e viessem a conquistar significativa quota de mercado, algumas empresas concorrentes, tais como a Valadares (1921), de V. N. de Gaia, a Estatuária Artística de Coimbra (1943) e a Ceres (1956), também de Coimbra, nos materiais de construção, ou se fundassem outras, como a SPAL (1965), de Alcobaça, na loiça de mesa.

 

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Agosto 02 2013

As instalações da Fábrica de Loiça de Sacavém em 1929, com o edifício de cimento armado em segundo plano, à esquerda.

Em primeiro plano, os edifícios das antigas olarias e respectivos fornos.

© CDMJA/MCS

 

O INÍCIO DE UMA CARREIRA NA FLS (XII) 

 

Nos finais do século XIX e início do século XX era habitual, sempre que as características do local o permitiam, construir as fábricas de cerâmica em terrenos inclinados para aproveitar esse desnível de forma a transferir a pasta líquida da secção de preparação de pastas para a secção de fabrico de peças. Claro que com a introdução das bombas de trasfega esta situação mudou.

 

No entanto, a implantação original da Sacavém era um pouco incómoda pois a sua eventual expansão só podia ter lugar precisamente através de um terreno que, partindo da linha de caminho-de-ferro e das instalações fabris iniciais, apenas se poderia alargar para uma área que subia em direcção à actual EN10, ou seja, aquela que na altura era a estrada principal de ligação entre Lisboa e o Porto.

 

O crescimento da empresa começou a ter lugar no final dos anos 20, início dos anos 30, do século passado com a construção dos edifícios dos laboratórios, da preparação de pastas e do fabrico dos azulejos e mosaicos.  Já nos anos sessenta foi construído o novo edifício da loiça sanitária, que veio ocupar na parte baixa e nascente da fábrica o local da antiga e original olaria de loiça de mesa.

 

Esta secção havia entretanto sido transferida para um novo edifício junto aos laboratórios, pois o seu destino definitivo era o segundo andar de uma nova estrutura em cimento armado  construída em 1910 e, à época, uma das mais avançadas em termos de edifícios industriais em Portugal. A transferência não foi imediata nem directa pois foi necessário realizar obras de adaptação e consolidação no cimento armado para suportar o peso da nova olaria.

 

Para transportar a loiça em estado cru foi instalado um transportador aéreo desde a olaria temporária até às zonas de cozimento, vidragem, estamparia e aerógrafo, no rés-do-chão do edifício em cimento armado. Mais tarde, o mesmo transportador aéreo serviria para trazer a loiça do segundo andar para o rés-do-chão.

 

Sucintamente, estas foram as principais modificações realizadas nas estruturas fabris e os maiores investimentos realizados, nessa área, durante o período que mediou entre a década de 1920 e a década de 1960.

 

© Clive Gilbert

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