Conjunto de pequenos azulejos, lambrilhas, decorados a stencil (chapa recortada) sob o vidrado.
Com cerca de 6,3 cm. de lado, estas lambrilhas não apresentam qualquer marca no tardoz. Sabe-se, contudo, que a fábrica Viúva Lamego executou dezenas de peças semelhantes a estas para o revestimento do pavilhão de Portugal na Exposição Internacional de Paris, realizada em 1937.
Os motivos das lambrilhas apresentadas nessa exposição de 1937, no âmbito da acção do S.P.N. e do seu mentor, António Ferro (1895-1956), deveram-se, entre outros, a Carlos Botelho (1899-1982), Paolo Ferreira (1911-1999), Fred Kradolfer (1903-1968), Bernardo Marques (1899-1962), Emérico Nunes (1888-1968) e Tom (1906-1990).
A propósito da obra do S.P.N./S.N.I. e da apresentação dessas peças na exposição de 1937, declarou António Ferro no opúsculo Apontamentos para uma Exposição (1948), que transcreve o seu discurso pronunciado a 29 de Janeiro desse ano:
"(...) É uma obra, pois, difícil de conceber no seu conjunto (este ou aquele viu isto mas não chegou a saber daquilo...) obra que os seus próprios criadores não conseguem, às vezes, abraçar e chega até a influenciar os que a negam ou combatem sem já saberem porque preferem agora a jarra de Estremoz ao triste solitário, o azulejinho de motivos populares – que apareceu, pela primeira vez, no Pavilhão de Paris –, ao azulejo banalmente floreado, a fingir antigo, a Pousada diferente ao hotel qualquer, a montra-moldura à montra-armazém, a edição certa, harmoniosa à edição horrenda de catálogo barato, etc., etc., etc., (os etc. etc., aqui, não são mascarados pontos finais: onde se diz etc., poderia sempre dizer-se alguma coisa...)."
Anúncio publicado na revista Panorama número 13, III série, de Março de 1959.
Provavelmente, a aplicação de lambrilhas semelhantes terá também ocorrido no pavilhão português da Exposição de Nova Iorque, em 1939, onde estiveram Botelho, Kradolfer e Marques (cf. http://blogdaruanove.blogs.sapo.pt/421144.html), nos diversos pavilhões da Exposição do Mundo Português, realizada em Lisboa no ano seguinte, e no Museu de Arte Popular (http://www.map.imc-ip.pt/pt/index.php), edifício remanescente deste último evento que veio a ser reinaugurado em 1948.
Estes foram motivos recorrentes na arquitectura de interiores durante as duas décadas seguintes, pelo que outros artistas, designers e decoradores de interiores se juntaram àquela lista inicial, havendo notícia que Lucien Donnat (nasceu c.1922), por exemplo, já na década de 1940 se poderia incluir nela.
A popularidade destes motivos é ainda atestada através da produção de lambrilhas semelhantes por outras fábricas, como a Aleluia, de Aveiro (cf. http://blogdaruaonze.blogs.sapo.pt/tag/lambrilha).
Nas páginas 62 e 63 do livro O Azulejo em Portugal no Século XX (2000) encontra-se reproduzido um painel depositado no Museu Nacional do Azulejo (http://mnazulejo.imc-ip.pt/) com 152 lambrilhas semelhantes a estas, uma das quais apresentando a data de 1942.
Quatro desses motivos existentes no MNA encontram-se também a ilustrar o anúncio de 1959 reproduzido acima. Contudo, nenhuma dessas 152 lambrilhas é igual às sete que aqui se apresentam.
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