Duas pequenas jarras, com motivos vegetalistas pintados à mão, em faiança da Fábrica de S. Roque, Aveiro.
A primeira, com cerca de 12,3 cm. de altura, apresenta ainda uma pequena mancha azul, aplicada a aerógrafo, na parte inferior, o que poderá sugerir que a decoração pretende representar algas.
A apresentação de motivos vegetalistas marinhos, nomeadamente de algas, era também comum em algumas peças de outra fábrica de Aveiro, a Aleluia, como se pode ver aqui: http://mfls.blogs.sapo.pt/outras-fabricas-outras-loicas-ccxiii-320588.
A segunda jarra tem cerca de 18,7 cm. de altura, ostentando na parte inferior a representação de alguma folhagem, também pintada à mão.
Estas duas peças datarão muito provavelmente da década de 1950, ou eventualmente da seguinte, remetendo os números 21 e 40, patentes na base e também pintados à mão, para os seus motivos.
Como já foi aqui referido, a empresa Faianças de S. Roque foi estabelecida por escritura lavrada em 20 de Outubro de 1945, estando o seu capital inicial, no valor de 60.000$00, equitativamente dividido por João Bernardo Moreira, João Marques de Oliveira, João Matias Vieira e José António de Aguiar.
A Fábrica de Louça do Canal de S. Roque [sic] apresentou as suas últimas contas em 27 de Dezembro de 2001, tendo o seu encerramento e dissolução sido registado em Outubro de 2002 e publicado em Diário da República no mês de Dezembro do mesmo ano.
Convém salientar que, embora os dados relativos à fundação sejam os que, até à data, foi possível encontrar em Diário do Governo, há algumas fontes que fazem recuar ao ano de 1931 a fundação da fábrica.
O facto de se registarem duas designações distintas, na fundação e na dissolução, e de se verificar esta discrepância na data de fundação levanta a hipótese de terem podido existir em Aveiro duas fábricas com a denominação S. Roque, ou uma mesma fábrica com diferentes sócios, diferentes fases produtivas, e distintas administrações.
Note-se ainda que existe uma marca, integrando a designação S. Roque, um duplo círculo e a cabaça de peregrino iconograficamente associada a este santo, que é mais antiga do que esta (cf. http://mfls.blogs.sapo.pt/outras-fabricas-outras-loicas-cclxiv-355158).
Sublinhe-se, finalmente, que estas duas peças ilustram excelentes e minuciosas qualidades decorativas e pictóricas, características pouco associadas à fábrica de S. Roque e raramente documentadas.
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