Memórias e Arquivos da Fábrica de Loiça de Sacavém

Dezembro 31 2018

 

Grande jarra, com cerca de 40,8 cm. de altura, em faiança da fábrica francesa Longwy.

 

Como se observa, o motivo, apesar de não ostentar em fundo a preponderância das mais comuns tonalidades azuis, características de Iznik, apresenta clara influência islâmica.

 

Este é um aspecto particularmente interessante, pois, apesar de este ser um exemplar datável da década de 1930, o motivo 5670 da Longwy é posterior à maioria das decorações Art Déco da fábrica.

 

Note-se ainda a profusão de decoração dourada neste exemplar, uma característica de Longwy que Raymond-Henri Chevallier (1890-1959), seu director artístico desde meados da década de 1920, haveria de levar consigo e implementar posteriormente na fábrica belga Boch Frères / Keramis, da qual veio também a ser director artístico, a partir de 1937.

 

A propósito do percurso profissional de Chevallier, e das influências que terá levado consigo para outras fábricas, veja-se o artigo referente à fábrica Cérabelga: https://mfls.blogs.sapo.pt/the-twelve-days-of-christmas-i-338494.

 

Vejam-se outras peças das Faïenceries de Longwy em colecções portuguesas, com decorações e formatos predominantemente Art Déco, aqui: https://mfls.blogs.sapo.pt/277634.html, e, em maior número, também aqui: http://modernaumaoutranemtanto.blogspot.pt/search/label/Longwy.

 

 

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Dezembro 30 2018

 

Embora a fábrica Denbac tenha produzido notáveis esculturas de animais, como a da majestosa, hierática e serena figura de antílope que ontem se apresentou, a verdade é que a sua imagem de marca está associada a um consistente conjunto de excepcionais jarras modeladas dentro do estilo Art Nouveau e do estilo Art Déco.

 

Ao contrário da sua congénere de Vierzon, a Odyv, fundada na década de 1920 e que atingiu a sua maior projecção com as peças criadas ao gosto Art Déco, a Denbac comercializou notáveis exemplares de fauna, jarras e outras peças utilitárias, dentro da gramática Art Déco, mas também, devido à sua anterior fundação, notáveis exemplares ao gosto Art Nouveau.

 

 

Talvez esta jarra da Denbac, correspondente ao formato 156 e com cerca de 22,2 cm. de altura, seja um dos seus modelos Art Nouveau mais inovadores e surpreendentes.

 

Para outras peças desta fábrica francesa, e ligação a um catálogo da sua produção, vejam-se os artigos anteriormente publicados: https://mfls.blogs.sapo.pt/tag/denbac.

 

 

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Dezembro 29 2018

Caixa boleira, com cerca de 16,4 x 22,7 x 11,8 cm., em faiança da Companhia das Fábricas Cerâmica Lusitânia, Lisboa.

 

Este formato modernista, para além da filetagem e dos complementos a dourado, apenas apresenta na sua decoração um conjunto floral, de inspiração Art Déco, estampado sobre o vidrado.

 

Vejam-se outras caixas boleiras, desta e de outras fábricas e com igual ou diferente formato, aqui: https://mfls.blogs.sapo.pt/tag/caixas+boleiras.

 

 

© MAFLS

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Dezembro 29 2018

 

Figura em grés da fábrica francesa Denbac, com cerca de 22,4 x 32,6 x 11 cm., representando um antílope.

 

Seguindo uma tendência Art Déco comum a várias empresas cerâmicas internacionais, onde também se incluía a sua congénere de Vierzon, a Odyv, a Denbac produziu, durante este período, um conjunto de cerca de três dezenas de peças dedicadas à fauna.

 

Este número representa o dobro das peças criadas durante o período Art Nouveau, as quais, geralmente, mostravam a fauna – caracóis, gatos, escaravelhos, libélulas, peixes, ratos, não como motivo central e exclusivo das peças – alfineteiras, caixas, jarras, e outras, mas como complementos da sua forma.

 

Obviamente, a produção de tais peças no período Art Déco, representando animais de outros continentes que não o europeu, como este, está intimamente relacionada com as exposições coloniais que, vindo de uma tradição implementada em diversos continentes desde a segunda metade do século XIX, tiveram um novo fôlego, durante as décadas de 1920 e 1930, em países europeus como a Bélgica, a França, a Itália, os Países Baixos, ou o Reino Unido.

 

Em Portugal, como se sabe, também decorreu em 1934, pouco depois da promulgação do Acto Colonial (1930) e da Constituição (1933) do Estado Novo, nos jardins e no Palácio de Cristal do Porto, uma Exposição Colonial.

 

 

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Dezembro 28 2018

 

Pequena jarra, com cerca de 11 cm. de altura, em porcelana da fábrica dinamarquesa Bing & Grøndahl.

