Memórias e Arquivos da Fábrica de Loiça de Sacavém

Setembro 22 2018

 

Pequeno troféu, com cerca de 13,6 cm. de altura e 8,2 cm. de diâmetro máximo na base, ostentando duas medalhas, em bonze, comemorativas dos 75 anos da fábrica de Valadares, que se celebraram em 1996.

 

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Setembro 18 2016

 

Medalha em grés, com cerca 0,8 cm. de altura e 9 cm. de diâmetro, comemorativa dos 58 anos da fundação (25 de Abril de 1921) da fábrica de Valadares (http://archvaladares.com/historia/).

 

Esta fábrica de azulejaria e loiça sanitária, uma das maiores a laborar em Portugal durante a segunda metade do século XX, passou durante os últimos anos por diversos problemas que quase a levaram à falência, mas entretanto retomou a produção e parece estar a recuperar daquela situação periclitante.

 

Registe-se que, embora tal não corresponda hoje à imagem de marca da empresa, a Valadares criou e comercializou cerâmica decorativa durante o segundo quartel do século XX.

 

Como já foi aqui referido (http://mfls.blogs.sapo.pt/tag/clariano+casquinha+da+costa), um dos melhores modeladores da FLS, Clariano Casquinha da Costa (1929-2013), abandonou esta última fábrica para ingressar na Valadares durante a década de 1960.

 

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Dezembro 25 2013

 

Como já foi referido anteriormente (http://mfls.blogs.sapo.pt/211552.html), a tradição cerâmica da família Boch remonta a meados do século XVIII, tendo a fábrica Boch Frères / Keramis sido fundada já em meados do século seguinte.

 

Este ano, o espaço dedicado à BFK ilustra alguma da diversificada produção da fábrica, quer quanto às pastas – faiança e grés, quer quanto às diferentes decorações.

 

A primeira peça apresentada, um jarrão com o motivo 17 e medindo cerca de 39,6 cm. de altura, ilustra uma decoração floral influenciada pelo estilo Art Nouveau, sobre fundo metalizado de cobre.

 

Produzida, certamente, no primeiro período da direcção artística de Charles Catteau (1880-1966), insere-se ainda na tradição de revestimentos metalizados e irisados cuja técnica foi celebrizada em França por Clement Massier (1845-1917), e seus descendentes, a partir da década  de 1880.

 

 

A segunda peça, uma pequena jarra em grés com cerca de 9,4 cm. de altura e ostentando o motivo 661, datável já de 1921, traduz ainda uma influência japonizante que transitou também do século XIX.

 

Evocando na sua forma contida aquele que poderia ser o perfil do monte Fuji, esta jarra apresenta um vidrado escorrido multicolorido sobre um vidrado verde mate, técnica característica da tradição cerâmica japonesa.

 

 

A terceira jarra, com cerca de 30,4 cm. de altura e um design datável de 1927, apresenta já uma característica decoração floral de inspiração Art Déco, com o motivo 1121, associada à técnica de vidrado e ao fundo craquelé que celebrizou a produção da fábrica nesse período.

 

O tom verde de jade predominante nesta peça remete ainda para uma cor derivada do óxido de ferro, denominada celadon green em inglês, característica de diversas peças cerâmicas chinesas e coreanas.

 

 

Finalmente, a última jarra, com cerca de 30,1 cm. de altura, apresenta novamente um vidrado distinto, cuja superfície é mais lisa ao tacto, com tonalidades características do final da década de 1930 e princípios da década seguinte.

 

Através de um prato comemorativo do centenário da fundação da BFK (datado de 18 de Março de 1941), com a mesma tonalidade, a mesma técnica decorativa desta jarra e numeração próxima (2741), deduz-se que o motivo 2524 terá sido criado em 1940, durante o primeiro ano de ocupação da Bélgica pelas forças nazis.

 

               

 

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Fevereiro 06 2011

 

Corças em faiança, fabricadas na unidade de Coimbra da companhia Lusitânia (acima) e na unidade de Lisboa.

 

Fundada em 1890, em Lisboa, a fábrica Lusitânia dedicou-se inicial e essencialmente à produção de materiais de construção e revestimento.

 

A maior atenção dada pela empresa à produção de loiça utilitária e decorativa ocorreu a partir de 18 de Junho de 1920, data em que o Banco Industrial Português, Júlio Martins (Júlio do Patrocínio Martins, 1878-1922; ministro, com diferentes pastas, desde 1919 a 1921) e Augusto Tavares adquiriram a companhia aos seus anteriores proprietários e fundadores, Silvain [sic, Diário do Governo] e Marie Therèse Bessière.

 

 

A 28 de Dezembro de 1921 a Companhia da Fábrica Cerâmica Lusitânia, com sede na Rua do Arco do Cego, número 88, Lisboa, estabeleceu os seus estatutos, sendo o seu capital de 2.500.000$00 dividido em 25.000 acções de 100$00, assim distribuídas:

 

Banco Industrial Português, 1.662.000$00; Júlio Martins, 554.000$00; Augusto Tavares, 277.000$00; Francisco Santos, 1.000$00; António Lourenço Barata, 1.000$00; João Cooke Carrington, 1.000$00; Dr. Vasco Guedes de Vasconcelos, 1.000$00; Armando Luís Rodrigues, 1.000$00; Dr. Álvaro Machado, 1.000$00; e Dr. Augusto Soares, 1.000$00.

