Grande jarra, com cerca de 34,8 cm. de altura, da fábrica francesa Longchamp.
Apresentando uma pasta vermelha não vitrificada que se denomina Terre de Fer, este exemplar cerâmico ostenta decoração Art Nouveau com esmalte brilhante, em relevo, que se destaca do corpo.
Embora esta opção pela pasta vermelha recorde algumas peças das fábricas francesas de Montières e Sarreguemines (http://mfls.blogs.sapo.pt/tag/sarreguemines), a técnica decorativa aproxima-se mais da corda seca que viria a ser adoptada quer pela fábrica francesa de Longwy (http://mfls.blogs.sapo.pt/tag/longwy), quer pela fábrica belga Boch Frères / Keramis (http://mfls.blogs.sapo.pt/tag/boch+fr%C3%A8res+keramis).
Conhece-se uma variante desta decoração, aplicada sobre o formato 1441 (mais tardio que este, portanto), em que as pinhas são substituídas por abelhas, a folhagem tem uma representação menos sinuosa e as flores se assemelham mais a orquídeas do que a narcisos.
Segundo Jean Rosen (datas desconhecidas), as origens das Faïenceries de Longchamp remontam a 1830, quando Claude Phal-Matiron (datas desconhecidas) fundou uma fábrica de telhas que, cerca de três anos depois, veio a laborar em faiança. Neste período inicial a produção era muito desequilibrada pois, de acordo com alguns registos da época, em 1841 a empresa utilizava 250 metros cúbicos de argila para a produção de telhas e apenas 10 metros cúbicos para a produção de faiança.
Os registos cadastrais mostram que, em 1844, a parcela 415 da rue du Faubourg pertencia já a Jean-Baptiste Phal-Maillard, surgindo registada nas estatísticas de 1847 uma manufactura denominada Phal, que empregava 41 operários.
Em 1868, a exploração separada da faiança passou a ser detida pelos engenheiros Marcel (1839-1921) e Robert Charbonnier (1846-1905), que registaram as Faïenceries et Tuileries de Longchamp e passaram a produzir faiança fina. No início da década de 1880 a empresa tinha já cerca de 360 funcionários e aperfeiçoara a qualidade da sua faiança, que veio a ser distinguida em 1882 com uma medalha de prata no Salon des Arts Décoratifs.
Em 1912, Gaëtan Moisand (1878-1945), genro de Robert Charbonnier, retomou a empresa e projectou-a para novos patamares, passando pelo estilo Art Déco e pela colaboração com o famoso atelier Primavera dos Magasins du Printemps.
Após a morte deste, a sua viúva, Hélène Juliette Eugénie Charbonnier (1886-1964), e seus filhos asseguraram a gestão da empresa, criando em 1947 uma escola profissional de decoração e assegurando, também, a decoração manual das peças até 1990, ano em que a empresa empregava ainda 130 decoradores.
Precisamente em 1990 a empresa foi adquirida pela consagrada Villeroy & Boch.
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