Memórias e Arquivos da Fábrica de Loiça de Sacavém

Novembro 17 2012

 

Jarra em porcelana da Vista Alegre com o logótipo da fábrica de tintas DYRUP. Com cerca de 31,1 cm. de altura, ostenta a marca correspondente ao período de 1947 a 1968.

 

O formato modernista desta jarra, executada em finais da década de 1950, ou princípios da década seguinte, é acentuado pelo pontilhado em relevo, sendo tal característica comum a várias peças de produção alemã, encontrando-se particularmente em alguns exemplares das fábricas Eschenbach (http://www.eschenbachporzellan.com/) e Rosenthal (http://www.rosenthal.de/).

 

Nesta última fábrica, o relevo pontilhado, acompanhado ou não de motivos figurativos, aparece muitas vezes associado às decorações desenvolvidas pelo consagrado designer e ceramista dinamarquês Bjørn Wiinblad (1918-2006; http://www.rosenthal.de/product/studio-line-tableware-magic-flute-sarastro-plate-25-cm-en/.)

 

 

Como se pode constatar neste anúncio da Vista Alegre, publicado na revista Panorama, número 2, III série, de Junho de 1956, este formato já era comercializado nesse ano.

 

O facto de esta peça ter sido encomendada em porcelana, e executada numa fábrica de Ílhavo, apresenta em si uma nota irónica, pois as instalações da DYRUP em Portugal, que ainda hoje se encontram no mesmo local, confinavam a norte com o perímetro da Fábrica de Loiça de Sacavém...

 

A DYRUP, empresa de origem dinamarquesa fundada em 1928 e activa em Portugal desde 1947, foi entretanto adquirida no início do corrente ano de 2012 pela empresa americana PPG (http://www.ppg.com/en/Pages/home.aspx).

 

 

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Dezembro 25 2011

 

 

Conjunto de cinco figuras natalícias em porcelana da Vista Alegre.

 

Estas figuras foram (são) também comercializadas em biscuit, mas as versões iniciais, em tonalidades pastel evocativas de uma palette característica da fábrica dinamarquesa Royal Copenhagen, são hoje mais raras.

 

Produzidos durante a década de 1970, estes conjuntos foram também exportados para os EUA numa época em que as encomendas da empresa Mottaheded eram já significativas para a VA.

 

Note-se a marca na pasta, correspondente ao período 1968-1971, sob a marca do período 1971-1980.

 

Capa da revista Vista Alegre, número 19, ano 4, Outubro de 2001.

 

É Natal. E como é Natal, publicar-se-ão hoje, excepcionalmente, quatro artigos.

 

Destes, dois pretendem ir ao encontro de algumas questões levantadas por visitantes deste espaço, quer sobre a produção quer sobre a história de duas outras fábricas portuguesas.

 

Até já.

 

 

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Dezembro 03 2011

 

Depois de um período de conservadorismo e de eterno retorno a um revivalismo orientalizante, ocorrido entre as décadas de 1970 e 1990, a Vista Alegre tem vindo a prestar maior atenção, desde o final do século XX, ao design contemporâneo.

 

Diversificando a sua oferta de formatos e decorações na loiça doméstica e recorrendo a designers e artistas plásticos, nacionais e estrangeiros, para a criação de inovadoras e interessantes peças na loiça decorativa, a VA tem vindo a apostar, finalmente, num segmento de mercado que consolidou a imagem de marca e deu grande prestígio a outras fábricas de porcelana europeias, como a Rosenthal (http://www.rosenthal.de/) e a Villeroy & Boch (http://www.villeroy-boch.com/en/au/home.html).

 

Lançada em 2008, a colecção Artistas Contemporâneos, com edição numerada e limitada, apresentando normalmente entre 200 a 500 exemplares, já promoveu obras de Eduardo Nery (n. 1938), Joana Vasconcelos (n. 1971; cf. a sua taça La Tache aqui: http://mfls.blogs.sapo.pt/127933.html), Manuel João Vieira (n. 1962), Oscar Mariné (n. 1951) e Pedro Calapez (n. 1953).

 

A última peça editada nesta série, em Julho deste ano, foi a taça Copacabana, de Nadir Afonso (nascido a 4 de Dezembro de 1920), de que aqui se reproduz o exemplar número 396 de um total anunciado como sendo de 500.

 

Esta peça recebeu o seu título da pintura homónima, datada de 1955, que foi adaptada a esta forma cerâmica e aqui apresenta a inovação do complemento a ouro na própria composição geométrica.

 

O subtil trocadilho copa/taça, contido também no título e no formato desta peça, traduz uma nova aproximação do autor ao valor dos títulos na sua obra, uma vez que Nadir Afonso sempre defendeu serem os títulos meras formas de catalogar as suas obras, sem que qualquer outra leitura lhes devesse estar subjacente.  

