Bom dia.
Desconheço os documentos, ou os pressupostos, que serviram de base ao estabelecimento de datas específicas, para as marcas do período da Real Fábrica de Sacavém, pelos peritos do Museu de Cerâmica de Sacavém.
As datas registadas pelas publicações mais recentes, como o catálogo da exposição Porta Aberta às Memórias, volume I (2008), referem os períodos de 1863-1870 para a marca estampada e 1880-1885 para a marca relevada (em relevo positivo) da âncora.
Como poderá verificar na página 284 do referido catálogo, os responsáveis do MCS expressam a sua incerteza quanto à possibilidade de datação exacta das peças que apresentam tais marcas em simultâneo.
Obviamente, uma peça que apresenta uma marca incisa dificilmente poderia apresentar uma marca estampada (mesmo que fosse sob o vidrado) de um período anterior, pois a marca incisa na pasta é aposta quando esta ainda está macia e moldável e a marca estampada quando nos encontramos já na fase do biscoito.
Significa isto que se aceitarmos as datas de 1880-1885 para a marca incisa, tal invalidará a atribuição de uma data anterior à peça, mesmo partindo das eventuais datas de 1863-1870 consagradas à marca estampada.
Além disso, a situação torna-se ainda mas confusa quando constatamos que o prato apresentado neste artigo ostenta a referida marca estampada e a marca SACAVEM, sobreposta à âncora, incisa, i.e. em relevo negativo...
Resumindo, de acordo com o actual conhecimento das marcas, dos motivos do período da Real Fábrica de Sacavém e da documentação da época, não é possível atribuir, sequer, uma data precisa à introdução do motivo Congo na produção da fábrica e, menos ainda, uma data específica para a produção de cada peça, a não ser que tal esteja expressamente indicado (como se pode verificar, explicitamente, aqui:
http://mfls.blogs.sapo.pt/15648.html , ou, implicitamente, aqui:
http://mfls.blogs.sapo.pt/3635.html ).
Saudações.