Memórias e Arquivos da Fábrica de Loiça de Sacavém

Dezembro 26 2015

  

    

 

Jarra em faiança da Cerâmica Bombarralense, Limitada, com cerca de 28,7 cm. de altura, pintada à mão sob o vidrado e apresentando impresso na pasta o número 220 que, como já foi referido, corresponderá ao seu formato.

 

Este exemplar vem confirmar uma tendência decorativa da empresa que, durante o seu curto período de apenas dez anos de laboração, parece ter privilegiado em algumas das jarras a utilização exclusiva do azul e do amarelo, conforme aqui se tinha observado anteriormente (http://mfls.blogs.sapo.pt/149743.html).

 

Já na loiça de mesa, também pintada à mão, conhecem-se diversas combinações cromáticas, particularmente nos pratos, onde surgem tonalidades de verde ou de castanho, o sangue-de-boi e o bordeaux.

 

 

© MAFLS

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Abril 29 2013

© MCS/CDMJA

 

Fotografia de uma escultura em biscuit (barro parian) representando, de acordo com declarações de Clive Gilbert (n. 1938), a famosa égua Aureole, da coudelaria da rainha de Inglaterra. Tendo-se classificado em segundo lugar no Derby de Epsom de 1953, Aureole veio a conquistar a Coronation Cup no ano seguinte.

 

Na tabela de preços de Maio de 1960 surgem referenciados dois cavalos em barro parian – um sob o número 675, "Figura Cavalo", ao preço de 250$00, outro sob o número 691, "Figura Cavalo (Raça Inglesa)", ao preço de 230$00. Esta última referenciação deverá corresponder, obviamente, à peça aqui ilustrada.

 

Ainda segundo Clive Gilbert, esta escultura foi modelada por Clariano Casquinha da Costa (1929-2013).

 

No dia em que este faleceu (12 de abril), os seus descendentes criaram uma página (https://www.facebook.com/ClarianoCasquinhaDaCosta) que se propõe divulgar a obra deste notável mestre ceramista.


A reprodução desta fotografia é uma cortesia do Museu de Cerâmica de Sacavém / Centro de Documentação Manuel Joaquim Afonso.

 

© MAFLS

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Março 04 2012

 

Jarra em faiança da Cerâmica Bombarralense, Limitada, com cerca de 26,6 cm. de altura, pintada à mão sob o vidrado. O número manuscrito 136, que se encontra também impresso na pasta, parece corresponder ao formato e não ao motivo.

 

Estabelecida por escritura de 18 de Fevereiro 1944, que declara estar a C. B. L. "destinada ao fabrico de louça doméstica, artística e azulejos", tinha como seu capital inicial a quantia de 60.000$00.

 

De acordo com o Diário do Governo, de onde se retiraram as informações anteriores, o capital social da empresa estava distribuído por três parcelas de 20.000$00, em nome de José Luiz de Barros, Joaquim Amador Maurício e Jorge de Almeida Monteiro.

 

O grande dinamizador da fábrica foi este último, que exercia as funções de director técnico, e embora a produção se centrasse em modelos que evocavam gramáticas decorativas de outros séculos, como esta jarra ilustra, e insistisse num azul reminiscente daquele que se aplicava em Alcobaça, há notícia de a Cerâmica Bombarralense ter conseguido estabelecer durante algum tempo um núcleo experimental de cerâmica contemporânea, onde alguns ceramistas, escultores e pintores poderão ter criado, pontualmente, algumas peças.

 

Nesse período, Jorge de Almeida Monteiro terá recebido na empresa a visita de diversos artistas plásticos que então iniciavam a sua carreira, e haveriam de se consagrar posteriormente, como os pintores e gravadores Júlio Pomar (n. 1926; cf. http://www.cam.gulbenkian.pt/index.php?article=59984&visual=2&langId=1&ngs=1&back=P) e Alice Jorge (1924-2008; cf. http://pt.wikipedia.org/wiki/Alice_Jorge), e escultores e ceramistas com obra já reconhecida, como Maria Barreira (1914-2010) e seu marido, o bombarralense Vasco Pereira da Conceição (1914-1992; cf. http://vlapy.no.comunidades.net/index.php.).

