Anúncio publicado na revista Ilustração, número 114, de 16 de Setembro de 1930.
Embora não se encontre assinada, a ilustração da capa será muito provavelmente de Stuart Carvalhais (1887-1961).
Detalhe da capa da revista.
© MAFLS
Anúncio publicado na revista Ilustração, número 114, de 16 de Setembro de 1930.
Embora não se encontre assinada, a ilustração da capa será muito provavelmente de Stuart Carvalhais (1887-1961).
Detalhe da capa da revista.
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Continuando a evocar as populares Festas de S. João através de cerâmica da região do Porto, publica-se hoje um prato da Fábrica do Carvalhinho, em forma de travessa oval recortada com cerca de 17,8 x 20,2 cm., apresentando motivo floral pintado à mão.
O formato desta peça encontra-se referido numa tabela da Fábrica Cerâmica do Carvalhinho não datada, embora seja muito provavelmente da década de 1930, sob o número 30, "[Prato rendilhado] Idem oval", ao preço de 10$00.
Veja-se um outro prato deste formato, apresentando o motivo número 3 (?), aqui: http://mfls.blogs.sapo.pt/21266.html.
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Anúncio de página inteira publicado no Almanaque Lello para 1931.
Como se viu anteriormente (http://mfls.blogs.sapo.pt/192804.html), neste almanaque publicou-se também um anúncio da FLS, traduzindo esta publicação simultânea a nova realidade empresarial criada em 1930 com a aquisição da Fábrica do Carvalhinho pela FLS.
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Anúncio de meia página publicado no Almanaque Lello para 1931.
Neste almanaque publicou-se também um anúncio da Fábrica do Carvalhinho, que será reproduzido posteriormente.
O aparecimento simultâneo destes dois anúncios num almanaque para 1931, editado no Porto, está indubitavelmente ligado ao facto de a FLS ter adquirido em 1930 a Fábrica do Carvalhinho e à publicitação dessa nova realidade empresarial. Com efeito, ao longo dos oito anos em que este almanaque se publicou – 1929-1936, este foi o único em que se apresentou publicidade destas fábricas.
Sublinhe-se ainda a sensibilidade e tacto publicitário dos responsáveis por estes anúncios, que optaram por meia página, sem ilustração, para a FLS e por página inteira, com ilustração, para a Fábrica do Carvalhinho.
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Figura em faiança da unidade de Coimbra da Companhia das Fábricas Cerâmica Lusitânia, com cerca de 15,2 cm. de altura, apresentando decoração policromática a esmalte sobre o vidrado.
Como se pode constatar, o tratamento desta figura evoca um curioso cruzamento entre as figuras Hümmel anteriormente referidas (http://mfls.blogs.sapo.pt/tag/h%C3%BCmmel), que começaram a ser comercializadas a partir de 1935, e as figuras da série Bébé da FLS (http://mfls.blogs.sapo.pt/56396.html), lançadas a partir de 1945.
Uma vez que esta peça não foi produzida antes da década de 1930, dado ser da unidade e Coimbra, e muito provavelmente possa ser de meados da década 1940, é possível que esta seja a resposta concorrencial da CFCL à série Bébé da FLS, embora não se conheçam muitas figuras da CFCL dentro desta gramática.
Como se verifica abaixo, esta peça corresponde ao formato 153. Na exposição Portuguese Ceramics in the Art Deco Period, realizada nos EUA em 2005, exibiu-se uma figura de um gato, com marca semelhante, correspondente ao formato 167.
Nesse evento exibiu-se ainda a figura de um pelicano, correspondente ao formato 113, com a marca CFCL2, peça semelhante a uma que já foi apresentada por MUONT (http://modernaumaoutranemtanto.blogspot.pt/2011/11/pelicano-da-lusitania-coimbra.html#links). Atendendo ao que se refere nesse artigo, a presença de uma marca de Coimbra, fica a dúvida sobre a produção dos mesmos formatos nas unidades de Coimbra e Lisboa.
A propósito da marca desta peça, ensaia-se aqui uma tentativa de sistematização, não exaustiva, de diferentes marcas impressas da CFCL, apresentando-se primeiro, por ordem cronológica, as marcas que possivelmente teriam sido exclusivas da unidade de Lisboa.
Permanece, no entanto, a dúvida se a marca CFCL3 não teria sido comum às diferentes unidades da CFCL a partir da década de 1950.
CFCL1 CFCL2 CFCL3
Foi a partir de 1929 que a CFCL expandiu consideravelmente o seu património e colocou em prática um plano de reconversão, modernização e diversificação de unidades industriais, originando assim o lançamento de diferentes marcas, conforme se pode constatar no relatório e contas da direcção da CFCL para esse ano:
"Completado com pleno êxito, no exercício de 1928, o primeiro plano do desenvolvimento industrial, que o nosso director geral iniciara há cêrca de oito anos, começámos no exercício findo a efectivar o segundo plano que, de um modo geral, mereceu já a vossa aprovação.
