Memórias e Arquivos da Fábrica de Loiça de Sacavém

Outubro 17 2012

 

Prato raso do último período de produção da FLS com decoração de inspiração oriental aplicada sobre o vidrado.

 

 

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Outubro 15 2012

 

Cinzeiro do último período da FLS com decoração e legendagem aplicada sobre o vidrado. 

 

Conhece-se a aplicação da mesma imagem central, com outras datas comemorativas da FLS, em diversos cinzeiros do mesmo formato. Um desses exemplares, com a data de 1988, pode ser visto no segundo volume do catálogo da exposição Porta Aberta às Memórias, realizada no MCS em 2008.

 

Note-se como a inscrição na coroa de louros perpetua a ideia da fundação da FLS em 1850.

 

 

© MAFLS

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Outubro 14 2012

 

Jarra em faiança, com cerca de 21,8 cm. de altura, da fábrica Faiança Battistini, de Maria de Portugal, apresentando o brasão de Santarém e as datas evocativas dos oitocentos anos da conquista da localidade aos mouros.

 

Maria de Portugal (pseudónimo de Albertina dos Santos Leitão, 1884-1971), discípula e musa de Leopoldo Battistini (1865-1936), surge retratada em vários obras de Battistini datadas das décadas de 1910 e 1920.

 

Depois do breve matrimónio com Clotilde Pinto de Carvalho (c. 1882- ?; matrimónio, 1899-1903?; divórcio definitivo decretado em 1912), Battistini manteve com Maria de Portugal uma relação afectiva que se prolongou por cerca de dezoito anos.  

 

 

Embora a generalidade da bibliografia sobre a fábrica refira que Maria de Portugal apenas assumiu a sua direcção e gestão após o falecimento de Battistini, foi recentemente levantada a hipótese de isso ter acontecido em 1930, hipótese consubstanciada na data e na abreviatura que surgem nesta peça: http://artelivrosevelharias.blogspot.pt/2011/05/pote-da-fabrica-constancia.html.

 

A hipótese de leitura da referida abreviatura foi colocada como sendo "Companhia [de Maria de Portugal]". Contudo, dado que a legibilidade da mesma é contestável, é mais provável que estejamos perante a abreviatura da palavra "composição", a exemplo da inscrição, por extenso, que se encontra num dos painéis do conjunto azulejar pintado em 1940 para o Mercado dos Lavradores, no Funchal, como se pode ver abaixo.

 

 

Fundada em 1836, em Lisboa, como Companhia Fabril de Louça, aquela que viria a ser a fábrica Battistini recebeu em 1842 a designação de Fábrica de Cerâmica Constância, nome que haveria de perdurar até à falência da empresa, ocorrida já neste século.

 

Durante o século XIX, o grande impulsionador da qualidade cerâmica e da celebridade da fábrica foi Wenceslau Cifka (1811-1884), que ali mandou cozer muitas das mais de centena e meia de peças que se lhe conhecem. Nascido na Boémia, Cifka parece ter chegado a  Portugal no contexto do casamento de D. Maria II (1819-1853; rainha, 1834-1853) com D. Fernando (1816-1885), realizado em 1836.

 

Em Portugal, a sua primeira actividade pública mais notória foi a de fotógrafo, surgindo já com um estúdio em Lisboa no ano de 1848 e assumindo  o estatuto de fotógrafo da Casa Real em 1855.

 

A sua ligação à produção cerâmica terá decorrido a partir da década de 1860, muito embora a primeira peça datada e assinada conhecida apenas seja de 1870. Nesta área, o seu percurso foi vertiginoso e as suas qualidades reconhecidas internacionalmente, tendo participado com sucesso na Exposição de Paris de 1878 e, como já foi referido (http://mfls.blogs.sapo.pt/20086.html), na Exposição do Rio de Janeiro de 1879. 

 

Não é muito extensa a bibliografia dedicada exclusivamente a Cifka, sendo a obra mais recente o catálogo da exposição Cifka: Obra Cerâmica, realizada em 1993-1994 no Museu Nacional do Azulejo.

 

Capa de catálogo reproduzindo uma tela de Battistini intitulada Amanti (c. 1914).

 

Natural de Jesi, Itália, Leopoldo Battistini chegou a Portugal em 1889 para leccionar na Escola Avelar Brotero, em Coimbra, onde permaneceu até 1903. Nessa cidade veio a criar amizade com diversos intelectuais, escritores e artistas, entre os quais Eugénio de Castro (1869-1944) e Carlos Reis (1863-1940).

 

Transferindo-se para Lisboa em 1903, passou a leccionar na Escola Marquês de Pombal. Depois de quase duas décadas de ensino e bem sucedidas exposições de pintura nesta cidade, Batistini assumiu em 1921, com Viriato Silva (datas desconhecidas), a recuperação e administração da fábrica Constância, que apenas depois do seu falecimento, por homenagem de Maria de Portugal, passou a ostentar o seu nome.

