Prezado Mercador Veneziano:
Muito obrigado por mais este contributo para uma história comparada da cerâmica portuguesa.
Tive oportunidade de observar atentamente as fotografias que me remeteu, particularmente aquela que reproduz o prato fundo com o motivo Espigueiro, e de as comparar com este prato e com outros, sem a mesma decoração em relevo, marcados com o logótipo Soares dos Reis que os pratos fotografados apresentam.
Contudo, devo dizer que não fiquei plenamente convencido quanto ao facto de o molde ser exactamente o mesmo.
Embora as marcas de separação de peças no forno, três em cima, nove em baixo, sejam comuns aos dois pratos, há dois aspectos que não são coincidentes.
Por um lado, a decoração em relevo do prato aqui reproduzido não se encontra tão bem modelada e destacada como no prato com o motivo Espigueiro, mas permite ver que as depressões entre as "espigas" são mais longas no prato Espigueiro do que neste, sendo que também as "espigas" ultrapassam um pouco mais essas depressões neste exemplo.
Por outro lado, as características decorrentes do processo de prensagem (jollying and jiggering) dos pratos são diferentes - enquanto este prato apresenta dois círculos em relevo, na base, o prato com o motivo Espigueiro apresenta apenas um, tal como todos os outros pratos, marcados Soares dos Reis, que tive oportunidadde de observar.
É claro que estas diferenças poderão decorrer de uma produção distanciada de alguns anos na mesma fábrica, com diferentes meios técnicos. Não me parece, no entanto, que tal seja muito provável numa fábrica que laborou pouco mais de quarenta anos e, além disso, se dedicou também a outra loiça artisticamente mais elaborada (
http://mfls.blogs.sapo.pt/68135.html)
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De qualquer modo é, de facto, possível que o prato seja originário da fábrica Soares dos Reis, pelo que alterei o texto para admitir essa possibilidade.
Saudações!
MAFLS