No exercício findo adquiriram-se por compra três novas fábricas de produtos cerâmicos, a de Alcarraques, a de Arraiolos e a de Coimbra, que, livres de encargos, pertencem hoje integralmente à nossa Companhia.
As novas fábricas possuem terrenos anexos com mais de 250:000 metros quadrados, uma superfície construída de cêrca de 40:000 metros quadrados, e devem ocupar, quando em marcha normal, mais de 1:000 operários.
Na nova fábrica de Coimbra, destinada especialmente a cerâmica fina, estamos concentrando quási todos os nossos esforços, com o objectivo de transformá-la ràpidamente numa das maiores fábricas da especialidade. Algumas secções trabalham já regularmente e esperamos normalizar a produção de todas elas durante o exercício de 1930.
É evidente que a aquisição das novas fábricas e o apetrechamento da fábrica de Coimbra, onde se construíram já cinco novos fornos e se utilizaram mais de trinta vagões de maquinismos e utensílios, nos obrigou a grandes imobilizações de dinheiro. Porém, os nossos recursos fizeram face a todos os encargos, mesmo os resultantes da compra de novas matérias primas, continuando a situação financeira da nossa Companhia a ser desafogada."
Abaixo apresentam-se três marcas impressas relativas a Coimbra, ressalvando-se o facto de se conhecerem também marcas de Coimbra pintadas à mão: http://modernaumaoutranemtanto.blogspot.pt/2011/11/jarra-esferica-lusitania-coimbra.html#links.
CFCL Coimbra1 CFCL Coimbra2 CFCL Coimbra 3
Já no relatório e contas da direcção da CFCL para o exercício de 1930 continua a afirmar-se o sucesso da sua política e a consolidação do seu crescimento:
"A grave crise económica e financeira que, de um modo geral, afecta todos os países atingiu em Portugal o seu período agudo. A nossa Companhia sentiu-lhe, como é natural, os efeitos, mas o moderno apetrechamento das nossas fábricas, a perfeição dos nossos variados produtos, a nossa boa organização e os nossos fortes recursos permitiram-nos assim mesmo aumentar consideràvelmente as nossas vendas e obter lucros muitos superiores aos do exercício de 1929.
À nova fábrica de Coimbra continuou o nosso director geral a dispensar a maior parte dos seus esforços. A produção desta fábrica está hoje normalizada e os respectivos produtos, especialmente a louça sanitária, os azulejos, o grés, os produtos de barro vermelho e os pavimentos hidráulicos e cerâmicos, estão obtendo um interessante sucesso no mercado. As obras de ampliação, a instalação de novas máquinas e a construção de novos fornos tomaram no exercício findo grande desenvolvimento, e vão continuar, com a possível actividade, no exercício de 1931.
Nas outras fábricas continuámos a habitual política de aperfeiçoamento e modernização, conservando-se paradas duas delas, por assim o aconselharem os nossos interêsses e a situação do mercado.
Estabelecemos no exercício findo o nosso depósito no Pôrto, ficando o escritório e os armazéns centrais instalados na Rua do Almada, 249 a 253.
Adquirimos em 1930 uma casa de habitação e uma regular propriedade rústica em Coimbra, e terrenos de apreciável valor industrial nos lugares de Marmeleira, Adémia e Alcarraques."
CFCL Porto / Massarelos
Apesar das dificuldades decorrentes do contexto económico-financeiro e de grandes contratempos na implementação total e eficaz da unidade de Coimbra, a política de expansão e aquisições da CFCL veio a desenvolver-se durante mais alguns anos, culminando em 1936 com a compra da fábrica de Massarelos, no Porto.
Essa aquisição originou o aparecimento de uma nova marca, LUFAPO / MASSARELOS, que se reproduz acima. Como se verifica, esta é uma marca que manteve na essência o modelo instituído no início do século XX durante a fase da Empresa Cerâmica Portuense (1904-1912), o qual fora também preservado posteriormente na fase Chambers & Wall (1912-1936).
Assim, no interior do círculo, às iniciais ECP sucederam-se as iniciais C&W e, no período CFCL, a cruz de Cristo.
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Macaco em grés revestido a vidrado semi-mate verde azeitona, com cerca de 21,4 x 18,8 x 10,4 cm., do último período de produção da FLS. Note-se o característico vidrado deficiente destas peças tardias.
Ao contrário da maioria dos exemplares conhecidos, este apresenta incisa na base a inscrição manuscrita "5-1-86 / G. [C. ?] A. V. F.", conforme se pode ver abaixo. Apesar das consultas realizadas junto de peritos da FLS que se encontravam ligados à empresa nessa data, não foi possível desvendar o significado destas iniciais.
