Exemplos de restauro num floreiro da FLS, um pequeno canudo que constitui par com uma peça já apresentada anteriormente (cf. http://mfls.blogs.sapo.pt/120497.html).
Na imagem de cima note-se o rebordo irregular em segundo plano, que corresponde à área (mal) restaurada, e na de baixo o desenho incipiente que substituiu a imagem original estampada sobre o vidrado.
Recentemente têm surgido no mercado de antiguidades, em grande quantidade, diversas peças restauradas da FLS. Muitas vezes são apresentadas como peças restauradas, de facto, outras vezes essa indicação é omitida.
Mesmo quando estas peças são apresentadas como restauradas, o valor solicitado pelos vendedores está quase sempre acima do expectável e do aceitável, apenas porque se pretende valorizar o restauro e a marca Sacavém.
Ora, se a FLS produziu efectivamente exemplares de loiça doméstica e loiça decorativa ao nível daquilo que de melhor se produziu em todo o mundo, é verdade que também produziu peças de menor qualidade e até refugo.
É verdade ainda que os restauros são onerosos e exigem muito tempo a quem os efectua, mesmo que executados numa vulgar e simples peça de loiça, como um prato ou uma jarra. O restauro dessas peças será uma óptima oportunidade prática e um óptimo exercício de estilo para quem restaura e certamente contentará quem decidiu efectuar o restauro, se recorreu a um técnico competente e escrupuloso no ofício.
Esse restauro, no entanto, deverá ser essencialmente motivado por razões afectivas ou institucionais, bem como pela necessidade de conservar e consolidar uma peça que se encontre em mau estado.
Raramente o restauro mandado executar, por exclusivas razões comerciais, por um vendedor apresenta para o comprador um custo final que se justifique. É bom que haja clarividência e bom senso para admitir que um mau exemplar da produção da FLS não deixa de ser um mau exemplar porque se encontra restaurado. E que um exemplar restaurado é sempre um exemplar defeituoso.
A aquisição de peças restauradas deve obedecer a linhas orientadoras que passam, entre outras, pela decisão consciente de adquirir uma peça defeituosa que seja documentalmente interessante ou pela necessidade de temporariamente possuir uma peça que complemente ou complete um conjunto existente.
O argumento decisivo deveria passar pela aquisição de obras restauradas de produção excepcional, quer porque peças intactas similares raramente surgem no mercado, quer porque, quando surgem, atingem preços que excedem aquilo que estamos dispostos a pagar.
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