Memórias e Arquivos da Fábrica de Loiça de Sacavém

Abril 20 2013

 

Açucareiro, produzido na Fábrica do Cavaco, em Vila Nova de Gaia, com decoração aplicada sob o vidrado.

 

Notem-se as duas técnicas decorativas distintas – pintura manual para os motivos florais e pintura sobre stencil (chapa recortada) para os corações minhotos.

 

Note-se também alguma semelhança da decoração floral, e sua envolvente, com aquela que se produziu em diferentes regiões do país, nomeadamente em Alcobaça e Coimbra.

 

Finalmente, note-se ainda como a marca desta fábrica, aplicada a stencil, é distinta das outras anteriormente aqui apresentadas (http://mfls.blogs.sapo.pt/tag/f%C3%A1brica+do+cavaco).

 

 

© MAFLS

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Dezembro 11 2011

 

 

Grande prato de parede, com cerca de 36,8 cm. de diâmetro, pintado à mão sob o vidrado e com aplicação de stencil (chapa recortada) na legenda e nos triângulos.

 

Tal como acontece com um exemplar anteriormente reproduzido (cf. http://mfls.blogs.sapo.pt/68510.html), esta será já uma peça da Fábrica Cerâmica do Cavaco, Lda.

 

Havendo adoptado a designação Fábrica Cerâmica do Cavaco, Lda. em 1920, como já foi referido (cf. http://mfls.blogs.sapo.pt/68510.html), a empresa veio a alterar o seu pacto social em 1931.

 

Através dessa alteração, Júlio Teixeira de Queiroz consolidou a sua posição na gestão técnica da empresa e viu consagrada a obrigatoriedade de a sua assinatura ser necessária para corroborar as assinaturas das sócias, D. Isaura Celeste Ramos de Macedo e D. Ana de Sousa Varela de Queiroz, e lhes conferir validade em quaisquer documentos relacionados com os negócios sociais.

 

Conforme também já foi aqui referido (cf. http://mfls.blogs.sapo.pt/90088.html), em 1 de Agosto de 1936 Luciano Pereira Valente constituiu sociedade com António Augusto Fragateiro Júnior e Manuel Rodrigues Ferreira da Costa para adquirir a fábrica, que ficou com um capital social de 15.000$00, equitativamente repartido pelos sócios.

 

Não tendo sido exibida nos E.U.A., esta peça encontra-se a ilustrar, no entanto, um dos textos do único exemplar conhecido do catálogo da exposição Portuguese Ceramics in the Art Deco Period, realizada em 2005.

 

 

© MAFLS

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Março 06 2011

 

Prato em faiança, da Fábrica de Louça das Devezas, em Vila Nova de Gaia, decorado com o motivo Águia, de inequívoca influência japonesa, estampado a cor-de-rosa sob o vidrado.

 

Fundada em 1884 por José Pereira Valente, esta fábrica não deve ser confundida com a Fábrica Cerâmica e de Fundição das Devezas, fundada em 1865 por António Almeida da Costa, embora Pereira Valente tivesse anteriormente trabalhado na empresa de Almeida da Costa.

 

Em 1904 esta empresa passou a adoptar a designação José Pereira Valente, Filhos, sociedade que se veio a dissolver em 1915, aquando da retirada de dois dos quatro herdeiros de José Pereira Valente. Nesse mesmo ano a empresa passou a designar-se Valente & Moreira, com a entrada de um novo accionista, Joaquim Moreira Gandra da Fonseca.

 

Apesar das sucessivas alterações na constituição da sociedade, com a saída de Júlio Pereira Valente, em 1918, e o falecimento de Feliciano Pereira Valente, em 1946, a empresa parece ter sobrevivido até à década de 1960.

 

A família Pereira Valente esteve ainda ligada à Fábrica do Cavaco, pois em 1 de Agosto de 1936 Luciano Pereira Valente constituiu sociedade com António Augusto Fragateiro Júnior e Manuel Rodrigues Ferreira da Costa para adquirir a fábrica, que ficou com um capital social de 15.000$00, equitativamente repartido pelos sócios.

