Os dois volumes intitulados Notas sobre Portugal publicados por ocasião da Exposição Nacional do Rio de Janeiro em 1908 pretendiam apresentar ao longo das suas mais de 1200 páginas uma visão abrangente do país.
Ao longo das dezenas de capítulos, subcapítulos e mais de uma dezena de mapas, alguns apresentando características tão curiosas como o "indice cephalico medio" e o"indice nasal medio" da população portuguesa, surgem alguns parágrafos relativos às diversas indústrias nacionais.
De entre essa multiplicidade de inevitáveis caracterizações superficiais da indústria transcrevem-se os três parágrafos dedicados à cerâmica, constantes do capítulo intitulado A Evolução da Indústria Portuguesa:
"A ceramica aperfeiçoa-se. Funda-se em 1824 a fabrica de porcelana da Vista Alegre, e em 1856 a grande fabrica de pó de pedra, em Sacavem.
Começam a introduzir-se melhoramentos na ceramica de construcção, mas a faiança ordinaria continua as antigas tradições, e até as rusticas e originalissimas formas primitivas nos seus productos.
Algumas fabricas de Lisboa, como a das Janellas Verdes [Cerâmica Constância], em 1842 e a do Intendente [Viúva Lamego], em 1849, logram uma certa celebridade, mas não attingem as perfeições dos productos do Rato.",
Este incompletíssima caracterização da indústria cerâmica portuguesa, da autoria de J. de Oliveira Simões (datas desconhecidas), apresenta contudo um interessante pormenor - o facto de a data de 1856 ser já apontada em 1908 como a data efectiva de fundação da FLS, ao contrário da mítica data de 1850 que veio a ser posteriormente veiculada pela própria empresa.
Refira-se ainda que a FLS esteve representada nesta exposição, onde foi galardoada com um Grande Prémio, tal como se indica na primeira página do catálogo de Preços Correntes da Real Fabrica de Louça em Sacavém - Azulejo, de Agosto de 1910.
Edifíco complementar do Pavilhão de Portugal, que se pode observar à direita, dedicado às Belas-Artes.
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