Memórias e Arquivos da Fábrica de Loiça de Sacavém

Dezembro 30 2017

 

Garrafa antropomórfica, com tampa e cerca de 21,4 cm. de altura, ostentando a inscrição, esgrafitada e manuscrita, "Bonita moça".

 

Não apresentando qualquer marca, esta peça insere-se numa tradição que está documentada na produção oitocentista das Caldas da Rainha, em particular nas mulheres com guitarrra atribuídas a Maria Póstuma, conhecida popularmente como Maria dos Cacos (1797-1853), mas não é impossível que seja oriunda de um centro oleiro do Minho, do Alentejo, ou de Mafra, eventualmente da olaria de Tio António da Joana (datas desconhecidas) ou, o que será menos provável, da fase inicial de José Franco (1920-2009), que começou a praticar o ofício com aquele mestre oleiro.

 

Como é evidente, o tratamento facial desta figura remete para modelos mais arcaicos, que remontam a civilizações pré-clássicas, o mesmo acontecendo com algumas características, volumétricas e posicionais, do corpo.

 

Veja-se, ainda, como estes modelos antropomórficos foram também evocados nas lambrilhas que o SPN/SNI promoveu ao longo das décadas de 1930, 1940 e 1950 (http://mfls.blogs.sapo.pt/outras-fabricas-outras-loicas-cccliv-392994).

 

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Dezembro 24 2017

 

Pequeno prato, em porcelana da SPAL, comemorativo do Natal de 2003.

 

 

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Dezembro 16 2017

Jarra em faiança, com cerca de 12 cm. de altura e 11,8 cm. de circunferência na base, da fábrica Montargila, de Carnaxide, Oeiras.

 

Esta fábrica, cuja existência e produção têm sido escassamente divulgadas, foi fundada em finais do século XIX, em 1897 segundo algumas fontes, e terá laborado até à década de 1960.

 

Parte das suas instalações ainda subsistem, podendo ser vistas algumas fotografias e consultados alguns dados sobre a empresa, os seus administradores e alguns dos seus conhecidos colaboradores, neste site: http://gazetademiraflores.blogspot.pt/2017/04/casa-da-antiga-fabrica-de-ceramica-de.html.

 

A fundação da fábrica deve-se a J. J. Almeida Junça (datas desconhecidas), tendo a empresa contado ainda com a colaboração do conhecido pintor de azulejos José Estevam Cacella de Victoria Pereira (1877-1952), genro do também pintor José Maria Pereira Júnior (ou Pereira Cão; 1841-1921).

 

Há registo de, em 1928, a empresa ter recebido um engenheiro estagiário proveniente do Instituto Superior Técnico, provavelmente para colaborar na supervisão da extracção de materiais provenientes da barreira referida a seguir.

 

Segundo dados dos arquivos da Direcção Geral de Engenharia e Geologia, sabe-se ainda que, no início da década de 1930, a empresa explorava uma barreira nas imediações da estrada de Algés para Linda-a-Velha, de onde se retiravam, por ano, cerca de 12.171 m3 de barro destinados à fábrica.

 

Ali laboravam 24 trabalhadores, com o vencimento de 10$83 por dia, sob as ordens de um administrador, que tinha um vencimento de 12.000$00 anuais.

 

Embora algumas fontes refiram que a empresa apenas terá estado em laboração até à década de 1960, a verdade é que a mesma, sob a designação Sociedade Cerâmica Mont'Argila, SA,  ainda alterou os seus estatutos sociais em Novembro de 2000, mantendo como objecto social a indústria cerâmica.

 

Contudo, em Agosto de 2001 alterou novamente os seus estatutos e a designação social, que passou a ser Mont'Argila Imobiliária e Gestão, SA. Como se depreende, a partir de então o seu objecto social passou a estar centrado, exclusivamente, no sector imobiliário.

 

 

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Dezembro 13 2017

 

Manteigueira, formato Império, com vidrado beige semi-mate e complementos a dourado.

 

 

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Dezembro 10 2017

 

Jarra modular Double, em faiança e cortiça e com cerca de 32,5 cm. de altura, produzida pela Arfai, de Alcobaça.

 

Fundada em 1992, como simples empresa de comercialização de produtos cerâmicos, a Arfai iniciou em 1995 a sua própria produção. Actualmente afirma-se como uma das indústrias cerâmicas portuguesas que assegura produção decorativa de alta qualidade, a nível da pasta de faiança fina, dos vidrados e revestimentos e do design.

 

As excelentes peças da Arfai, contudo, beneficiariam da opção em reproduzir criações noutra pasta cerâmica mais resistente, como o barro vermelho duro ou o grés, pois a sua faiança fina revela-se demasiado frágil para um manuseamento intenso ou algo mais despreocupado.

 

Apesar dessa limitação técnica, grande parte da sua produção destina-se actualmente à exportação.

 

 

A Arfai tem colaborado com outras empresas do sector, como a Jomazé, na produção dos inúmeros modelos que cria e comercializa.

 

Uma vez que muita da sua produção se destina à exportação, nao é raro encontrar peças da Arfai sem qualquer marca, ou apresentando exclusivamente etiquetas em papel, ou, ainda, marcas de outras empresas estrangeiras, como a que se reproduz abaixo.

 

As interessantes peças da Arfai voltarão a ser reproduzidas neste espaço, mas entretanto pode-se consultar o site da empresa aqui: http://www.arfaiceramics.com/index.php.

 

 

Jarra, com cerca de 17,8 cm. de altura, produzida na Arfai para a marca dinamarquesa Knabstrup Keramik.

 

Esta jarra, integrando uma série denominada Anna (cf. https://knabstrup.com/produkter?series=16#product-grid), existe em diferentes dimensões e em três tons distintos – neste verde mate e ainda em azul claro e em branco, com esmalte brilhante, correspondendo a um modelo inspirado numa peça anteriormente criada pelo escultor e designer Johannes Hansen (1903-1995), director artístico da KK entre 1953 e 1970.

 

A KK foi fundada em 1897 mas acabou por encerrar em 1988. Entretanto, a marca foi recuperada durante o corrente ano de 2017, recorrendo à comercialização de cerâmica produzida em regime de outsourcing.

 

Consulte-se a história da KK aqui: https://knabstrup.com/historie.

 

 

 

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Dezembro 02 2017

 

Conjunto de quatro pequenos azulejos, lambrilhas, parcialmente decorados a stencil (chapa recortada) e pintados à mão, sob o vidrado, com a combinação máxima de apenas três cores sobre o revestimento estanífero de fundo.

 

Com cerca de 7 cm. de lado, estas lambrilhas não apresentam qualquer marca no tardoz. Como já foi referido (http://mfls.blogs.sapo.pt/126700.html), a fábrica Viúva Lamego executou dezenas de peças com motivos populares semelhantes a estes, mas diversas outras fábricas e oficinas terão também seguido gramáticas equivalentes.

 

Neste caso particular, contudo, sabe-se que os motivos com cavalo e boneca cerâmica datam de cerca de 1937 e são da autoria de Fred Kradolfer (1903-1968), destinando-se a algumas das lambrilhas que a Viúva Lamego produziu para o revestimento do pavilhão de Portugal na Exposição Internacional de Paris, realizada em 1937.

 

Note-se como dois dos motivos aqui apresentados reproduzem peças de cerâmica popular, motivos certamente desenvolvidos no âmbito da política e propaganda promotora e renovadora das artes populares que o SPN/SNI institucionalizou a partir da década de 1930.

 

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