Memórias e Arquivos da Fábrica de Loiça de Sacavém

Setembro 09 2017

 

Busto em terracota, com cerca de 14 cm. de altura,  representando o escritor e pedagogo João de Deus (João de Deus de Nogueira Ramos, 1830-1896).

 

Tal como um outro busto de Guerra Junqueiro (1850-1923) anteriormente apresentado, não ostenta qualquer marca, mas assemelha-se bastante a um busto que, em segundo plano, é possível ver numa fotografia, não datada mas provavelmente da década de 1930, da montra do estabelecimento da Cerâmica Macedo, de Barcelos, que existiu na Póvoa de Varzim entre 1935 e 1951.

 

Veja-se o referido busto de Guerra Junqueiro, que provavelmente será oriundo da mesma fábrica ou oficina, aqui: http://mfls.blogs.sapo.pt/outras-fabricas-outras-loicas-cccxxxiv-384583.

 

© MAFLS

publicado por blogdaruanove às 21:01

Setembro 01 2017

 

Conjunto de figuras em terracota pintada, com cerca de 13,4 cm. de altura, sem qualquer marca visível.

 

Trata-se, obviamente, de uma réplica das famosas figuras Hümmel comercializadas pela fábrica alemã Goebel, que, em Portugal, foram também integralmente reproduzidas, ou mesmo adaptadas, quer em faiança quer em porcelana (cf. http://mfls.blogs.sapo.pt/tag/h%C3%BCmmel).

 

É muito provável que estas figuras em terracota moldada tenham sido produzidas numa das fábricas, ou oficinas, de Coimbra, como a Estatuária, A Moderna Industrial Decorativa ou A Nova Decorativa.

 

© MAFLS

publicado por blogdaruanove às 21:01

Abril 16 2017

 

Jarra em terracota, com cerca de 21,3 cm. de altura, produzida na Cerâmica Macedo, Barcelos.

 

A decoração floral de inspiração Art Déco foi aplicada a aerógrafo sobre stencil (neste caso, cartão ou chapa recortada) para o amarelo, azul, verde e vermelho, e aplicada livremente para o preto e o fundo beige.

 

Sendo louça com fins decorativos, mas também utilitários, a interessante e extensa produção da Cerâmica Macedo sobreviveu em ínfimas quantidades até aos dias de hoje e, como se verifica neste e na maioria desses reduzidos exemplares, em condições de grande deterioração da pintura.

 

Este problema técnico, que afectou também as grandes fábricas de faiança produtoras de decoração sobre o vidrado, como a FLS, acentuava-se na decoração sobre terracota.

 

Embora a Cerâmica Macedo submetesse as suas peças a um banho impermeabilizante antes de aplicar as tintas, o processo de escamagem acentuava-se na terracota com a passagem do tempo, mesmo sem que as jarras recebessem água no seu interior.

 

 

De acordo com Adélio Macedo Correia (n. 1943), a Fábrica de Cerâmica Joaquim Macedo Correia foi fundada em 1893, em Areias de S. Vicente, embora Joaquim Macedo Correia (1871-1948) provavelmente já viesse a produzir cerâmica desde o início dessa década.

 

Exportando, na década de 1920, para todo o país, incluindo Madeira, e Espanha, a fábrica veio a denominar-se Cerâmica Macedo entre 1930 e 1949, difícil período, que se seguiu ao crash bolsista de 1929 e foi afectado quer pela Guerra Civil de Espanha (1936-1939) quer pela II Guerra Mundial (1939-1945), em que a administração passou a ser exercida pelo filho do fundador, o modelador e escultor cerâmico João Macedo Correia (1908-1987).

 

Apesar daquelas adversidades, datam deste período as inovações técnicas na decoração, nomeadamente a utilização do aerógrafo e do stencil, a adopção da gramática Art Déco e ainda a abertura de uma loja na Póvoa de Varzim, em 1935. 

 

Como já foi referido, a Cerâmica Macedo encerrou as suas últimas instalações, no Campo de S. José, Barcelos, em 1950. A loja da Póvoa de Varzim acabou por fechar em 1951.

