Memórias e Arquivos da Fábrica de Loiça de Sacavém

Março 30 2015

 

Assinalando a realização de mais uma Assembleia Geral da Associação dos Amigos da Loiça de Sacavém, que decorreu no passado dia 28 de Março de 2015, apresenta-se hoje um prato raso estampado a azul com uma primitiva versão do célebre motivo Chorão (Willow pattern).

 

Tal exemplar do período da Real Fábrica, cuja decoração documenta mais uma das inúmeras variantes deste exuberante motivo, comprova que o mesmo foi reproduzido e comercializado pela FLS durante cerca de cem anos.

 

Assinale-se que a fissura da pasta, visível no tardoz junto à marca, ocorreu durante o processo de cozedura, uma vez que a mesma se encontra parcialmente vidrada.

 

Como já foi anteriormente referido, num outro espaço (http://blogdaruaonze.blogs.sapo.pt/23504.html), o motivo Chorão foi internacionalmente reproduzido, desde o século XIX e nas sua diversas variantes, por dezenas de fábricas, marcando a memória de inúmeras gerações.

 

O valor icónico desta decoração veio a ser consagrado, já no dealbar do século XXI, através de uma notável escultura cerâmica intitulada Behind Quiet Veils of the Blue Willow, criada em 2000 por Red Weldon Sandlin (n. 1958) e actualmente no acervo do The Newark Museum, E.U.A. (http://www.newarkmuseum.org/), que abaixo se reproduz.

 

© The Newark Museum 

 

Na sequência da Assembleia Geral acima referida, foram eleitos novos elementos para desempenhar diferentes funções nos Corpos Sociais da AALS, durante o biénio 2015-2017, passando estes a ficar assim constituídos:

 

Direcção

Emma Gilbert (presidente), Fernando Martins (vice-presidente), Clive Gilbert (vice-presidente), José Roseiro (secretário executivo), Miguel Calado (tesoureiro).

 

Conselho Fiscal

Vasco Telles da Gama (presidente), Isabel Maria Costa Figueira, Maria João Pinheiro.

 

Mesa da Assembleia Geral

António Augusto Joel (presidente), Luísa Bivar Roseiro.

 

A Associação dos Amigos da Loiça de Sacavém dispõe de um site oficial (http://www.loicadesacavem.pt/) e de uma página no Facebook (https://www.facebook.com/associacao.amigos.loica.de.sacavem).

 

 © MAFLS

publicado por blogdaruanove às 21:01

Março 26 2015

 

"(...) Dos móveis nem falar: uma caqueirada a que presidem umas pobres nogueiras disfarçadas de Henrique II. Que sei eu, uma família precisa de tanta coisa! Lá vêm umas visitas: «Que hão-de elas dizer, não temos dois pratos iguais!» Ou parentes da terra: «Quem sabe, talvez no testamento!» Ou os anos da Bibi, o namoro da Bibi – «Oxalá ele não repare!» E as amigas do colégio? «Uns estupores, vão contar tudo o que vêem!» Um horror de vida, nem você faz ideia, a fingir de independência, de conforto, de lar, que se arrasta vazia, friorenta, esburacada de insatisfações.

 

De que te serviu a ti, modesto guarda-livros (agora, por sinal, andas a vender à comissão, na praça) juntar uma limalha de economias de vinte anos (mas duvido que juntasses) para teres um arremedo de existência, numa casa desconfortável, com uivos de vento por todas as frinchas, uns cangalhos desconjuntados, um papagaio a gritar «ó da guarda» na sacada, e uma sopeira que te acaba de escavacar as «porcelanas» de Sacavém ao som do «Cochicho da Menina», porque a lâmpada de quinze velas não alumeia, senhor!

 

A tua mulher frequentou um colégio onde aprendeu lavores e a conjugar o verbo aimer (no futuro anterior, sobretudo) e teve os seus sonhos: por isso, nas faltas de criada, não pode ir ao mercado – «Esta vizinhança fala de tudo!» – e preferiria atirar-se da janela à rua, de cabeça para baixo, a ir levar o caixote do lixo à porta da escada, quando são horas de vir a carroça. É por isso que todas as noites, como um ladrão, tu vais pôr o embrulho do teu lixo pobre à porta duma vizinha, ou o despejas simplesmente num patamar ou no passeio, onde os gatos vêm fazer o seu festim de espinhas de carapau. (...)"

 

Excerto de Os de Cima e os de Baixo, da autoria de José Rodrigues Miguéis (1901-1980), publicado no seu livro É Proibido Apontar: Reflexões de um Burguês - I (1974). Este texto foi originalmente publicado em 1939, na revista Seara Nova, sofrendo depois alguns retoques até à sua primeira edição em volume, que ocorreu em 1964.