 

Logo nessa década a qualidade da produção cerâmica da fábrica foi, mais uma vez, reconhecida e aclamada além fronteiras, particularmente nas exposições de Milão, realizada em 1927, e de Sevilha, realizada em 1929.

 

Uma vista parcial do pavilhão de Portugal em Sevilha, com revestimentos azulejares executados por Battistini e Viriato Silva, já foi aqui apresentada anteriormente: http://mfls.blogs.sapo.pt/59383.html.

 

No artigo de José Dias Sanches (1903-1972) ali referido, Como se Trabalha em Azulejos, publicado no magazine Civilização, número 44, de Fevereiro de 1932, surge ainda, apesar da exclusividade do título, uma imagem de um monumental "Pote estilo D. João V, de Baptistini e Viriato Silva", que se reproduz abaixo.

 

 

Esta imagem já havia sido apresentada no Diário de Notícias de 11 de Abril de 1929, para ilustrar o seguinte texto:

 

"Na Fabrica Ceramica Constancia, Ltd. esteve ontem exposto, para a Imprensa, o jarrão de faiança artistica que aquela empresa vai enviar ao certame de Sevilha.

Trata-se dum trabalho que honra sobremaneira o nosso país e os seus executantes, srs. Leopoldo Battistini e Viriato Silva.

A notavel peça, que se intitula ' Varões de Portugal ', tem por divisa o seguinte verso dos ' Lusiadas ': ' Aqueles que por obras valorosas se vão das leis [sic] da morte libertando ' e é encimada por um elmo de cavaleiro. O brasão de D. João II, o iniciador da grandes descobertas marítimas, constitui a sua principal peça de heraldica. No jarrão, que tem na base reproduções das três caravelas [sic] que foram á India e, na peanha, uma teoria das esferas armilares, vêem-se ainda brasões de guerreiros e navegadores."

 

Ainda do artigo de José Dias Sanches transcreve-se de seguida um breve trecho, dedicado a Battistini:

 

"Êste artista realizou a continuidade da grande obra de Lucca Della Robbia, na execução de um altar em majolica, representando um milagre de Santo António, em rica policromia. Ultimamente tem pintado notáveis trabalhos, destinguindo-se a reprodução das Tapeçarias de Pastrana, trabalho policrómico de grande valor técnico. Na exposição que efectuou em Milão, em 1927, entre vários trabalhos, avultava o panneaux da Madonna del Fascio em estilo primeira renascença, o qual foi adquirido por Mussolini, e que se encontra actualmente na Igreja de Predapio. As suas últimas produções foram executadas para a Biblioteca Municipal, no Palácio Galveias."

 

Leopoldo Battistini retratado por Carlos Reis.

 

Em 1969, na sequência da doação de dezenas de peças por Maria de Portugal, foi inaugurada na escola Marquês de Pombal, em Lisboa, uma sala consagrada a esse acervo de Battistini. Ainda hoje ali podem ser observadas algumas das criações cerâmicas deste autor, nomeadamente a notável jarra Nereida de Harlem, que tão ligada está ao Simbolismo português e à obra homónima (1896) de Eugénio de Castro.

 

Também ali se encontra patente o retrato de Battistini executado por Carlos Reis.

 

Tal como acontece com Cifka, tampouco é muito extensa a bibliografia exclusivamente dedicada a Battistini, destacando-se os opúsculos Harmonia Latina (1936), de Joaquim Leitão (1875-1956), e Leopoldo Battistini: Um Pré-Rafaelita Italiano na Dimensão do seu Classicismo (1992), de Manuel Cadafaz de Matos (n. 1947), e os catálogos das exposições Leopoldo Battistini: Exposição Artística e Documental (1984) e Leopoldo Battistini e l'Accademismo Romantico nella Provincia di Ancona tra ' 800 e ' 900 (1987).

 

A monografia mais completa, e recente, sobre este artista italiano deve-se a Maria Alice de Oliveira Lázaro (datas desconhecidas), que elaborou uma dissertação de mestrado publicada pela Câmara Municipal de Coimbra, em 2002, sob o título Leopoldo Battistini: Realidade e Utopia.

 

 

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Outubro 13 2012

 

Leiteira do último período da FLS com decoração aplicada sobre o vidrado.

 

 

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Outubro 11 2012

 

Aspecto parcial das instalações da antiga estação ferroviária de Sacavém.

 

Com todos os edifícios encerrados, embora alguns comboios suburbanos continuem a efectuar paragens em Sacavém, o perímetro urbanístico da estação apresenta um desolador aspecto de abandono e vandalismo.

 

O revestimento azulejar com esta disposição enxaquetada, alternando azulejos verdes e brancos, ou beiges, foi comum a diversas estações e apeadeiros da Estremadura e de várias outras regiões do país.

 

 

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Outubro 09 2012

 

Prato raso com motivo floral aplicado a decalcomania sobre o vidrado.

 

No lado direito da imagem, note-se o desgaste da decoração originado pela abrasão do motivo não vidrado.

 

 

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Outubro 07 2012

 

Anúncio de página inteira publicado no Almanaque Lello para 1931.