 

João Macedo Correia, que entretanto, entre 1945 e 1947, dera muito de si e da sua experiência para implementar o projecto e evitar o malogro da efémera Fábrica de Loiça de Viana, ainda continuou em Barcelos a sua produção, de forma artesanal, durante as duas décadas seguintes.

 

 

© MAFLS

publicado por blogdaruanove às 21:01

Agosto 27 2016

 

Quadrinho em terracota pintada, com cerca de 12,4 x 12,4 cm. e 1,4 cm. de altura de rebordo, produzido na fábrica Cerâmica Macedo, de Barcelos.

 

Ilustrando um movimento da dança popular denominada Rosa Branca, este motivo insere-se numa representação folclórica que, retomando e adaptando as representações de motivos e costumes nacionais e regionais exaltados pelos românticos desde início do século XIX, se iniciou em Portugal na década de 1920 e teve o seu apogeu entre as décadas de 1930 e 1960.

 

Esta representação tem vindo a ser pontualmente referida neste espaço (http://mfls.blogs.sapo.pt/tag/folclore) e também MUONT (http://modernaumaoutranemtanto.blogspot.pt/2016/07/jarra-e-azulejo-o-vira-marinha-grande-e.html) a abordou recentemente.

 

É, aliás, a propósito daquela recente publicação que aqui se volta ao assunto, para divulgar o nome de mais uma designer que seguiu esta tendência na Cerâmica Macedo, fábrica barcelense que operou entre 1930 e 1949, nas instalações de Areias, e ainda em Campo de S. José, tendo estas últimas encerrado em 1950.  

 

Segundo Adélio Macedo Correia, filho do ceramista João Macedo Correia (1908-1987) e autor do estudo Cerâmica Macedo, Barcelos, depois de encerrar aqueles espaços seu pai manteve ainda um pequeno estúdio, anexo a sua casa, até meados da década de 1970.

 

Ainda de acordo com Adélio Macedo Correia, foi aí, já na década de 1950, que seu pai começou a produzir, entre outras peças, estes quadrinhos, cujos cerca de trinta diferentes motivos se devem a uma estudante de pintura da Escola Superior de Belas Artes do Porto, conhecida apenas pelo nome de Maria Inês.

 

Voltaremos a abordar a injustamente esquecida produção da Cerâmica Macedo, a qual chegou a estar representada na Exposição do Mundo Português, em 1940, e teve a sua memória recuperada por ocasião da exposição A Cerâmica Portuguesa no Período Art Déco, realizada em 2005, nos EUA, onde se exibiu uma pequena jarra que será aqui posteriormente reproduzida.

 

 

© MAFLS

publicado por blogdaruanove às 21:01

Agosto 31 2014

 

Pequena placa, com cerca de 6,4 x 2,7 cm., em argila vermelha brunida, de homenagem a Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905).

 

Modelada pelo seu discípulo Francisco Elias (1869-1937), como se verifica pela assinatura inscrita sob o busto, apesar de a data do sarau ser de 22 de Abril de 1906, esta parece ter sido uma peça evocativa dos 60 anos de nascimento de Rafael Bordalo Pinheiro, efeméride que decorrera a 21 de Março de 1906.

 

Para outras breves referências a Francisco Elias veja-se: http://mfls.blogs.sapo.pt/tag/francisco+elias.

 

 

© MAFLS

publicado por blogdaruanove às 21:01

Setembro 15 2013

     

 

Figura moldada em terracota patinada, com cerca de 25,7 cm. de altura, apresentando uma réplica da célebre escultura clássica denominada Vénus de Milo, produzida pela fábrica Moderna Industrial Decorativa, de Coimbra.

 

Esculpida originalmente em mármore, cerca de 130-100 A.C., esta figura hoje incompleta, com cerca de 203 cm. de altura, é atribuída a Alexandros de Antioquia (datas desconhecidas) e integra o acervo do Museu do Louvre, em Paris (http://www.louvre.fr/accueil).

 

Imagem extremamente popular ao longo dos últimos dois séculos, paradigma da arte clássica greco-latina e termo de comparação para os novos paradigmas modernistas do século XX – "O binómio de Newton é tão belo como a Vénus de Milo", afirmou Fernando Pessoa (1888-1935; http://arquivopessoa.net/textos/224), esta escultura tem sido reproduzida em diversos formatos e diferentes materiais.