 

Entre a sua fundação e cerca de 1948, e ainda no princípio da década seguinte, a Cerâmica Bombarralense contou também com o contributo do então jovem aprendiz Ferreira da Silva (n. 1928; cf. http://www.cidadeimaginaria.org/cer/FerreiradaSilva.pdf http://mfls.blogs.sapo.pt/tag/ferreira+da+silva).

 

Segundo João B. Serra (http://www.cidadeimaginaria.org/cer/hcer.htm), a empresa acabou por encerrar em 1954, na sequência de um incêndio.

 

 

© MAFLS

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Outubro 05 2011

 

Conforme é comummente referido nos catálogos e livros que tratam da história e da produção da porcelana na Vista Alegre, esta é a empresa cerâmica portuguesa que apresenta um dos mais claros registos cronológicos para a mudança de logótipo e marcas, uma vez que a mudança de administração é tradicionalmente acompanhada de mudança da marca que se apõe nas peças.

 

Estas breves notas debruçam-se sobre algumas marcas utilizadas entre 1922 e 1980 que, se exceptuarmos variantes, se resumem a quatro modelos e aos correspondentes períodos – 1922-1947, 1947-1968, 1968-1971 e 1971-1980.

 

Entre outras publicações, esta tabela encontra-se registada no livro Vista Alegre: Porcelanas (1989), de autoria colectiva, e no opúsculo Vista Alegre: Porcelanas Portuguesas (1998), de Ilda Arez (datas desconhecidas).

 

   Marca correspondente ao período 1924-1947.

 

Através da consulta dessa tabela, constata-se que a marca reproduzida acima correponde ao período de 1924 a 1947, sendo que a antecedente desta variante, em que, por exemplo, os traços horizontais que rematam a inicial V são mais curtos, havia sido introduzida em 1922 e esteve também em uso até 1947.

 

Neste primeiro exemplo, contudo, o interessante é que esta é a marca aposta no verso do cinzeiro, sob o vidrado, enquanto que a frente apresenta a marca e a data que se reproduzem. Tal como a filetagem, surgem a azul sobre o vidrado.

 

Será esta uma indicação de a nova marca ter sido apenas introduzida a 19 de Julho de 1948, uma segunda-feira? O facto de a nova marca surgir em destaque na peça sugere que a data celebra uma efeméride relativa à VA, muito possivelmente a da introdução do novo logótipo. Assim sendo, haveria lugar a um pequeno ajustamento na cronologia da referida tabela.

 

 

O segundo exemplo, patente numa peça experimental, apresenta a marca correspondente ao período 1947-1968 acompanhada de anotações referentes aos tempos de cozedura.

 

A marca VA surge sob o vidrado, bem como a referência e a data P. H. 19.7-54. Também o tempo de  cozedura de 20 minutos foi aposto, a azul, sob o vidrado, embora a indicação de cozedura adicional de mais 15 minutos tenha sido já aposta sobre o vidrado.

 

Esta peça, decorada a azul cobalto, sob o vidrado, e a dourado, sobre o vidrado, é um excelente exemplo do acompanhamento que a VA fazia do design da época.

 

Marca correspondente ao período 1947-1968.

 

De facto, este é um motivo que está muito próximo de outros motivos que então surgiram na cerâmica escandinava, particularmente em algumas peças desenhadas por Stig Lindberg (1916-1982; http://mfls.blogs.sapo.pt/63240.html), a partir da década de 1940, para a fábrica sueca Gustavsberg.

 

No entanto, esta peça da VA destaca-se dos desenhos florais de Lindberg pela maior elegância decorrente do tratamento singelo e harmonioso das formas vegetais e pela abordagem quase minimalista da composição.

 

Além de tudo isto, note-se ainda como a circularidade do rebordo está bastante imperfeita, traduzindo assim as características experimentais da peça.

 

          

 

O exemplo seguinte surge numa taça decorada integralmente sobre o vidrado, com um motivo mais uma vez próximo do gosto orientalizante que marcou durante décadas a produção da VA.

 

As romãzeiras, a representação das flores de maiores dimensões e a predominância em exclusivo dos tons de azul e dos retoques a dourado remetem claramente para essa gramática oriental.

 

Marca especial correspondente a 1974.