 

Contrastando com as sombrias e deprimentes observações de Miguéis, em alguns aspectos ainda tão actuais nos lusitanos e tristes dias que correm, apresenta-se hoje esta peça da FLS, decorada com um bem-humorado motivo, datável, de acordo com o seu formato e vidrado, das décadas de 1950 e 1960.

 

Note-se como este pequeno exemplar, com cerca de 9,1 cm. de diâmetro, ostenta uma primeira marca sob o vidrado translúcido e uma segunda marca, a dourado, sobre esse mesmo vidrado. Uma característica comum a várias peças semelhantes, como já foi ilustrado anteriormente: http://mfls.blogs.sapo.pt/11311.html .

 

Recorde-se, uma vez mais, que a próxima Assembleia Geral da Associação dos Amigos da Loiça de Sacavém decorrerá no sábado, dia 28 de Março de 2015, pelas 11h30m, no Museu de Cerâmica de Sacavém.

 

 

© MAFLS

 

publicado por blogdaruanove às 21:01

Março 24 2015

 

Por ocasião de mais uma Assembleia Geral da Associação dos Amigos da Loiça de Sacavém, que decorrerá pelas 11h30m do próximo sábado, dia 28 de Março de 2015, no Museu de Cerâmica de Sacavém, publicar-se-ão esta semana dois artigos ilustrados com peças da FLS.

 

Hoje apresenta-se um conjunto de pires e chávena de café do emblemático formato Estoril, com decoração a preto e dourado, publicando-se na próxima quinta-feira mais uma artigo sobre A FLS na Literatura.

 

Conforme referido anteriormente, tal formato, que epitomiza o melhor do espírito Art Déco na cerâmica de várias fábricas europeias, surge na produção da FLS com sete combinações cromáticas para o motivo aqui apresentado (http://mfls.blogs.sapo.pt/27114.html).

 

 

© MAFLS

publicado por blogdaruanove às 21:01

Março 21 2015

 

Jarro, ou caneca, em faiança fina, produzida numa das unidades de Viana do Castelo da empresa aveirense Campos & Filhos, ostentanto um motivo já apresentado aqui anteriormente (http://mfls.blogs.sapo.pt/154655.html).

 

Ao contrário do anterior, que tem as superfícies interiores e exteriores vidradas, este exemplar, com cerca de 21 cms. de altura, apresenta acabamento vidrado no seu interior e no exterior um acabamento áspero, semi-mate, com tonalidades ocres e azuis aplicadas directamente na sua pasta biscuit.

 

O intercâmbio de partes, ou motivos, entre diferentes formatos não é invulgar na produção da CF, como é possível constatar no vídeo cujo link se encontra no artigo acima referido, o qual apresenta uma peça de outro formato com uma asa semelhante à que surge aqui.

 

 

© MAFLS

publicado por blogdaruanove às 21:09

Março 08 2015

 

Conjunto de três pratos, em porcelana da fábrica da Quinta Nova, com ilustrações de Lima de Freitas (1927-1998).

 

Representando cenas alusivas às batalhas de S. Mamede (1128), acima, do Salado (1340), abaixo, e das Linhas de Elvas (1659), no final do artigo, estes pratos fazem parte de uma série de doze exemplares, intitulada Tempos de Bravura - Da Fundação ao Liberalismo, editada pelas Colecções Philae em 1986.

 

Note-se como o exemplar da batalha de S. Mamede, através da indumentária dos combatentes, do armamento, nomeadamente da cimitarra, e da simbologia dos escudos, se coadunaria mais com os intervenientes na batalha de Ourique (1139), que também se encontra representada nesta série.

 

 

A fábrica da Quinta Nova, criada na década de 1980, pertencia ao grupo Vista Alegre e assegurava uma produção mais centrada na porcelana de mesa e de hotelaria, estando localizada em Chousa Nova, Ílhavo.

 

Manteve esta designação autónoma até 2001, ano em que a VAA - Vista Alegre Atlantis, SGPS, SA, absorveu a Porcelanas da Quinta Nova, S.A, cuja designação social passou a ser Fábrica de Porcelana da Vista Alegre, S.A , a Cristais Atlantis, SGPS, S.A e a Vista Alegre - Sociedade de Controlo, SGPS, S.A.

 

Como é de tradição na empresa, esta mudança traduziu-se na criação de uma nova marca VA, que foi aposta nos exemplares da sua produção entre os anos de 2001 e 2008 (cf. http://www.myvistaalegre.com/catalog/evolucaomarca.pdf).

 

 

© MAFLS

publicado por blogdaruanove às 21:01

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