 

Como exemplo dessa produção diversificada, apresenta-se abaixo um pequeno sinete, com cerca de 7 cm. de altura, em vidro moldado, possivelmente também de manufactura portuguesa, embora se conheça uma outra peça similar que ostenta uma etiqueta, em papel metalizado, da antiga Checoslováquia.

 

          


No final deste artigo pode ver-se a etiqueta que acompanha a figura em terracota, MID 2, que nos permite já começar a ensaiar uma sistematização da cronologia e das marcas desta fábrica.

 

Ao contrário do que acontece com as peças da primeira fase (http://mfls.blogs.sapo.pt/154589.html), talvez porque a patine também se estende à base, contribuindo assim para uma eventual obliteração ou ilegibilidade das marcas na pasta, parece que a produção posterior desta fábrica tende a apresentar exclusivamente uma etiqueta identificativa da sua origem, sem qualquer marca impressa ou incisa na pasta.

 

Esta opção, como é óbvio, prejudica uma posterior e precisa identificação das peças oriundas da Moderna Industrial Decorativa, pois, ao contrário das marcas impressas ou incisas, a maioria das etiquetas dificilmente sobrevive à passagem do tempo.

 

A propósito de mais esta peça da MID, aproveita-se a oportunidade para reproduzir abaixo uma fotografia datável da década de 1940 (também já publicada por Maria Andrade no seu espaço: http://artelivrosevelharias.blogspot.pt/2012/05/moderna-industrial-decorativa-de.html) onde surgem retratados os trabalhadores desta unidade cerâmica coimbrã.

 

© Ana Maria Caetano

 

Cedida por Ana Maria Caetano (veja-se um blog de sua autoria aqui: http://rdqntnadaquefazer.blogspot.pt/), a quem se agradece a amabilidade, esta fotografia apresenta ao centro, na última fila, envergando uma bata branca, seu avô Francisco Caetano Ferreira (1908-1987), um dos fundadores da empresa e seu responsável artístico, cargo que provavelmente desenvolveria em conjunto com o desenhador Carlos dos Reis (datas desconhecidas).

 

Francisco Caetano Ferreira modelou diversas peças cerâmicas, dentro e fora da MID, colaborando posteriormente, segundo declarações desta sua neta, com a Companhia da Fábricas Cerâmica Lusitânia, quer na unidade de Coimbra quer na unidade do Porto.

 

É possível, pois, que algumas das peças escultóricas da Lusitânia de Coimbra sejam de sua autoria, havendo também notícia de que modelou um presépio produzido pela MID e exibido, no início da década de 1950, no posto de turismo do Largo da Portagem, em Coimbra.

 

Finalmente, sublinhe-se como é curioso o facto de esta peça ser da MID, quando o logótipo da fábrica A Nova Decorativa, também de Coimbra, é que ostenta o busto da Vénus de Milo (http://mfls.blogs.sapo.pt/tag/f%C3%A1brica+a+nova+decorativa).

 

Não se conhecendo dados sobre a fundação ou encerramento de A Nova Decorativa, nem dados sobre a data de encerramento da Moderna Industrial Decorativa, esta coincidência faz-nos reflectir sobre a hipótese de estas duas fábricas estarem de algum modo relacionadas, eventualmente através de alguns sócios da MID que tenham vindo a fundar a AND, ou mesmo sobre o facto de a AND ter sucedido à MID.

 

     

MID 1                                               MID 2

 

© MAFLS

publicado por blogdaruanove às 21:01

Agosto 10 2013

 

Medalha em terracota relevada, com cerca de 5,7 x 3,8 x 0,8 cm., ostentando o antigo brasão de Reguengos de Monsaraz no anverso e a legenda REGUENGOS / 15 / DE AGOSTO DE / 1922 no reverso. 

 

Recuperada com outro formato durante as duas últimas décadas, a concorrida feira de Agosto, em Reguengos de Monsaraz (http://www.cm-reguengos-monsaraz.pt/pt), ecoa uma tradição com muitas mais décadas no concelho e na região do Alto Alentejo.

