Dois bustos em terracota representando o escritor Guerra Junqueiro (1850-1923).
O primeiro, patinado a esmalte e com cerca de 14,5 cm. de altura, foi produzido pela Moderna Industrial Decorativa, Limitada, fundada em Coimbra no ano de 1941, conforme se comprova pela marca reproduzida abaixo.
O segundo, com cerca de 13,6 cm. de altura, não apresenta qualquer marca, mas assemelha-se bastante a um busto que é possível ver numa fotografia, não datada mas provavelmente da década de 1930, da montra do estabelecimento da Cerâmica Macedo, de Barcelos, que existiu na Póvoa de Varzim entre 1935 e 1951.
É provável que, em Portugal, este hábito de celebrar em bustos industriais de terracota a memória de diversos escritores, e outras personalidades, tenha sido introduzido, e consolidado, pelo escultor José Joaquim Teixeira Lopes (1837-1918), através da produção da fábrica das Devezas, de que era co-proprietário.
Outros escultores e modeladores terão seguido esta tendência, tais como Rafael (1846-1905) e Gustavo Bordalo Pinheiro (1867-1920), Costa Mota, Sobrinho (1877-1956), Avelino Belo (1872-1927), Francisco Elias (1869-1937), os menos conhecidos Alberto Morais do Vale (1901-1955), João dos Santos Calisto (1905-1946), Francisco Caetano Ferreira (1908-1987), e o próprio João Macedo Correia (1908-1987).
No entanto, muitos destes bustos não apresentam qualquer assinatura na sua versão industrial, pelo que nem sempre é fácil indicar o seu autor, e a verdade é que muitas fábricas e oficinas copiaram obras entre si sem respeitar quaisquer direitos ou creditar a sua autoria.
Sabe-se, por exemplo, que a Estatuária Artística de Coimbra, fundada em 1943, reproduziu e comercializou, sem qualquer atribuição de autor, um busto de António de Oliveira Salazar (1889-1970) que João Macedo Correia havia modelado, e comercalizado através da Cerâmica Macedo, na década de 1930.
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