©CDMJA/MCS
Reprodução de um folheto que pertenceu a Jorge Pereira Simões, funcionário da FLS durante 24 anos, apresentando marcas da FLS.
Este exemplar foi entretanto doado ao CDMJA, aquando da exposição Porta Aberta às Memórias, realizada em 2008 no MCS.
Note-se a incorrecção de algumas datas indicadas, bem como a ausência de certas marcas, nomeadamente a Gilman Lda.
Como se sabe, o sistema de marcação de peças estabelecido pela Vista Alegre permite-nos datar a sua produção de acordo com períodos bem definidos, pois o logótipo da VA é tradicionalmente alterado cada vez que se verifica uma mudança de administração (cf. http://mfls.blogs.sapo.pt/129589.html).
Quanto ao sistema de marcação da FLS, generalizou-se a ideia de que a marca Gilman & Cta. se manteve inalterada desde o princípio do século XX até ao princípio da década de 1970, tornando assim quase impossível distinguir, apenas pela consulta da marca, uma peça da década de 1910 de outra peça da década de 1960.
Tal método poderia levantar sérias dúvidas a pessoas pouco habituadas a considerar outros factores para a datação de cerâmica que não apenas a marca.
Esta é uma questão particularmente importante, se considerarmos que na FLS os motivos Chorão e Estátua, por exemplo, foram produzidos desde o século XIX até praticamente ao encerramento da fábrica.
G&Cta.1 G&Cta.2
Ora, acontece que a referida marca não se manteve inalterada ao longo de todo aquele período, como se verifica pelas imagens aqui apresentadas.
Infelizmente, apesar de se poderem documentar todas as variantes da marca, não é possível estabelecer com segurança um período específico para cada uma delas.
No entanto, sem efectuar uma reprodução exaustiva de todas as variantes conhecidas (faltam, por exemplo, marcas com o nome ou número do motivo por cima do círculo, ou as marcas com a abreviatura Dec. aplicadas no motivo Quinta), vejamos quais as diferenças entre elas e os dois grandes períodos a que poderão corresponder.
As marcas G&Cta.1 e G&Cta.2 apresentam entre si diferenças a nível do rectângulo da fivela, do número de furos do cinto e do seu remate. São seguramente as mais antigas do grupo aqui apresentado.
A marca G&Cta.3 é uma marca de transição para a G&Cta.4, apresentando ainda o formato rectangular da fivela, aqui já simplificada, e o remate do cinto, mas com um sombreado que não surgia nas anteriores.
G&Cta.3 G&Cta.4
A marca G&Cta.4, bem como a sua variante para exportação G&Cta.4a, já com a fivela arredondada, é a mais recente. Conhece-se marca semelhante aplicada num prato estampado com a data de 1934, a data mais recuada em que foi possível documentá-la.
Poder-se-ia, assim, concluir que as primeiras duas marcas correspondem aproximadamente ao período de 1900 a 1930 e as duas restantes ao período de 1930 a 1970.
O problema é que a marca G&Cta.1 aparece numa peça da série Bébé (cf. http://mfls.blogs.sapo.pt/19095.html), que apenas começou a ser comercializada a partir de 1945, embora não haja qualquer dúvida que a marca G&Cta.4 estava já generalizada nesse mesmo ano (cf. http://mfls.blogs.sapo.pt/35956.html) e generalizada também já na década de 1930 (cf. http://mfls.blogs.sapo.pt/8186.html)...
Apesar de tudo, é possível afirmar com alguma segurança que qualquer peça ostentando as marcas G&Cta.3 e G&Cta.4 não é certamente anterior à década de 1930, e que as marcas G&Cta.1 e G&Cta.2, características do período de 1900 a 1930, apenas foram ocasionalmente aplicadas em peças, com preponderância para aquelas que eram estampadas, produzidas entre 1930 e 1950.
Sobre a discrepância relativa ao primeiro ano de utilização da marca Gilman & Cta., 1903 ou 1905, e a data em que surgiu o último logótipo da FLS, veja-se: http://mfls.blogs.sapo.pt/63619.html.
G&Cta.4a
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