Jarra em faiança da Cerâmica Bombarralense, Limitada, com cerca de 26,6 cm. de altura, pintada à mão sob o vidrado. O número manuscrito 136, que se encontra também impresso na pasta, parece corresponder ao formato e não ao motivo.
Estabelecida por escritura de 18 de Fevereiro 1944, que declara estar a C. B. L. "destinada ao fabrico de louça doméstica, artística e azulejos", tinha como seu capital inicial a quantia de 60.000$00.
De acordo com o Diário do Governo, de onde se retiraram as informações anteriores, o capital social da empresa estava distribuído por três parcelas de 20.000$00, em nome de José Luiz de Barros, Joaquim Amador Maurício e Jorge de Almeida Monteiro.
O grande dinamizador da fábrica foi este último, que exercia as funções de director técnico, e embora a produção se centrasse em modelos que evocavam gramáticas decorativas de outros séculos, como esta jarra ilustra, e insistisse num azul reminiscente daquele que se aplicava em Alcobaça, há notícia de a Cerâmica Bombarralense ter conseguido estabelecer durante algum tempo um núcleo experimental de cerâmica contemporânea, onde alguns ceramistas, escultores e pintores poderão ter criado, pontualmente, algumas peças.
Nesse período, Jorge de Almeida Monteiro terá recebido na empresa a visita de diversos artistas plásticos que então iniciavam a sua carreira, e haveriam de se consagrar posteriormente, como os pintores e gravadores Júlio Pomar (n. 1926; cf. http://www.cam.gulbenkian.pt/index.php?article=59984&visual=2&langId=1&ngs=1&back=P) e Alice Jorge (1924-2008; cf. http://pt.wikipedia.org/wiki/Alice_Jorge), e escultores e ceramistas com obra já reconhecida, como Maria Barreira (1914-2010) e seu marido, o bombarralense Vasco Pereira da Conceição (1914-1992; cf. http://vlapy.no.comunidades.net/index.php.).
Entre a sua fundação e cerca de 1948, e ainda no princípio da década seguinte, a Cerâmica Bombarralense contou também com o contributo do então jovem aprendiz Ferreira da Silva (n. 1928; cf. http://www.cidadeimaginaria.org/cer/FerreiradaSilva.pdf e http://mfls.blogs.sapo.pt/tag/ferreira+da+silva).
Segundo João B. Serra (http://www.cidadeimaginaria.org/cer/hcer.htm), a empresa acabou por encerrar em 1954, na sequência de um incêndio.
© MAFLS