O Sporting Clube da Vista Alegre acaba de anunciar o novo equipamento para a sua equipa de futebol, que este ano disputará a Primeira Divisão Distrital de Aveiro.
Mantendo as suas cores tradicionais, o amarelo e o azul, o equipamento surge com um design inovador e sui generis, da autoria do conceituado designer espanhol Jaime Hayon (n. 1974), que também concebeu para a VA a colecção Folkifunki (http://24.sapo.pt/vida/artigos/animais-e-folclore-portugues-numa-mesa-alegre-a-fantasia-de-um-conceituado-designer-para-empresa-dos-nossos-tetra-avos), e apresenta o actual logótipo da empresa, que foi introduzido em 2008.
Vários registos documentam, no entanto, que o equipamento mais antigo exibia apenas um listado vertical azul e branco, como se pode verificar num cinzeiro com jogador, nuns emblemas esmaltados e numa talha comemorativa da conquista do Campeonato da 2.ª Divisão Distrital, Zona Sul, peças existentes no Museu da Vista Alegre, em Ílhavo.
Note-se que a colecção FolkifunKi, desenvolvida em 2016, parece evocar muito do colorido e do imaginário da fábrica galega Sargadelos (http://www.sargadelos.com/es/), com a qual Hayon nunca terá colaborado.
Já em 2014 os atletas do clube haviam envergado um equipamento concebido por um outro conceituado designer, o brasileiro Brunno Jahara (n. 1979), que criou para a VA o serviço Transatlântica (https://vistaalegre.com/pt/SearchProducts?q=transatl%C3%82ntica&submitSearch=Pesquisar), alegadamente o seu serviço de mesa actualmente mais vendido em todo o mundo, como se pode ver abaixo.
Curiosamente, qualquer uma das três propostas, submetidas a votação em 2014, parece querer funcionar como uma montra ambulante publicitando especificamente o próprio serviço, de forma mais explícita do que o actual equipamento.
A propósito da denominação do serviço, recorde-se que Mónica Marques (n. 1970) já havia utilizado um trocadilho semelhante no título do seu livro Transa Atlântica (2008).
A Vista Alegre encontra-se ligada ao futebol desde o século XIX, tendo os descendentes do seu fundador estado associados à organização do primeiro jogo público de que há notícia em Portugal, o qual se realizou em Lisboa no ano de 1889.
A criação e manutenção de secções desportivas era uma tradição das diversas fábricas cerâmicas portuguesas de maiores dimensões, entre a quais se contavam a Electro-Cerâmica, do Candal, a Fábrica de Loiça de Sacavém e a própria VA, que já promovia o futebol nas instalações da fábrica desde 1915 e fundou o SCVA em 1952.
Nos arquivos da VA existe, aliás, registo de uma curiosa peça, um "Prato para parede", com decoração intitulada "Roulet n.º 1", alusiva ao futebol e produzida em 1939.
Trata-se de um prato ostentanto os elementos de uma equipa de futebol dispostos em círculo, com um logótipo no centro, correspondente ao desenho P.1961.
De acordo com o verbete 2675, o motivo foi desenhado por Piló (Manuel Pilo da Silva, 1905-1988) e o exemplar correspondente à ilustração desse verbete "Oferecido a Secção Desportiva da «EC» em 2/7/39".
Uma interessante documentação lateral da convergência empresarial que se verificava, desde meados dessa década, entre a VA e a Electro-Cerâmica do Candal.
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