Memórias e Arquivos da Fábrica de Loiça de Sacavém

Dezembro 31 2014

 

Estabelecida em 1899, a empresa americana que produziu esta jarra recebeu o nome dos seus dois fundadores, John Peters (datas desconhecidas) e Adam Reed (datas desconhecidas).

 

A primeira produção em série da fábrica Peters & Reed deu-se com a linha Moss Aztec, uma loiça vidrada no interior mas não no exterior, com um acabamento exterior verde mate que acentuava a decoração moldada e justificava a designação moss (musgo).

 

Seguiram-se-lhe várias outras linhas, já com acabamento vidrado, mate ou brilhante, de entre as quais se devem destacar aquelas que correspondem às decorações Landsun e Chromal.

 

Esta última, produzida nas décadas de 1900 e 1910 e ilustrada pelo exemplo apresentado acima, uma jarra com cerca de 24,6 cm. de altura, sem marca perceptível, é eventualmente a mais interessante da fábrica.

 

Dado que o processo de decoração em relevo não era mecânico, cada uma destas peças acaba por apresentar um aspecto único, claramente evocativo, nos seus melhores exemplos, de alguma pintura impressionista.

 

A fábrica recebeu nova designação em 1921, passando a chamar-se The Zane Pottery Company, que incorporava a abreviatura de Zanesville, localidade do Ohio onde a fábrica se situava. Ao contrário do que acontecia anteriormente, as peças deste período passaram então a ser identificadas através de uma marca impressa na pasta.

 

Em 1941 a Zane Pottery acabou por ser adquirida pela Gonder Pottery, a qual por sua vez encerrou em 1957.

 

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Dezembro 30 2014

 

Pequena jarra, com cerca de 12,2 cm. de altura, produzida na Manufacture Imperiale et Royale, de Nimy.

 

Esta fábrica belga teve as suas origens em 1789, acabando por encerrar em 1951. A história da empresa é habitualmente dividida em cinco períodos - 1789-1849, 1849-1851, 1851-1890, 1890-1921 e 1921-1951 (veja-se um artigo, em Francês, sobre a história da fábrica, aqui: http://www.vieuxnimy.be/newsite/histoire/Page_histoire.html), correspondendo este último à época em que a fábrica foi adquirida e administrada por uma empresa holandesa de Maastricht, a Koninklijke Sphinx, já aqui referida (http://mfls.blogs.sapo.pt/227609.html).

 

A jarra agora ilustrada remete claramente para a influência das formas depuradas e contidas e para a decoração minimalista, ou limitada ao craquelé do vidrado, da cerâmica oriental, sendo um exemplo das peças europeias que, mesmo durante o período Art Déco, continuaram a seguir essa gramática.

 

Veja-se um outro artigo, em Neerlandês, sobre a história e a produção da MIRN aqui: http://rubriek-keramiek.blogspot.pt/2014/12/keizerlijke-en-koninklijke-manufactuur.html.

 

 

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Dezembro 29 2014

 

Jarra em faiança, com cerca de 27,2 cm. de altura, produzida em Lunévillle pela fábrica Keller et Guérin.

 

Distante da superior qualidade das peças concebidas pelo célebre escultor e ceramista Ernest Bussière (1863-1913), que nos proporcionou algumas das melhores criações cerâmicas da Escola de Nancy (http://www.ecole-de-nancy.com/web/index.php?page=ernest-bussiere-2), esta jarra apresenta decoração floral, de inspiração Art Nouveau, aplicada a aerógrafo sobre stencil (chapa recortada), técnica que a K&G ainda continuou a utilizar nos motivos Art Déco (http://mfls.blogs.sapo.pt/233410.html).

 

Ecoando, no entanto, algum do sentido escultórico que Bussière veio adicionar aos tradicionais formatos cerâmicos da fábrica, encontramos neste exemplar uma modelação em relevo que acentua os seus motivos vegetalistas.

 

Complementarmente, o vidrado recebeu ainda, apenas nas partes relevadas, um acabamento nacarado e, no remate da base e do topo, uma filetagem dourada, detalhes que pretendiam colocar esta peça numa gama cerâmica acima da média.

 

Como é evidente, tais características não aproximam sequer este tipo de produção das exclusivas peças de Bussière, que ilustram a cerâmica francesa Art Nouveau ao seu mais alto nível.

 

Veja-se uma outra jarra da K&G, e leia-se algo mais sobre a empresa, aqui: http://mfls.blogs.sapo.pt/277249.html.

 

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Dezembro 28 2014

Prato em faiança esgrafitada, com cerca de 28 cm. de diâmetro, produzido na fábrica sueca Gustafsberg.

 

Este exemplar, datado de 1911, foi concebido pelo consagrado director artístico Josef Ekberg (1877-1945), que favoreceu a técnica de sgraffito e estes tons azulados na maioria das suas peças das décadas de 1900 e 1910.