Como já foi referido anteriormente (http://mfls.blogs.sapo.pt/158380.html), esta escultura foi modelada por Donald Gilbert (1901-1961), correspondendo eventualmente à peça registada na tabela de Novembro de 1945 sob o número 191, "Figura Macaco", ao preço de 141$00 para "Colorido s/ ouro". Esta surge ainda na tabela de Maio de 1951 ao preço de 162$00 para "Côres Mates ou coloridos s/ ouro", não constando já da tabela de Maio de 1960.
Notem-se as diferentes dimensões desta peça relativamente às outras duas que estão referenciadas na ligação apresentada acima, e veja-se uma imagem de um outro exemplar, em conjunto com outros animais da FLS, aqui: http://mfls.blogs.sapo.pt/176503.html.
A fim de ilustrar outros vidrados e outras abordagens estilísticas dentro da gramática Art Déco, reproduz-se acima a escultura de um mandril, com cerca de 22,8 cm. de altura, executada em grés pela fábrica dinamarquesa Dagnaes.
Esta fábrica foi estabelecida em 1930 pelo ceramista Niels Peter Nielsen (1888-1968), o qual havia já fundado anteriormente uma pequeno estúdio em Egebjerg (1909-1918) e a Danico (1919-1929), empresas que sempre tiveram as suas diferentes sedes na região de Horsens.
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A propósito de cores invulgares na produção monocromática da FLS, de pastas coloridas e da influência inglesa, surge a oportunidade de apresentar aqui duas das peças que Clive Gilbert (cheers, Clive!) ofereceu ao autor deste espaço nos últimos anos – um conjunto criado por Clarice Cliff (1899-1972) para a fábrica inglesa Newport Pottery.
Esta chávena de chá, e pires, do formato Daffodil foi produzida numa pasta cerâmica colorida denominada Damask Rose, a qual foi introduzida pela Newport em 1930.
Como se sabe, a FLS produziu também loiça doméstica e decorativa em pastas de diferentes cores – azul (cf. http://mfls.blogs.sapo.pt/tag/pasta+azul), marfim (cf. http://mfls.blogs.sapo.pt/76995.html), e verde (cf. http://mfls.blogs.sapo.pt/82511.html).
A publicação de hoje pretende voltar a chamar a atenção para o facto, já referido (cf. http://mfls.blogs.sapo.pt/85772.html), de as peças monocromáticas da FLS não serem maioritariamente fabricadas em pasta colorida, sendo esta pasta particularmente característica da produção da FLS nas décadas de 1930 e 1940.
Com efeito, peças como a jarra reproduzida há duas semanas (cf. http://mfls.blogs.sapo.pt/157712.html) e as chávenas, e pires, monocromáticas indicadas no parágrafo anterior foram produzidas em pasta branca que posteriormente recebeu um vidrado monocromático, não devendo portanto ser confundidas com as peças produzidas em pasta colorida.
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Anúncio publicado no Anuário do Império Colonial Português para o ano de 1937.
Recorde-se que a Fábrica do Carvalhinho era administrada pela FLS desde 18 de Janeiro de 1930.
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Jarra em porcelana da Vista Alegre, com pintura manual a dourado e violeta e os grãos das espigas em relevo.
Este formato, denominado Quatro asas sem asas (por referência ao anterior formato 1169, que apresentava essas asas), corresponde ao número 1401, tendo a sua decoração (P. 1090) sido aprovada pelo director artístico da VA , J. Cazaux (datas desconhecidas), em 17 de Dezembro de 1930.
O seu preço de custo à saída da fábrica era de 87$92, sendo o seu preço de retalho de 92$00. Este valor representava uma margem de lucro extremamente reduzida em comparação, por exemplo, com uma jarra de formato 1169, pintada à mão com a decoração P. 799, que na mesma época tinha um preço de custo de 18$20 e era comercializada a 80$00.
Esta peça foi exibida na exposição Portuguese Ceramics in the Art Deco Period, realizada em 2005 nos E.U.A., tendo a sua imagem sido utilizada no convite oficial (cf. http://mfls.blogs.sapo.pt/31762.html).
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Painéis de azulejos do Mercado Municipal de Vila Franca de Xira, representando cenas da lezíria ribatejana, com particular destaque para os touros e os campinos.
Uma fotografia patente no catálogo da exposição Porta Aberta às Memórias, Segunda Edição (MCS, 2009) mostra uma versão não montada do painel reproduzido acima que apresenta, em segundo plano, diferentes figuras e diferente paisagem, bem como uma cercadura completamente diferente. Apresenta ainda em azulejo, abaixo da imagem, uma legenda com o título A Primeira Lição.
O painel de cima encontra-se assinado A. P. Gomes (Álvaro Pedro Gomes, 1894-1974) e o de baixo, com a data de 1930, A. C. M. (António Castro Mourinho, 1892-1963).
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