Grande prato de parede, medindo cerca de 29 cm. de diâmetro, com decoração pintada à mão e alguns contornos acentuados a sgraffito.
Conforme já foi referido anteriormente, nesta técnica, a pasta, depois de pintada, é riscada ou raspada para expôr a(s) camada(s) inferior(es) e conferir relevo ao trabalho final.
Esta peça encontra-se assinada e datada, na frente, a sgraffito, J P 51, apresentando ainda assinatura e data manuscrita a tinta preta, no verso.
Embora estilisticamente o traço também recorde a obra de Alice Jorge (1924-2008) e de Cipriano Dourado (1921-1981), é muito provável, tal como as iniciais sugerem, que este prato seja do início da fase cerâmica do consagrado pintor Júlio Pomar (n. 1926; http://www.cam.gulbenkian.pt/index.php?article=59984&visual=2&langId=1&ngs=1&back=P).
Durante os anos de 1955 a 1957 Pomar executou diversos trabalhos, em diferentes formatos e com diferentes técnicas, na fábrica Secla, das Caldas da Rainha, depois de eventualmente ter também produzido algumas peças na já aqui mencionada Cerâmica Bombarralense (1944-1954; cf. http://mfls.blogs.sapo.pt/149743.html).
É possível que este exemplar tenha sido executado nesta última fábrica, apesar de a sua pasta branca ser distinta da pasta (amarelada ou alaranjada) usada na maioria dos trabalhos da Cerâmica Bombarralense. Conhecem-se, contudo, muitos pratos desta fábrica executados em pasta branca.
As iniciais esgrafitadas nesta peça são estilisticamente muito semelhantes às iniciais esgrafitadas num prato da Secla, realizado por Pomar em 1956, o qual se encontra reproduzido no catálogo da exposição Estúdio Secla: Uma renovação na cerâmica portuguesa, realizada em 1999 no Museu Nacional do Azulejo.
Uma peça de Júlio Pomar que, estilistica e tecnicamente, se assemelha ainda mais a esta, o prato "A simples espinha sugere...", também datado de 1951 e assinado com iniciais muito semelhantes, integra o acervo do Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca de Xira (http://www3.cm-vfxira.pt/PageGen.aspx?WMCM_PaginaId=30542#.UOmsBOSIGSo).
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