 

Ver as edições especiais da VA em: http://www.vistaalegreatlantis.com/peca.aspx/543/5ddot;50%20Tea%20Set%20(%C3%81lvaro%20Siza)/29/.

 

Detalhe de uma montra da loja Vista Alegre Atlantis, patente entre Julho e Setembro no Centro Comercial Vasco da Gama, em Lisboa.

 

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Outubro 22 2011

 

 

 

Grande taça em porcelana da Vista Alegre, com cerca de 31,7 cm. de diâmetro, decorada sobre o vidrado.

 

Concebida em 2010 pela artista plástica Joana Vasconcelos (n. 1971; cf. http://www.joanavasconcelos.com/home.html), e intitulada La Tache, esta foi a quarta peça lançada pela VA no âmbito do projecto artistas contemporâneos.

 

A artista Joana Vasconcelos numa fotografia promocional da peça.

 

Ao contrário do que aconteceu com anteriores edições de cerâmica contemporânea da VA (cf. http://blogdaruaonze.blogs.sapo.pt/20398.html), as peças deste projecto têm estado limitadas a formatos previamente existentes, sendo os artistas convidados apenas a conceber a decoração. 

 

Como se pode verificar, a taça reproduzida é a número 270 de uma edição alegadamente limitada a 500 exemplares. 

 

 

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Outubro 05 2011

 

Conforme é comummente referido nos catálogos e livros que tratam da história e da produção da porcelana na Vista Alegre, esta é a empresa cerâmica portuguesa que apresenta um dos mais claros registos cronológicos para a mudança de logótipo e marcas, uma vez que a mudança de administração é tradicionalmente acompanhada de mudança da marca que se apõe nas peças.

 

Estas breves notas debruçam-se sobre algumas marcas utilizadas entre 1922 e 1980 que, se exceptuarmos variantes, se resumem a quatro modelos e aos correspondentes períodos – 1922-1947, 1947-1968, 1968-1971 e 1971-1980.

 

Entre outras publicações, esta tabela encontra-se registada no livro Vista Alegre: Porcelanas (1989), de autoria colectiva, e no opúsculo Vista Alegre: Porcelanas Portuguesas (1998), de Ilda Arez (datas desconhecidas).

 

   Marca correspondente ao período 1924-1947.

 

Através da consulta dessa tabela, constata-se que a marca reproduzida acima correponde ao período de 1924 a 1947, sendo que a antecedente desta variante, em que, por exemplo, os traços horizontais que rematam a inicial V são mais curtos, havia sido introduzida em 1922 e esteve também em uso até 1947.

 

Neste primeiro exemplo, contudo, o interessante é que esta é a marca aposta no verso do cinzeiro, sob o vidrado, enquanto que a frente apresenta a marca e a data que se reproduzem. Tal como a filetagem, surgem a azul sobre o vidrado.

 

Será esta uma indicação de a nova marca ter sido apenas introduzida a 19 de Julho de 1948, uma segunda-feira? O facto de a nova marca surgir em destaque na peça sugere que a data celebra uma efeméride relativa à VA, muito possivelmente a da introdução do novo logótipo. Assim sendo, haveria lugar a um pequeno ajustamento na cronologia da referida tabela.

 

 

O segundo exemplo, patente numa peça experimental, apresenta a marca correspondente ao período 1947-1968 acompanhada de anotações referentes aos tempos de cozedura.

 

A marca VA surge sob o vidrado, bem como a referência e a data P. H. 19.7-54. Também o tempo de  cozedura de 20 minutos foi aposto, a azul, sob o vidrado, embora a indicação de cozedura adicional de mais 15 minutos tenha sido já aposta sobre o vidrado.

 

Esta peça, decorada a azul cobalto, sob o vidrado, e a dourado, sobre o vidrado, é um excelente exemplo do acompanhamento que a VA fazia do design da época.

 

Marca correspondente ao período 1947-1968.

 

De facto, este é um motivo que está muito próximo de outros motivos que então surgiram na cerâmica escandinava, particularmente em algumas peças desenhadas por Stig Lindberg (1916-1982; http://mfls.blogs.sapo.pt/63240.html), a partir da década de 1940, para a fábrica sueca Gustavsberg.

 

No entanto, esta peça da VA destaca-se dos desenhos florais de Lindberg pela maior elegância decorrente do tratamento singelo e harmonioso das formas vegetais e pela abordagem quase minimalista da composição.

 

Além de tudo isto, note-se ainda como a circularidade do rebordo está bastante imperfeita, traduzindo assim as características experimentais da peça.

