Jarra em faiança, com cerca de 20,2 cm. de altura, produzida na fábrica belga Cérabelga.
Fundada em 1907 na localidade de Haren-Nord, nos arredores de Bruxelas, a fábrica já se denominava Céramique de Bruxelles em 1921, designação complementada com o nome Cérabelga a partir de 1926. Desde esta altura, passou a produzir peças Art Déco cujas decorações pretendiam rivalizar com as da fábrica Boch Frères / Keramis, de La Louvière.
A feérica exuberância das cores e o inusitado de muitas das formas utilizadas na Cérabelga, se eram suficientes para manter acesa essa competição, não deixavam de traduzir algumas inferioridades técnicas, nomeadamente a ausência de esmaltes em relevo e do craquelé, características que projectavam a Boch Frères / Keramis para um outro patamar de execução.
Apesar de estas limitações, a empresa revelou-se bastante competitiva face a outras fábricas belgas, como Bergen (que copiava a decoração Gouda originária da Holanda), Mons e mesmo a prestigiada Manufacture Imperiale et Royale de Nimy, tendo mantido lojas em Bruxelas e Paris durante vários anos.
O renomado decorador ceramista francês Raymond-Henri Chevallier (1890-1959) trabalhou na empresa entre 1935 e 1937, período de que deverá datar esta peça, depois de sair da fábrica francesa Longwy e antes de ingressar na belga Boch Frères / Keramis.
Esta relação poderá explicar o facto de o sistema de classificação F. 265 (formato) / D. 5003A (motivo), que surge junto da marca, ser muito semelhante àquele que haveria de vir a ser implementado nas peças mais tardias da BFK e era já comum na Longwy.
Chevallier sucedeu a Charles Catteau (1880-1966) na BFK, tendo aí permanecido entre 1937 e 1954. O seu estilo, certamente influenciado pela tradição da Longwy, traduziu-se desde logo por uma acentuada preferência pela profusão de dourados, característica patente também nesta peça da Cérabelga.
Não se conhece a data exacta do encerramento da fábrica, mas crê-se que terá ocorrido no final da década de 1930, com o advento da II Grande Guerra.
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