Memórias e Arquivos da Fábrica de Loiça de Sacavém

Maio 15 2011

 

 

Prato em faiança da Fábrica da Corticeira, Porto, recortado e pintado à mão sob o vidrado.

 

Sobre esta fábrica a bibliografia é escassa, sabendo-se muito pouco quer sobre a sua administração quer sobre as suas datas de actividade, embora pareça que terá funcionado até à década de 1960.

 

O Itinerário da Faiança do Porto e Gaia, publicado em 2001 pelo Museu Nacional Soares dos Reis, dedica-lhe este curto parágrafo, repleto de incertezas e de uma marcante frase no condicional:

 

"Desta fábrica quase nada sabemos, apenas que teria ficado a laborar em parte das instalações abandonadas [em 1923] pela fábrica do Carvalhinho, na [Calçada e Rua da] Corticeira, sob a direcção do industrial António Silva, passando posteriormente a um funcionário, António Pereira da Silva."

 

A data de início da sua laboração é desconhecida, devendo no entanto notar-se que nem o opúsculo Cerâmica Portuguesa (1931), integrado na colecção Patrícia dirigida por Albino Forjaz de Sampaio (1884-1949), nem a conferência de um especialista na área, J. T. Ferreira Pinto Basto (1870-1953), intitulada A Cerâmica Portuguesa, proferida em 20 de Dezembro de 1934 e publicada no ano seguinte, mencionam a existência desta fábrica.

 

 

Nesta fotografia, inédita, do século XIX pode-se observar, do centro para a direita, o espaço que corresponde hoje à Alameda das Fontaínhas e logo abaixo, na encosta que desce para o rio Douro, parte das edificações originais da fábrica do Carvalhinho, contíguas à Rua da Corticeira e à antiga Calçada da Corticeira, actual Calçada das Carquejeiras.

 

Acerca da produção da Fábrica da Corticeira, e acerca deste prato em particular, note-se como segue a gramática dos pratos reticulados que imitam o artesanato de verguinha entretecida, uma prática comum a diversas fábricas portuguesas que reproduziram já no século XX este tradicional formato – Carvalhinho (http://mfls.blogs.sapo.pt/30760.html), Sant'Anna (http://mfls.blogs.sapo.pt/61269.html) e Soares dos Reis (http://mfls.blogs.sapo.pt/68135.html), e as características da pintura manual sob o vidrado e da decoração floral dessas mesmas fábricas.

 

 

© MAFLS

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Maio 14 2011

© MCS/CDMJA

 

Página do catálogo de Preços Correntes  da Real Fabrica de Louça em Sacavém - Azulejo, de Agosto de 1910, reproduzindo os motivos número 418-B e 103-B (friso). A letra associada ao número varia consoante a cor do motivo.

 

Veja-se um azulejo com este motivo em: http://mfls.blogs.sapo.pt/74724.html.

 

Cortesia do Museu de Cerâmica de Sacavém / Centro de Documentação Manuel Joaquim Afonso.

 

© MAFLS

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Maio 12 2011

 

                     

 

 

"O meio dia era a hora da maré alta na casa de hóspedes. Os pratos voavam nas mãos da Ervilha, embora aliviada da grande travessa que ia circulando fumegante de mão em mão, onde cada um tirava a pitança da lei. Os comensais entravam em regra muito curiais, fazendo ao geral uma leve vénia ou lançando o bom dia, pela rapidez e a mesura actos de superior urbanidade. Dirigiam-se à gaveta comum a tirar o guardanapo numerado, ou ao aparador, onde estava encarapuçando a garrafa, os que bebiam vinho. Depois dum olhar, certeiro de pontaria, ao assento devoluto, avançavam sôbre o talher. A Ervilha acercava-se solerte a limpar as migalhas para depois pôr o prato com o menos de estreloiçada possível. D. Flávia não suportava criadas caqueiras, e ao mais pequeno boucelado da sua rica louça fazia-lha substituir por nova. Não raro se abria subscrição entre os comensais para pagar uma terrina rachada de Sacavém. A conversa ia decorrendo em smorzo sôbre coisas e loisas até a chegada do Hermano Bexiga. Em género de agitador não havia como êste. Adquirira tal arte, porventura, no manejo da espátula e das baguettes de vidro com que anaçava os componentes viscosos e irreconciliáveis de electuários e colírios."

 

Parágrafo retirado do romance Lápides Partidas (1945), de Aquilino Ribeiro (1885-1963), cuja maior parte da acção decorre em Lisboa nos meses que imediatamente antecedem o regicídio (1 de Fevereiro de 1908).

 

© MAFLS

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Maio 10 2011

© MC/DGARQ/CPF

 

Fotografia disponível nos arquivos digitais do Centro Português de Fotografia (http://www.cpf.pt/) / Direcção-Geral de Arquivos (http://dgarq.gov.pt/) do Ministério da Cultura (http://www.portaldacultura.gov.pt/Pages/Inicio.aspx).

 

Proveniente dos arquivos da Empresa Pública Jornal O Século, está data de 24 de Fevereiro de 1937 e catalogada sob o título Vista Geral da Fábrica de Loiça de Sacavém.

 

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Maio 08 2011

© CDMJA/MCS

 

Folha, com desenho do motivo 334 aplicado sobre uma chávena formato Aldeia, que se encontra depositada nos arquivos do Centro de Documentação Manuel Joaquim Afonso/Museu de Cerâmica de Sacavéml

 

Veja-se este motivo de inspiração Art Déco aplicado sob o vidrado, num prato pequeno para pequeno-almoço, em http://mfls.blogs.sapo.pt/6384.html.