 

Vejam-se outras referências à Gustavsberg, e mais algumas peças, aqui: http://mfls.blogs.sapo.pt/tag/gustavsberg.

 

 

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Dezembro 27 2014

 

Pratos em porcelana com decoração floral cromolitografada sobre o vidrado e vestígios de dourado no rebordo.

 

Acima, um prato de sobremesa com cerca de 18,1 cm. de diâmetro. Abaixo, um prato raso, com cerca de 23,9 cm. de diâmetro, e um prato fundo, de sopa, também com cerca de 24 cm. de diâmetro.

 

 

Embora não apresentem qualquer marca, de acordo com as características do tardoz, com os formatos e com a decoração, estes pratos terão sido muito provavelmente produzidos na fábrica da Vista Alegre, durante o primeiro quartel do século XX.

 

Actualmente, a decoração em porcelana sob o vidrado, denominada tecnicamente inglaze, em inglês, efectua-se a cerca de 1240º C, enquanto a decoração sobre o vidrado, onglaze, se efectua a cerca de 820º C.

 

Para além da diferença ao tacto, nota-se um ligeiro relevo sobre o vidrado na versão onglaze, e de tonalidade, sendo esta mais escura que a outra, a decoração aplicada inglaze tem a grande vantagem de não sofrer qualquer desgaste com a utilização, uma vez que fica integrada na pasta e no vidrado.

 

 

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Dezembro 27 2014

 

Jarra em faiança, com cerca de 18,1 cm. de altura, produzida pela consagrada fábrica holandesa Plateelbakkerij Zuid-Holland, cujas instalações se situavam na cidade de Gouda. 

 

Uma das inúmeras fábricas de cerâmica daquela região, muito afamada também pelos seus queijos, a Plateelbakkerij Zuid-Holland, cujas peças começaram a ser marcadas como PZH ou Plazuid a partir de 1928, e em 1932 recebeu o direito de usar a distinção Real - N. V. Koninklijke Plateelbakkerij Zuid-Holland Gouda, foi fundada em 1898, acabando por encerrar em 1964.

 

Sobre as diversas fábricas existentes em Gouda, e as características das marcas da PZH em particular, que nos permitem saber que esta é uma peça datável de 1926, veja-se um extenso espaço dedicado a esta cerâmica em: http://www.goudadesign.co.uk/page1.html.

 

Note-se, depois de consultar aquele espaço, como a predominância de um fundo claro, patente neste exemplar, não é comum na cerâmica da região de Gouda.

 

 

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Dezembro 26 2014

 

Originalmente estabelecida em 1814, com a designação de Hill Pottery, no estado de New Jersey, Estados Unidos, a fábrica apenas adoptou a designação Fulper depois do falecimento do seu fundador, Samuel Hill (?-1858), e da sua subsequente venda.

 

Adquirida por um dos trabalhadores, Abraham Fulper (1815-1881), a empresa passou a adoptar a designação Fulper já na década de 1860. Embora mantivesse a designação, a partir de 1935 a fábrica passou a produzir material e design Stangl, o apelido de um funcionário (Johann Martin Stangl, 1888-1972) admitido em 1910 que entretanto se tornara vice-presidente a partir de 1924 e seu proprietário a partir de 1929. A fábrica Stangl acabou por cessar a sua produção em 1978, quando foi adquirida pela empresa Pfaltzgraf.

 

A produção artística da fábrica Fulper começou na viragem para o século XX, tendo registado grande sucesso até à década de 1930. Recentemente, vários coleccionadores e comerciantes têm vindo a resgatar a memória do design e da qualidade dos vidrados, sublinhando particularmente a mestria da sua componente cristalina.

 

A jarra ilustrada, com cerca de 16,6 x 29,2 cm., exemplifica as variantes de vidrado microcristalino, mate e brilhante, que se podem encontrar numa só peça e o sentido escultórico da produção Fulper, que vagueou entre os estilos Arts & Crafts, Art Nouveau e Art Déco.

 

Este formato foi também comercializado pela fábrica inglesa Denby (http://mfls.blogs.sapo.pt/twelve-days-in-twelve-hours-iv-295024) numa versão com cerca de menos dois centímetros de altura e três de largura, o que poderá indiciar que esta fábrica adoptou o modelo da Fulper.

 

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Dezembro 25 2014

 

Jarra em faiança, com cerca de 20,2 cm. de altura, produzida na fábrica belga Cérabelga.

 

Fundada em 1907 na localidade de Haren-Nord, nos arredores de Bruxelas, a fábrica já se denominava Céramique de Bruxelles em 1921, designação complementada com o nome Cérabelga a partir de 1926. Desde esta altura, passou a produzir peças Art Déco cujas decorações pretendiam rivalizar com as da fábrica Boch Frères / Keramis, de La Louvière.