 

Como se viu anteriormente (http://mfls.blogs.sapo.pt/192804.html), neste almanaque publicou-se também um anúncio da FLS, traduzindo esta publicação simultânea a nova realidade empresarial criada em 1930 com a aquisição da Fábrica do Carvalhinho pela FLS.

 

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Outubro 06 2012

 

          

 

Azulejo da fábrica Cerâmica Constância estampado com uma imagem serigráfica da fadista, e actriz, Amália Rodrigues (1920-6 de Outubro de 1999), criada em 1999 por Leonel Moura (n. 1948).

 

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Outubro 05 2012

 

Como terá sido óbvio, o tema e o tom cinzento depressivo das imagens do artigo anterior foram propositados. 

 

Para quem acha que o actual momento deve ser contrabalançado com imagens também iconoclastas mas coloridas, fica acima um exemplo da colecção Venus in Sequins, da autoria de The Rodnik Band (http://www.therodnikband.com/), Londres, e abaixo uma fotografia de Lady Gaga posando junto a mais um urinol, desta vez inspirado numa abrangente imagem da cultura pop, que evoca desde os Rolling Stones (fundados em 1962) a Roy Lichtenstein (1923-1997), e desde Salvador Dali (1904-1989) a Mae West (1893-1980).

 

 

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Outubro 05 2012

 

Miniatura de urinol formato Inglez, conforme se verifica pela anotação manuscrita na etiqueta de papel. 

 

Esta raríssima peça, com cerca de 8,7 x 7,1 x 6,5 cm., integraria certamente os mostruários que a FLS disponibilizava através dos seus agentes ou, eventualmente, dos caixeiros-viajantes que representassem a empresa.

 

A tabela de preços de revenda das loiças sanitárias de Julho de 1938 regista urinóis deste formato ao preço de 65$00, referenciando ainda modelos de face e de canto, ao preço de 40$00, e higiénico, ao preço de 120$00. Regista ainda um "Formato especial para serie", "Tipo moderno Higienico", ao preço de 300$00.

 

 

Aparentemente, a marca aqui reproduzida aplicou-se apenas na loiça sanitária da FLS, pois ao contrário do que acontece nas tabelas de serviços de mesa e de loiça decorativa, esta tabela reproduz a marca da FLS que aparece neste exemplar, sem no entanto apresentar o acrónimo S.A.R.L.

 

A brochura encerra com diversos considerandos, entre os quais surgem os seguintes:

 

"A nossa loiça sanitaria é de faiança vitrificada que, não sendo porosa, não pode absorver aguas nem sujidades."

 

"O seu vidrado não é uma simples capa de vidro que cae ou fendilha com pouco uso, deixando infiltrar os detritos. Perfeitamente identificado com a pasta, torna o artigo impermeavel, dando-lhe a condição sine qua non para que seja efectivamente loiça sanitária."

 

"Toda a loiça sanitaria de Sacavem leva a nossa marca registada, devendo os nossos estimaveis clientes rejeitar qualquer peça que lhes seja apresentada como sendo do nosso fabrico e que não tenha a marca Sacavem".

 

 

Através da intervenção de Marcel Duchamp (1882-1968), que em 1917 assinou um exemplar com o pseudónimo de R. Mutt e, invertendo-lhe a  tradicional posição de colocação, o apresentou como uma fonte, o urinol acabou por ser um dos ícones paradigmáticos da revolução da arte na década de 1910.

 

Duchamp, aliás, desenvolveu ainda outros exemplares desses objectos, que posteriormente vieram a ser conhecidos por ready-made, como a roda de bicicleta, de 1913, o escorredor de garrafas, de 1914, e a famosa imagem litografada de Mona Lisa com bigode e pêra e a inscrição L.H.O.O.Q., de 1919 (desta, Duchamp produziu diversas réplicas, as últimas das quais em 1964; cf. http://blogdaruanove.blogs.sapo.pt/96303.html.).

 

A estrutura do escorredor de garrafas foi recentemente evocada e recriada, a outra escala, numa obra (http://mirror.berardocollection.com/?toplevelid=33&CID=102&opt=sw&v1=988&lang=pt) de Joana Vasconcelos (n. 1971) executada em 2006 para a Fundação Colecção Berardo, em Lisboa, que aliás possui uma das réplicas do modelo original que Duchamp veio a produzir já na década de 1960 (http://mirror.berardocollection.com/?toplevelid=33&CID=102&a1=artist&v1=110&lang=pt&tab=works).

 

© Nick Knight Show Studio & Lady Gaga

 

Mais recentemente ainda, o conceito do urinol de Duchamp foi reaproveitado pela cantora e performer Lady Gaga (pseudónimo de Stefani Joanne Angelina Germanotta, n. 1986) para uma sessão fotográfica da revista Japan Vogue Home (http://www.vogue.co.jp/).

 

Esse urinol, da marca Armitage Shanks, em que Lady Gaga inscreveu o texto “I’m not a fucking king Duchamp but I love pissing with you” e a sua assinatura, foi colocado à venda em Novembro de 2011 por US $ 460,000.

 

 

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