Grande jarra, com 37 cm. de altura, decorada sob o vidrado.
Esta peça surge referenciada na série de modelos Arte Nova da tabela de Maio de 1960, sob o número A–48 e a designação Jarra n.º 6, ao preço de 170$00. O exemplar desta tabela existente no CDMJA refere ainda que o seu peso é de 1,160 gramas.
Esta jarra surge ainda na tabela de Maio de 1979, já sob o número 9422, ao preço de 364$50.
A inspiração floral estilizada e as linhas sinuosas desta jarra remetem claramente para o paradigma Art Nouveau que a designação da série evocava, embora a maioria das peças, cuja modelação se deve em parte a Maria de Lourdes Castro (n. 1934), pretendesse precisamente romper com os paradigmas quer da Art Nouveau quer da Art Déco e contribuir para uma nova estética na arte cerâmica.
Note-se ainda como o grande sentido escultórico da peça remete também para a rica tradição modeladora de Rafael (1846-1905) e Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro (1867-1920) e de Costa Mota (Sobrinho; 1877-1956), facto que é bem acentuado pelo vidrado escorrido, tão característico da produção cerâmica das Caldas da Rainha nesse período.
Primeira peça produzida pela Volcar, claramente inspirada na gramática Art Nouveau, na herança do Simbolismo e na tradição caldense.
Imagem retirada da obra A Nova Cerâmica das Caldas (1989), de Alberto Pinto Ribeiro.
A propósito desta jarra poder-se-iam, finalmente, evocar as duas primeiras peças produzidas pela Volcar, antecessora da Secla, desenhadas por Alberto Pinto Ribeiro (1921-1989) e modeladas por José Elias (datas desconhecidas) entre 1943 e 1944, também elas tratando, de forma menos estilizada, os jarros (Zantedeschia aethiopica L.), no caso, as suas folhas.
Embora a temática floral seja semelhante, uma análise comparativa remete necessariamente para segundo plano essas bem modeladas mas rígidas peças da Volcar, que de modo algum podem competir com a estética e a notável sugestão de dinamismo escultórico desta jarra da FLS.
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