 

Fundada em 1853, a B&G juntou-se em 1987 à vetusta Den Kongelige Porcelaensfabrik (entretanto, mais conhecida fora da Dinamarca  pela sua designação inglesa, Royal Porcelain Factory), que havia sido fundada em 1775, dando origem à actual Royal Copenhagen (https://www.royalcopenhagen.com/home).

 

Note-se como as suaves tonalidades pastel patentes nesta decoração, características quer da B&G quer da Royal Porcelain Factory, foram entretanto adoptadas pela fábrica espanhola Lladró, fundada em 1953.

 

 

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Dezembro 27 2018

 

Jarra em faiança da fábrica inglesa Beswick.

 

No período pós-guerra, o modernismo desenvolvido pelos países escandinavos nas mais diversas áreas das artes decorativas, ao longo das décadas de 1920 e 1930, passou a assumir formas mais arrojadas e inovadoras em diversos países europeus, mesmo naqueles que demonstravam certa resistência à inovação nas formas.

 

Em Inglaterra, apesar de as cerâmicas de Keith Murray (1892-1981), Susie Cooper (1902-1995) e Clarice Cliff (1899-1972) exemplificarem características modernistas, particularmente quanto ao valor escultórico e despojado da forma, no caso do primeiro, e quanto à exuberância da decoração no caso das ceramistas, foi preciso aguardar pelo pós-guerra para que surgissem peças, como a jarra Beswick reproduzida, onde se combinassem essas duas componentes e onde o aspecto escultórico e decorativo se sobrepusesse à função do objecto.

 

Esta atitude decorreu certamente do contexto artístico onde se vinham a tornar influentes as obras do escultor Henry Moore (1898-1986) e do pintor Hans Arp (1886-1966), traduzindo muito daquilo que se chamava aproximação biomórfica à arte.

 

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Dezembro 26 2018

 

Algumas peças produzidas na fábrica checoslovaca Amphora.

 

Fundada em 1892, em Turn-Teplitz, na Boémia Austríaca, a fábrica Amphora veio a integrar o território da Checoslováquia (1918-1992) depois do reordenamento geo-político que sobreveio à I Grande Guerra.

 

Inicialmente resultante de um investimento tripartido entre os sócios Kessel, Riessner e Stellmacher, a empresa passou a ser detida apenas pela parceria Kessel e Riessner entre 1905 e 1910, tendo-se Riessner tornado o único dono a partir deste último ano.

 

A fábrica ganhou particular notoriedade com a decoração de inspiração Art Déco que desenvolveu durante as décadas de 1920 e 1930 e com o processo de acabamento da superfície, do mesmo período, que combinava vidrado brilhante, em relevo, alternando com uma superfície mate que lhe era subjacente.

 

 

Pequena jarra com cerca de 8,4 cm. altura e de 11 cm. diâmetro máximo.

 

Este exemplar evoca claramente a decoração com cabochons, pedras preciosas e semi-preciosas, patentes em algumas peças medievais, inserindo-se assim na influência que o Historismus teve na produção e nos motivos das artes decorativas durante a segunda metade do século XIX. 

 

A delineação da figura feminina, que no exemplar reproduzido abaixo surge com trajos semelhantes aos que ocorrem nalgumas regiões francesas, facto que pode indiciar uma produção destinada à exportação, atribui-se a Emile Laget (datas desconhecidas), cujas iniciais aparecem associadas à marca de algumas peças Amphora com similar decoração.

 

Veja-se uma variante de cor, e aplicação decorativa do vidrado, da jarra que aqui surge em tons de azul nesta ligação: http://blogdaruaonze.blogs.sapo.pt/161780.html.

 

 

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Dezembro 25 2018

 

Caixa bomboneira, em faiança, com decoração Art Déco geometrizante.

 

Como acontece com muitas das peças provenientes desta origem, apenas ostenta uma marca de exportação, em Inglês, com a legenda "Made in Czechoslovakia", o que não permite identificar a fábrica que a produziu.

 

O número do seu formato, 14738, permite deduzir, contudo, que se trata de uma fábrica, provavelmente de origem austríaca, com um registo de produção que recua até ao século XIX, sendo anterior, portanto, à constituição da Checoslováquia enquanto estado unificado e independente, o que apenas ocorreu a partir de 1918.

 

 

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Dezembro 23 2018

 

Grande placa circular em faiança com a inscrição manuscrita "De um Sobrinho pobre / A um "Tio Rico".

 

Notem-se os três conjuntos de iniciais patentes no tardoz – "J.P.V.", impresso na pasta, corresponderá a quem modelou a placa, "R.C.R." corresponde a quem pintou a peça e desenhou a caricatura e "H.P.F." corresponderá ao "Sobrinho pobre".

 

 

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Dezembro 15 2018

Pequena jarra, com cerca de 7 cm. de altura, em porcelana da Sociedade de Porcelanas, de Coimbra.

 

Esta decoração floral, estampada sobre o vidrado, é característica das décadas de 1950 e 1960.

 

 

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