 

A marca aqui reproduzida corresponde à marca comemorativa dos 150 anos da VA, utilizada durante todo o ano de 1974.

 

Surge ainda a legenda complementar "1.° dia do lançamento / da nova marca / 2-1-74". Esta indicação "nova marca" refere-se exclusivamente à marca do centenário, pois uma versão quase igual deste logótipo, sem coroa de louros nem as datas 1824-1974, como se pode ver abaixo, havia sido já introduzida em 1971.

 

 

Finalmente, o último exemplo apresentado ilustra algo que aconteceu com frequência na década de 1970 – a aposição simultânea da marca VA e da marca SP.

 

Como referido anteriormente, a Sociedade de Porcelanas, de Coimbra, foi adquirida pela VA em 1945. No entanto, até à década de 1970 não era comum haver sobreposição das distintas marcas da fábrica de Coimbra e da fábrica de Ílhavo.

 

A peça apresenta a marca SP sob o vidrado, indicando portanto ser originária de Coimbra, e a marca VA sobre o vidrado, o que poderá indicar ter sido decorada em Ílhavo. Esta sobreposição é conhecida em peças com marca VA correspondentes quer a 1968-1971 quer a 1971-1980, quer ainda em peças exportadas nesse período para os EUA.

 

Esta decoração, de grande qualidade, aliás, embora não pintada à mão, como à primeira vista parece, poderá ter sido também destinada ao mercado de exportação.

 

   Marca correspondente ao período 1971-1980.

 

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Janeiro 04 2010

 

Pormenor de um painel de azulejos da Fábrica do Carvalhinho, alusivo ao episódio bíblico da Boa Samaritana, instalado numa fonte de Vidago.

 

Encontra-se assinado F. Gonçalves (activo entre c. 1954 e c. 1978) e datado de 1954.

 

A Fábrica do Carvalhinho produzia azulejos essencialmente para o mercado do norte do país, embora alguns exemplares dessa produção se possam encontrar noutras regiões e mesmo no estrangeiro, para onde se exportavam em apreciável quantidade, em particular para os E. U. A., os pratos recortados com decoração manual.

 

O Hotel Vidago Salus, que se encontra em ruínas após um incêndio que sofreu há várias décadas e cuja demolição está prevista para breve, apresenta ainda no seu átrio, e noutras dependências, exemplares de azulejos fornecidos pela Fábrica do Carvalhinho.

 

 

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Setembro 14 2009

 

No período que antecedeu o lançamento da série Arte Nova, a FLS já ensaiava modelos decorativos que procuravam abandonar a herança Art Déco, denotando uma aproximação à modernidade das artes decorativas escandinavas, norte-americanas e europeias em geral.

 

O papel do SPN (Secretariado de Propaganda Nacional; a partir de 1944, SNI), implementado pelo Estado Novo na década de 1930, através de António Ferro (1895-1956), não deixava, contudo, de se fazer sentir, particularmente numa componente do pós-guerra que apelava às tradições populares.

 

Surgiram assim algumas decorações que faziam clara concessão a essas tendências, como é o caso desta decoração, muito próxima da decoração Quinta que se implementou na década de 1950.

 

A tonalidade verde do óxido de ferro é, aliás, uma evocação do cromatismo do vidrado tradicional, assumindo aqui um aspecto inovador pela sua aplicação salpicada que remete para a pintura abstracta, a drip painting e o tachisme, constrastando com a outra decoração delineada e figurativa da taça.

 

 

No Catálogo de Formatos de Loças Domésticas de Maio de 1950 esta taça surge fotografada com prato e denomina-se como Taça para Caldo 2.º, com prato, embora não seja referida em mais nenhum catálogo conhecido, nem quanto ao formato, nem quanto à decoração.

 

Esta poderá mesmo ser uma variante da decoração Quinta, que normalmente apresenta decoração floral, pintada à mão, quer sobre um fundo negro, quer sobre fundo semelhante a este.

 

Repare-se, contudo, que esta peça não apresenta o carimbo Gilman & Cta. comum a essa série com decoração manual, antes apresentando uma inscrição manuscrita que evidencia produção mais restrita e personalizada através da datação e da assinatura com iniciais. 

 

 

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