Pequena taça em faiança, decorada à mão sob o vidrado.
Acompanhando as aproximações inovadoras que a fábrica Secla trouxera à cerâmica das Caldas da Rainha durante a década de 1950, a fábrica Belo desenvolveu decorações que se encontravam em plena sintonia com as novas tendências da cerâmica escandinava, e internacional, do pós-guerra, mantendo contudo uma inequívoca ligação aos formatos tradicionais.
Curiosamente, este constante esforço de actualização das fábricas das Caldas da Rainha veio a resultar num movimento exportador para a Escandinávia, durante a década de 1960, protagonizado pela produção cerâmica desta cidade mas também pela de Alcobaça.
Taça modelada e decorada por Stig Lindberg (1916-1982), para a fábrica sueca Gustavsberg.
Comparativamente à taça produzida pela fábrica Belo, nesta peça destaca-se o tratamento mais ousado e inovador da forma que, no entanto, apresenta uma intervenção decorativa muito semelhante à da peça portuguesa.
Stig Lindberg foi um mais criativos designers escandinavos do pós-guerra, transmitindo à produção cerâmica da fábrica Gustavsberg um novo alento. Tendo iniciado a sua carreira na empresa em 1937, enquanto pupilo de Wilhelm Kåge (1889-1960), Lindberg manteve-se ligado à mesma até 1980, ano em que decidiu criar um estúdio em Itália.
Lindberg ladeado por Kåge (à esquerda) e Friberg. Do álbum Beauty in the Making (1947).
Na sequência das inovações que Kåge havia introduzido nas décadas anteriores, a obra de Lindberg, em conjunto com a de Kåge e de Berndt Friberg (1899-1981), contribuiu para que a Gustavsberg se continuasse a manter na vanguarda do design e da produção cerâmica mundial.
Vejam-se duas peças de Kåge aqui: http://blogdaruaonze.blogs.sapo.pt/78448.html.
É muito pouco provável que a decoração da peça produzida na fábrica Belo seja semelhante à da peça sueca por simples acaso, parecendo evidente que esta seguiu a gramática decorativa desenvolvida por Lindberg.
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