 

A feérica exuberância das cores e o inusitado de muitas das formas utilizadas na Cérabelga, se eram suficientes para manter acesa essa competição, não deixavam de traduzir algumas inferioridades técnicas, nomeadamente a ausência de esmaltes em relevo e do craquelé, características que projectavam a Boch Frères / Keramis para um outro patamar de execução.

 

Apesar de estas limitações, a empresa revelou-se bastante competitiva face a outras fábricas belgas, como Bergen (que copiava a decoração Gouda originária da Holanda), Mons e mesmo a prestigiada Manufacture Imperiale et Royale de Nimy, tendo mantido lojas em Bruxelas e Paris durante vários anos.

 

O renomado decorador ceramista francês Raymond-Henri Chevallier (1890-1959) trabalhou na empresa entre 1935 e 1937, período de que deverá datar esta peça, depois de sair da fábrica francesa Longwy e antes de ingressar na belga Boch Frères / Keramis.

 

Esta relação poderá explicar o facto de o sistema de classificação F. 265 (formato) / D. 5003A (motivo), que surge junto da marca, ser muito semelhante àquele que haveria de vir a ser implementado nas peças mais tardias da BFK e era já comum na Longwy.

 

Chevallier sucedeu a Charles Catteau (1880-1966) na BFK, tendo aí permanecido entre 1937 e 1954. O seu estilo, certamente influenciado pela tradição da Longwy, traduziu-se desde logo por uma acentuada preferência pela profusão de dourados, característica patente também nesta peça da Cérabelga.

 

Não se conhece a data exacta do encerramento da fábrica, mas crê-se que terá ocorrido no final da década de 1930, com o advento da II Grande Guerra.

 

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Dezembro 24 2014

 

Porque é Natal, retomam-se as habituais saudações a quem visita este espaço, em geral, e a companheiras e companheiros da divulgação cerâmica na blogosfera, em particular, anunciando-se ainda mais uma edição de The Twelve Days of Christmas, o habitual espaço dedicado a cerâmica estrangeira.

 

Porque, como habitualmente, CMP* (http://ceramicamodernistaemportugal.blogspot.pt/) e MUONT (http://modernaumaoutranemtanto.blogspot.pt/) se sentirão certamente mais identificados e evocados numa ou noutra peça das que integrarão a série The Twelve Days of Christmas deste ano, as ilustrações dedicadas a compagnons de route limitam-se a exemplares que evocam mais a heterogeneidade dos espaços de Maria Andrade (http://artelivrosevelharias.blogspot.pt/) e Luís Montalvão (http://velhariasdoluis.blogspot.pt/).

 

 

Apresenta-se em primeiro lugar uma placa em porcelana que a Vista Alegre lançou em 1999, para comemorar o Dia da Mãe, reproduzindo uma pintura executada em mármore branco, existente no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, a qual por sua vez copia um quadro de Rafael (Raffaello Sanzio da Urbino, 1483-1520) que se encontra no Museu Hermitage, de S. Petersburgo, na Rússia.

 

A propósito de réplicas, cópias e miniaturas, tema que Luís Montalvão muito recentemente abordou, apresenta-se de seguida uma miniatura pintada sobre marfim que reproduz a famosa Madonnina, obra originalmente executada em 1897 por Roberto Ferruzzi (1853-1934) e depois abundantemente copiada.

 

 

 

 

 

 

Recordando a menção que Maria Andrade efectuou à sua colecção de netsuke, deixam-me aqui hoje as imagens de animais, esculpidos em marfim, associados ao zodíaco chinês - o Búfalo, ou Boi, e o Rato.

 

Estes animais correspondem simbolicamente a um determinado ano num ciclo de doze anos - 2008, 2020, no caso do Rato, 2009, 2021, no caso do Búfalo, encontrando-nos nós actualmente no ano do Cavalo, o qual acabará a 18 de Fevereiro de 2015.

 

Para todos, votos de Festas Felizes e excelente Ano Novo!

 

 

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Dezembro 18 2014

 

 

 

É com a maior consternação e pesar que a Associação dos Amigos da Fábrica de Loiça de Sacavém comunica o falecimento do seu Presidente da Direcção, Jorge Monteiro Andrew, endereçando à família enlutada as suas sentidas condolências.

 

Entusiasta e incansável promotor da herança e das memórias da FLS, Jorge Monteiro Andrew foi um dos elementos que pugnou durante longos anos pela fundação, formalização e legalização da AALS, contribuindo com o seu dinamismo e profundo empenho para que pudessem ser ultrapassados todos os obstáculos legais e para o êxito da sua constituição.

 

Nos últimos meses, a Direcção a que Jorge Monteiro Andrew presidia teve ainda oportunidade de implementar uma página no Facebook (https://www.facebook.com/associacao.amigos.loica.de.sacavem), onde poderão ser registadas condolências, e promover a criação da sua página oficial: http://www.loicadesacavem.pt/ .

 

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