Painel de nove azulejos, com imagem alusiva a Nossa Senhora da Conceição pintada à mão, patente num edifício arruinado de Porto da Cruz, na ilha da Madeira.
Este exemplar representa uma invulgar variante aos mais comuns painéis de apenas quatro azulejos, sincrética e iconicamente consagrados a um tema que se confunde com este, os quais começaram a ser lançados em 1940.
Os painéis datados de 1940, produzidos em diferentes fábricas e habitualmente estampados, comemoram o dogma da Imaculada Conceição (concepção), apresentando quase sempre a legenda "A Virgem Maria Senhora Nossa foi concebida sem pecado original". Este mesmo motivo conhece-se também num único azulejo (cf. http://mfls.blogs.sapo.pt/228397.html).
De facto, para além de apresentar nove azulejos, este conjunto surge com a imagem de Nossa Senhora pintada à mão, não alude explicitamente ao dogma, tendo ainda sido produzido em 1948, dois anos depois do tricentenário da consagração do reino de Portugal a Nossa Senhora da Conceição.
Veja-se um azulejo produzido pela FLS no ano de 1946 e com a mesma temática religiosa, mas com uma gramática totalmente distinta, aqui: http://mfls.blogs.sapo.pt/44854.html.
Em 1818, D. João VI (1767-1826; rei, 1816-1826) instituíu a Real Ordem Militar de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, que foi extinta enquanto ordem militar pelo governo republicano instaurado em 1910.
Com os graus de grã-cruz, comendador, cavaleiro e servente, e condecorações desenhadas pelo artista francês Jean-Baptiste Debret (1768-1848), a ordem tinha el-rei como grão-mestre, sendo preservada nos nossos dias, e concedida ainda a título privado, pelo actual Duque de Bragança.
Depreciativamente tratada como a medalhinha de Nossa Senhora da Conceição pelos republicanos do final da monarquia, e também durante a I República, ostenta as iniciais AM (Avé Maria) envolvidas pela legenda Padroeira do Reino e ainda hoje apresenta a tradicional banda monárquica em seda azul celeste.
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