 

Cerca de dois anos depois, em 28 de Novembro de 1938, Luciano Pereira Valente, que desempenhava as funções de gerente técnico, adquiriu a António Augusto Fragateiro Júnior a sua participação nessa empresa.

 

A peça aqui ilustrada pertencerá certamente aos dois primeiros períodos de produção da Fábrica de Louça das Devezas, sendo muito possivelmente do período de 1904-1915.

 

 

 A influência das artes decorativas japonesas que se estendeu à Europa durante o terceiro quartel do século XIX teve também larga expressão na cerâmica.

 

O prato de sobremesa, ou doce, em porcelana não marcada, reproduzido acima é disso exemplo. Pintado à mão, com esmalte em relevo, apresenta decoração muito semelhante àquela que Félix Bracquemond (1833-1914) desenvolveu cerca de 1875 para o famoso Service Parisien, da fábrica francesa Haviland.

 

A representação da maciça solidez do monte Fuji e do seu pico, em segundo plano, projecta por contraste um notável dinamismo à representação da vegetação e da folhagem agitada pelo vento, levando a nossa atenção a centrar-se no movimento da ave de rapina e das suas presas.

 

 

O motivo dinâmico da águia em pleno voo havia já sido consagrado numa famosa xilogravura japonesa do século XIX, mas manteve o seu impacto e simbolismo bem até ao século XX, como se comprova numa gravura de Ohara Shoson (1877-1945).

 

Reproduzida acima, esta imagem criada em 1933 homenageia claramente o seu antecessor e grande mestre da xilogravura japonesa, Utagawa Hiroshige (1797-1858), também conhecido como Ando Hiroshige ou Ichiyūsai Hiroshige.

 

Hiroshige criou diversos conjuntos de gravuras que marcaram a sua arte e consolidaram a sua fama, sendo as séries Famosas Vistas da Capital Oriental (1831), Cinquenta e Três Estações de Tōkaidō (1833-34), Trinta e Seis Vistas do Monte Fuji (1852-1858) e Cem Vistas de Famosos Lugares em Edo (1856-59; de parcial publicação póstuma) as que mais têm sido aclamadas no âmbito das suas gravuras panorâmicas.

  

 

Foi nesta última série que Hiroshige apresentou em 1858 a gravura Juman-tsubo [a planície Jumantsubo, em], Susaki, Fukagawa, posteriormente adaptada e parcialmente reproduzida pela Fábrica de Louça das Devezas.

 

Diversas gravuras desta série utilizam como recurso estilístico representações de pessoas, animais e objectos em primeiro plano, para destacar a paisagem de fundo, e há até uma outra – [A Ilha de] Mikawa, Kanasugi, Minowa, que apresenta um grou em voo picado.

 

No entanto, a hipnotizante composição e a sugestão de dinamismo que emana de Juman-tsubo consagraram-na como uma das mais representativas imagens de sempre da arte japonesa de xilogravura.

 

 

© MAFLS

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Dezembro 04 2010

 

Prato com decoração, pintada à mão e aplicada a stencil (chapa recortada), sob o vidrado.

 

De acordo com o Itinerário da Faiança do Porto e Gaia, publicado pelo Museu Nacional de Soares dos Reis em 2001 e do qual também há uma versão em língua inglesa publicada em 2002, entre as décadas de 1860 e 1870 laborou uma fábrica com a denominação Fábrica do Cavaco, coexistindo com as fábricas do Cavaquinho e do Monte Cavaco, três empresas cujas instalações eram quase contíguas e pertenciam, cada uma delas, a diferentes membros, irmãos, de uma família de apelido Cunha.

 

Atendendo à modelação, à pasta e ao vidrado, o exemplar ilustrado não parece ser do século XIX, pelo que foi provavelmente produzido na fábrica do Monte Cavaco, que existiu até meados do século XX e em 1920 havia já adoptado a designação Fábrica Cerâmica do Cavaco, Lda.

 

 

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