 

É possível que esta medalha, cuja gramática formal, muito característica das últimas décadas do século XIX e das primeiras do século XX, também se encontra noutras regiões portuguesas, como as Caldas da Rainha (http://mfls.blogs.sapo.pt/125187.html) e Estremoz, tenha sido produzida numa olaria da região de Reguengos de Monsaraz.

 

Contudo, da Olaria Alfacinha, em Estremoz, cujas origens remontam ao século XIX, conhecem-se algumas medalhas semelhantes – uma datada de 1933 e alusiva às Festas de Estremoz, outra datada de 26 de Setembro de 1970 e alusiva à inauguração da Pousada de Santa Isabel.

 

De acordo com o já citado opúsculo Cerâmica Portuguesa (1931), a Olaria Alfacinha terá sido fundada em 1881. Permaneceu na posse da família até 1987, acabando por encerrar em 1995 (cf. http://museuestremoz.wikia.com/wiki/Fam%C3%ADlia_Alfacinha).

 

Assim, esta medalha alusiva a Reguengos de Monsaraz poderia também ter sido produzida nessa olaria embora, ao contrário desta, as duas medalhas anteriormente referidas apresentem no anverso a alusão ao evento e no reverso apenas a marca Olaria Alfacinha.

 

 

© MAFLS

publicado por blogdaruanove às 21:01

Maio 18 2013

 

Figura de lavradeira minhota, em terracota pintada, apresentando a inscrição "Lembrança de Viana do Castelo" na base. Com cerca de 12,8 cm. de altura esta peça não ostenta qualquer marca.

 

Ao contrário do que acontece com a maioria das peças das áreas de Alcobaça e Coimbra, esta apresenta-se modelada em barro vermelho, sendo possivelmente originária da região de Barcelos.

 

No entanto, a grande qualidade da modelação e a minúcia da pintura permitem também supor que esta possa ser uma peça das fábricas, ou oficinas, de Coimbra.

 

Estas figuras com trajos regionais eram extremamente populares durante o terceiro quartel do século XX e surgiam com frequência não só em lojas de recordações como em algumas feiras.

 

© MAFLS

publicado por blogdaruanove às 21:01

Maio 04 2013

 

Caixa em terracota, com cerca de 5,1 cm. de altura e 12,6 cm. de diâmetro, decorada em relevo com putti ostentando instrumentos musicais.

 

Esta peça não apresenta qualquer marca, mas a faixa e a filetagem pintadas sobre a argila vermelha remetem claramente para as peças de terracota comercializadas em feiras e lojas portuguesas durante o terceiro quartel do século XX.

 

© MAFLS

publicado por blogdaruanove às 21:01

Fevereiro 23 2013

 

Jarra cilíndrica em terracota patinada a verde.

 

Ostenta uma representação de Jesus Cristo e outra, aqui ilustrada, de S. Pedro. Esta peça encontra-se assinada na base, de forma pouco legível, "A... (?) Cândido  (?)".

 

 

© MAFLS

publicado por blogdaruanove às 20:51

mais sobre mim
Setembro 2023
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2

3
4
5
6
7
8
9

10
11
12
13
14
15
16

17
18
19
20
21
22
23

24
25
26
27
28
29
30


arquivos

Setembro 2023

Setembro 2022

Setembro 2021

Setembro 2020

Setembro 2019

Agosto 2019

Julho 2019

Junho 2019

Maio 2019

Abril 2019

Março 2019

Fevereiro 2019

Janeiro 2019

Dezembro 2018

Novembro 2018

Outubro 2018

Setembro 2018

Agosto 2018

Julho 2018

Junho 2018

Maio 2018

Abril 2018

Março 2018

Fevereiro 2018

Janeiro 2018

Dezembro 2017

Novembro 2017

Outubro 2017

Setembro 2017

Agosto 2017

Julho 2017

Junho 2017

Maio 2017

Abril 2017

Março 2017

Fevereiro 2017

Janeiro 2017

Dezembro 2016

Novembro 2016

Outubro 2016

Setembro 2016

Agosto 2016

Julho 2016

Junho 2016

Maio 2016

Abril 2016

Março 2016

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Dezembro 2015

Novembro 2015

Outubro 2015

Setembro 2015

Agosto 2015

Julho 2015

Junho 2015

Maio 2015

Abril 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

pesquisar