 

 

Em 1930 a companhia iniciou a construção de um forno-túnel, com alimentação contínua, em Coimbra. Em 1934, o relatório anual da empresa referia que a fábrica de Coimbra empregava 750 operários mas que não dava lucro. Nesse mesmo ano, João Cooke Carrington, accionista e director da companhia, faleceu.

 

Em 1936 a companhia adquiriu à empresa Chambers & Wall a fábrica de Massarelos, no Porto. Ainda nesse ano, a utilização do forno-túnel de Coimbra foi suspensa, devido a restrições legais, permanecendo em operação apenas os fornos intermitentes.

 

Em 1945 a companhia abandonou os planos de construir uma nova fábrica e de deslocalizar a sua fábrica de Arraiolos para outro local. Posteriormente, a empresa veio a substituir a marca CFCL pala marca LUFAPO.

 

 

Em Coimbra, a acta do municípo de 23 de Setembro de 2002 registava a prevista demolição do edíficio fabril, devido à sua acentuada degradação. A cidade, no entanto, preserva a memória da fábrica, pois a noroeste da estação ferroviária existe ainda hoje o bairro da Lufapo. 

 

Em Lisboa, o edifício da fábrica existia ainda em 1982, embora já então pertencesse à Caixa Geral de Depósitos. Acabou por ser demolido em 1988, para se construir, entre 1987 e 1993, a sede da CGD, que preservou in loco um dos fornos, e respectiva chaminé, do complexo fabril. Este conjunto foi integrado num jardim e pode hoje ser observado junto à fachada principal da CGD, na Avenida João XXI.

 

Também o arquitecto Tomás Taveira (n.1938) preservou a memória da fábrica Lusitânia, no edifício pós-modernista que projectou para o outro lado da Avenida João XXI.

 

 

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Outubro 23 2010

 

Pratos decorativos em porcelana da Electro-Cerâmica do Candal, com estampagem policromada, esmalte aerografado, nos rebordos, e retoques e filetagem a dourado, sobre o vidrado.

 

No prato reproduzido acima apresenta-se a imagem de uma truta-salmonada (Salmo trutta L.) e no reproduzido abaixo a imagem de uma variante de barbo (Barbus barbus L.), ambos peixes comuns nas águas fluviais portuguesas (cf. http://www.cartapiscicola.org/).

 

Embora, à primeira vista, esta decoração pareça não ter qualquer influência oriental, note-se como os remates dourados dos rebordos fazem lembrar duas folhas sobrepostas de ginkgo (Ginkgo biloba L.), árvore sagrada para os budistas e conotada no ocidente com a China e o Japão, e a representação dos peixes em grande plano evoca o tratamento gráfico das xilogravuras japonesas.

 

Prato estampado da série Aquarium, desenhada no final do século XIX por William S. Coleman (datas desconhecidas) para a fábrica inglesa Mintons.

 

A Empresa Electro-Cerâmica foi fundada no Candal, Vila Nova de Gaia, por escritura de 28 de Março de 1919, com o capital social de 599.940$00.

 

A 9 de Junho de 1921 esse capital foi aumentado para 3.600.000$00, ficando assim distribuído: Joaquim Pereira Ramos, 496.870$00; Pinto da Fonseca & Irmão, 300.060$00; Joaquim Pinto Leite, Filho & C.ª, 300.060$00; Dr. José Pereira Caldas, 287.370$00; Banco Comercial do Porto, 135.720$00; Banco Aliança, 54.000$00; Alfredo Pinto de Castro e Silva, 18.000$00; Calisto Bueri, 5.400$00; e Dr. Manuel José Coelho, 2.520$00 (Note-se que apesar de o  Diário do Governo indicar o capital de 3.600.000$00, a soma das parcelas totaliza apenas 1.600.000$00).

 

A 27 de Outubro de 1932 foi reduzido para 90.000$00, ficando distribuído por 100.000 acções no valor nominal de 90 centavos. A 23 de Agosto de 1935 a empresa alterou novamente os seus estatutos, mantendo o valor do capital social, embora a administração tenha sido autorizada a aumentá-lo para 900.000$00, quando considerado oportuno.

 

 

A 27 de Janeiro de 1945 a empresa aumentou o seu capital de 900.000$00 para 5.000.000$00, um aumento de 4.100.000$00 que ficou assim distribuído: António Coimbra e Irmão, 20.250$00; Fernando Henrique Braga Vareta, 4.050$00; Luiz Alves de Carvalho, 40.500$00; Álvaro Fernandes Ferreira, 2.070$00; Banco Espírito Santo e Comercial de Lisboa, 810$00; Amadeu Martins Pinto, 450$00; António Dias de Carvalho, 8.100$00; Óscar Guisado, 1.260$00; Pacheco, Filhos, Limitada, 94.230$00; José de Vilas Boas, 221.400$00; Moses Amzalak, 30.330$00; e Fábrica de Porcelanas da Vista Alegre, Limitada, 3.676.550$00.

 

A 9 de Abril do mesmo ano, a empresa, já controlada pela Vista Alegre, adquiriu 50% do capital da Sociedade de Porcelanas, Limitada, de Coimbra. Os restantes 50% do capital social da SP, que passou a totalizar 1.000.000$00, foram adquiridos pela VA. Conforme se constata em nova publicação no Diário do Governo, este processo apenas se concluíu a 17 de Junho de 1945.

 

Desta série de pratos conhece-se ainda um outro exemplar apresentando uma imagem de um lavagante europeu (Homarus gammarus, antes genericamente classificado como Cancer gammarus L.), que não se reproduz devido ao seu extremo mau estado.

 

 

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