 

          

 

O exemplo seguinte surge numa taça decorada integralmente sobre o vidrado, com um motivo mais uma vez próximo do gosto orientalizante que marcou durante décadas a produção da VA.

 

As romãzeiras, a representação das flores de maiores dimensões e a predominância em exclusivo dos tons de azul e dos retoques a dourado remetem claramente para essa gramática oriental.

 

Marca especial correspondente a 1974.

 

A marca aqui reproduzida corresponde à marca comemorativa dos 150 anos da VA, utilizada durante todo o ano de 1974.

 

Surge ainda a legenda complementar "1.° dia do lançamento / da nova marca / 2-1-74". Esta indicação "nova marca" refere-se exclusivamente à marca do centenário, pois uma versão quase igual deste logótipo, sem coroa de louros nem as datas 1824-1974, como se pode ver abaixo, havia sido já introduzida em 1971.

 

 

Finalmente, o último exemplo apresentado ilustra algo que aconteceu com frequência na década de 1970 – a aposição simultânea da marca VA e da marca SP.

 

Como referido anteriormente, a Sociedade de Porcelanas, de Coimbra, foi adquirida pela VA em 1945. No entanto, até à década de 1970 não era comum haver sobreposição das distintas marcas da fábrica de Coimbra e da fábrica de Ílhavo.

 

A peça apresenta a marca SP sob o vidrado, indicando portanto ser originária de Coimbra, e a marca VA sobre o vidrado, o que poderá indicar ter sido decorada em Ílhavo. Esta sobreposição é conhecida em peças com marca VA correspondentes quer a 1968-1971 quer a 1971-1980, quer ainda em peças exportadas nesse período para os EUA.

 

Esta decoração, de grande qualidade, aliás, embora não pintada à mão, como à primeira vista parece, poderá ter sido também destinada ao mercado de exportação.

 

   Marca correspondente ao período 1971-1980.

 

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Abril 23 2011

 

Pequena jarra de porcelana da Vista Alegre, com 14,2 cm. de altura, decorada com pintura manual sobre o vidrado.

 

De acordo com uma ficha dos arquivos da Vista Alegre, este é o motivo P.799, o qual foi aprovado em 22 de Janeiro de 1929 pelo director artístico da empresa, J. Cazaux (datas desconhecidas), para um outro formato, o 1169, que corresponde à jarra Quatro Asas e tem 25 cm. de altura.

 

Anotações complementares desta ficha referem que a pintura foi executada por Ângelo Chuva (datas desconhecidas), a partir de um modelo adquirido pela VA, e que o custo do formato 1169 decorado com este motivo complementado a ouro era de 18$20 à saída da fábrica, sendo o seu preço de comercialização de 80$00. 

 

Para comparação de custos e preços entre o formato 1169 e o formato 1401, correspondente ao modelo Quatro Asas sem Asas, cf. http://mfls.blogs.sapo.pt/72873.html.

 

Um jarra formato 1169, decorada com este motivo complementado a ouro, foi exibida na exposição Portuguese Ceramics in the Art Deco Period, realizada nos E.U.A. em 2005.

 

 

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Janeiro 23 2011

 

Jarra em porcelana da Vista Alegre, com pintura manual a dourado e violeta e os grãos das espigas em relevo.

 

Este formato, denominado Quatro asas sem asas (por referência ao anterior formato 1169, que apresentava essas asas), corresponde ao número 1401, tendo a sua decoração (P. 1090) sido aprovada pelo director artístico da VA , J. Cazaux (datas desconhecidas), em 17 de Dezembro de 1930.

 

O seu preço de custo à saída da fábrica era de 87$92, sendo o seu preço de retalho de 92$00. Este valor representava uma margem de lucro extremamente reduzida em comparação, por exemplo, com uma jarra de  formato 1169, pintada à mão com a decoração P. 799, que na mesma época tinha um preço de custo de 18$20 e era comercializada a 80$00.

 

Esta peça foi exibida na exposição Portuguese Ceramics in the Art Deco Period, realizada em 2005 nos E.U.A., tendo a sua imagem sido utilizada no convite oficial (cf. http://mfls.blogs.sapo.pt/31762.html).

 

 

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Dezembro 12 2010

 

Grande jarra da Vista Alegre pintada à mão, com esmalte e dourado sobre o vidrado. Adaptada posteriormente, fora da fábrica, a base de candeeiro.

 

Embora a marca corresponda ao período de 1947 a 1968, a decoração e a palette de cores recordam a decoração P. 940 de uma pequena taça que Anne-Marie Fontaine (n. 1900), designer da Manufacture Nationale de Sèvres (http://manufacturedesevres.culture.gouv.fr/), concebeu para a VA em 1926, bem como outras decorações florais da artista para a porcelana de Sèvres.

 

 

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