 

A reprodução desta imagem é uma cortesia do CDMJA/MCS.

 

© MAFLS

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Maio 07 2011

 

Placa cerâmica (cerca de 15,8 x 15,8 x 2,7 cm.) de Ferreira da Silva (n. 1928), produzida por volta de 1960 na fábrica Secla, das Caldas da Rainha.

 

No tardoz apresenta, incisas, a sigla e as iniciais do artista, "FS", a inscrição "Secla / Portugal" e o número "8", correspondendo este número à decoração. Apresenta ainda quatro suportes que permitem utilizá-la como base para quentes ou, dado o seu baixo-relevo interno, como cinzeiro. 

 

 

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Maio 06 2011

© AML/CML

 

Fotografia disponível no Arquivo Municipal de Lisboa (http://arquivomunicipal.cm-lisboa.pt/), da Câmara Municipal de Lisboa (http://www.cm-lisboa.pt/).

 

Da autoria de Kurt Pinto (datas desconhecidas) e datada da década de 1940, está catalogada sob o título Fábrica de Loiça de Sacavém, instalações na Avenida da Liberdade.

 

O CDMJA/MCS dispõe de uma imagem semelhante, tirada do mesmo ângulo, mas com uma diferente jarra na mesa. Dispõe também de uma fotografia com a mesma jarra mas tirada, provavelmente no mesmo dia que esta, do ângulo oposto.

 

Notem-se a estilização da fonte fingida embutida na parede, as placas em relevo, o mobiliário, a jarra e o design da sala, tudo elementos de inspiração Art Déco.

 

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Maio 04 2011

 

Cerca de cinco meses depois de aqui ter sido publicada uma imagem dos trabalhos de restauro (cf. http://mfls.blogs.sapo.pt/80286.html), eis um aspecto parcial dos painéis de Jorge Colaço (1868-1942) então escondidos por telas e andaimes e entretanto recuperados.

 

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Maio 02 2011

© MC/DGARQ/CPF

 

Fotografia disponível nos arquivos digitais do Centro Português de Fotografia (http://www.cpf.pt/) / Direcção-Geral de Arquivos (http://dgarq.gov.pt/) do Ministério da Cultura (http://www.portaldacultura.gov.pt/Pages/Inicio.aspx).

 

Proveniente dos arquivos da Empresa Pública Jornal O Século, está data de 24 de Fevereiro de 1937 e catalogada sob o título Aspecto da Creche da Fábrica de Loiça de Sacavém.

 

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Maio 01 2011

 

Terrina da fábrica de Massarelos com o motivo Cedro aplicado sobre o vidrado. 

 

Este motivo evoca claramente a influência da decoração da porcelana chinesa na decoração da cerâmica ocidental, particularmente quanto a detalhes constantes das chamadas famílias rosa e verde. Apresenta ainda certas semelhanças com as diversas variantes do motivo Indian Tree, comercializado por algumas fábricas inglesas e americanas durante os séculos XIX e XX.

 

Veja-se abaixo o exemplo de um prato em porcelana produzido pela fábrica inglesa Coalport, fundada cerca de 1795 e posteriormente incorporada no célebre grupo de cristais e porcelanas Waterford Wedgwood (o qual, entretanto, declarou bancarrota em 2009), com o motivo Indian Tree estampado e pintado à mão.

 

 

A marca C&W aqui apresentada corresponde ao período 1912-1936, embora este motivo seja também conhecido em peças do período 1904-1912, como se pode constatar na terrina reproduzida, sob o número 81, no catálogo Fábrica de Louça de Massarelos: 1763-1936, editado em 1998 para acompanhar a exposição homónima realizada no Museu Nacional de Soares dos Reis, no Porto.

 

Na senda de uma política de criação de conglomerados empresariais na área da cerâmica, que no Porto já havia levado à aquisição da Fábrica do Carvalhinho pela Fábrica de Loiça de Sacavém, em 1930, a Fábrica de Massarelos, administrada pela firma Chambers & Wall, veio a ser adquirida pela Companhia de Fábricas Cerâmica Lusitânia (CFCL, depois Lufapo) em 1936.

 

A CFCL, com sede em Lisboa, iniciara no princípio dessa década uma expansão consolidada nas diversas áreas da cerâmica através de grandes investimentos. Logo em 1930 havia começado a construção de um forno-túnel em Coimbra, para louça decorativa e doméstica, adquirindo em 1932 fábricas em Algoz, Montijo e Setúbal, para cerâmica de construção.

 

  

Tal como para a FLS perdurou durante décadas a indicação de 1850 como data de fundação, embora hoje haja maior consenso quanto à fixação dessa data em 1856 (ou, eventualmente, 1859), também para a Fábrica de Massarelos se registou durante décadas a data de 1738 como a correspondente à sua fundação.

 

Tal como a FLS, também a fábrica de Massarelos fez registar essa data mais recuada nos painéis de azulejo das fachadas de alguns dos seus edifícios. Hoje, contudo, aponta-se com maior consenso para a data de 1763 como sendo a de efectiva fundação da fábrica, por iniciativa de Manuel Duarte Silva (1724-1777).

 

Para obtenção de mais dados sobre a história, o funcionamento e as características desta fábrica, consultem-se quer o anteriormente referido Itinerário da Faiança do Porto e Gaia (2001) quer o mais exaustivo, e agora referido, catálogo monográfico Fábrica de Louça de Massarelos: 1763-1936 (1998).

 

 

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