Estatueta representando um soldado do 95.º Regimento de Infantaria (Britânico).
Modeladas por Armando Mesquita (1907-1982), estas estatuetas, alusivas às Invasões Francesas e aos exércitos que tomaram parte na Guerra Peninsular, surgiram em duas séries.
A primeira surgiu em finais de 1945 e apresentava as seguintes peças, num total de quinze – "407, Oficial Caçadores 2; 407a, Soldado Caçadores 2; 408, Oficial Caçadores 7; 408a, Soldado Caçadores 7; 409, Oficial Infantaria 19; 409a, Soldado Infantaria 19; 410, Oficial Infantaria 6; 410a, Soldado Infantaria 6; 411, Cabo 18.º – Brigada Ordenança; 412, Servente Artilharia 1; 413, Oficial Escocês; 413a, Soldado Escocês; 414, Oficial Infantaria Britânico; 414a, Soldado Infantaria Britânico; 415, Soldado Caçadores Britânico".
Na tabela de Novembro de 1945 os oficiais surgiam a 200$00 e o cabo, soldados e servente a 175$00, para "Colorido s/ ouro". Na tabela de Maio de 1951 os preços já eram de 230$00 e 200$00, respectivamente, para "Côres Mates ou coloridos s/ ouro". Na tabela de Maio de 1960 os preços de 1951 mantinham-se, para "Vidros cores s/ dec. Branco col. c/ ouro Pint. mod. s/ ouro". No exemplar desta última tabela existente no CDMJA o peso indicado para cada peça é de 180 gramas.
A segunda série, que já incluía militares franceses, surgiu em finais de 1951, ou princípios de 1952, com as seguintes peças, num total de dez – "549/1, Oficial Regimento 14 de Dragões; 549/2, Soldado Voluntários Reais do Comércio; 549/3, Oficial Regimento Scots Grey; 549/4, Soldado Legião de Alorna; 549/5, Oficial do Regimento Life Guards; 549/6, Oficial Cavalaria 2; 549/7, Oficial Cuirassier; 549/8, Oficial Colonel General; 549/9, Oficial La Grande Armée; 549/10, Oficial Colonel".
Na tabela de Maio de 1960 todas estas peças surgem a 550$00, com excepção da peça 549/10, que surge a 750$00, para "Vidros cores s/ dec. Branco col. c/ ouro Pint. mod. s/ ouro". O peso de cada peça, indicado no exemplar desta tabela existente no CDMJA, é no entanto variável – 1,500 gramas para as 549/1 e 549/3; 1,220 para a 549/7; 1,150 para as 549/5 e 549/10; 1,120 para a 549/8; 1,100 para a 549/2; 1,070 para a 549/4; 1,050 para a 549/6 e 990 gramas para a 549/9.
A diferença de peso e de preço entre as séries deve-se ao facto de a primeira apresentar figuras apeadas e a segunda figuras a cavalo.
Exemplar do acervo do Museu Municipal Leonel Trindade, Torres Vedras, que possui 14 peças destas séries. Integradas no núcleo 1, Não Passarão! A Importância das Linhas de Torres Vedras para a Defesa de Lisboa, da exposição 1807-1814, Guerra Peninsular, Comemorações do Bicentenário das Linhas de Torres Vedras, estas 14 peças poderão ser vistas no museu até Novembro de 2012.
Outros exemplares destas duas séries produzidas pela FLS, bem como das duas que se lhes seguiram – Cavaleiros Medievais e Uniformes do Século XVIII, podem ser encontrados no Museu Militar (onde actualmente apenas há um cavaleiro medieval em exibição), em Lisboa, e no Museu do Buçaco. No entanto, segundo Clive Gilbert, o conjunto mais completo destas estatuetas encontrar-se-á numa colecção privada dos EUA.
Uma análise comparativa das duas peças aqui reproduzidas permite encontrar diversas diferenças entre o modelo original (primeira imagem) e o modelo posterior – para além da alteração da posição da baioneta amovível, em prata, que se encontrava inicialmente na parte exterior da espingarda, a figura original sofreu, entre outras, alterações no rosto, na posição do polegar da mão esquerda, na posição das pernas, que passaram a estar mais unidas, no consequente distanciamento dos pés e da coronha da espingarda e na própria base, que passou a incluir informações sobre a patente, a unidade do militar representado e, nalguns casos, o ano a que o uniforme respeitava.
Além disso, é importante notar que a peça original não está pintada a ouro, como acontece com a versão posterior.
O facto de a estatueta do modelo original, aqui apresentada, pesar cerca de 225 gramas, e não os 180 indicados na tabela de 1960, e ter a assinatura, A. Mesquita, e a data, 1945, incisas na pasta permite-nos conjecturar que esta imagem teria sido um protótipo ou então uma peça de tiragem limitada.
Note-se, finalmente, que a VA havia começado já em 1943 a produção de estatuetas em porcelana representando militares da Guerra Peninsular, peças essas que foram modeladas por Américo Gomes (datas desconhecidas).
Em 14 de Março de 1944, uma estatueta de Voluntário Real do Comércio produzida pela VA custava 180$00. Na VA o preço de venda era calculado multiplicando por 10 o preço de custo, que neste caso havia sido de 19$00. Verificou-se, assim, uma redução de 10$00 para colocação da peça no mercado.
Este valor evidencia um preço de venda semelhante para as peças da VA e da FLS, visto que em 1945 as peças desta última fábrica custavam entre 175$00 e 200$00. As dimensões são também semelhantes, tendo as peças originais e apeadas da FLS cerca de 2 a 3 centímetros mais que as da VA, as quais apresentam uma altura média de 21 centímetros.
Storming of the Centre Pass at Rolica. Gravura de meados do século XIX, executada por J. T. Willmore (datas desconhecidas) e impressa por A. H. Baily & Co., Londres, a partir de uma pintura da autoria de A. Cooper (Abraham Cooper, 1787-1868).
O primeiro grande embate da Guerra Peninsular a ter lugar em Portugal foi a batalha da Roliça, que ocorreu a 17 de Agosto de 1808 e resultou na retirada das tropas francesas.
Por parte do exército Anglo-Português, participaram nesta batalha seis brigadas inglesas, que incluíam tropas dos 5.º, 6.º, 9.º, 29.º, 32.º, 36.º, 38.º, 40.º, 45.º, 50.º, 60.º, 71.º, 82.º, 91.º e 95.º Regimentos de Infantaria, do 20.º Regimento de Cavalaria Ligeira e de Artilharia, e o destacamento português, que incluía tropas dos 12.º, 21.º e 24.º Regimentos de Infantaria, dos Caçadores do Porto, dos 6.º, 11.º e 12.º Regimentos de Cavalaria e do Regimento de Cavalaria de Polícia de Lisboa.
Por parte do exército francês, participaram tropas dos 2.º, 4.º e 70.º Regimentos de Infantaria, do 4.º Regimento de Infantaria Suíça, do 26.º Regimento de Caçadores a Cavalo e de Artilharia.
Poucos dias depois, a 21 de Agosto, travou-se mais a sul a batalha do Vimeiro. As derrotas das forças napoleónicas nestas duas batalhas conduziram à assinatura da Convenção de Sintra, efectuada a 30 de Agosto, que pôs termo à primeira invasão francesa.
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