Memórias e Arquivos da Fábrica de Loiça de Sacavém

Setembro 01 2024

 

 

Tigela, com cerca de 6,2 cm. de altura e 11,7 cm. de diâmetro, e prato, com cerca de 2,8 cm. de altura e 16 cm. de diâmetro, ostentando motivo floral pintado à mão, identificado no tardoz como sendo "dec. 3", e as iniciais "A. C.", que poderiam identificar o/a pintor/a.

 

No entanto, tal hipótese parece não corresponder a uma dedução correcta, dado que a caligrafia varia entre as duas peças, o que levanta a hipótese alternativa de as iniciais corresponderem ao autor/a deste motivo, muito embora estejamos perante uma simples decoração floral ao gosto popular.

 

Por outro lado, esta decoração aproxima-se daquela utilizada nas variantes do motivo Quinta (https://mfls.blogs.sapo.pt/tag/motivo+quinta), motivo pintado à mão introduzido na década de 1950, embora o motivo Quinta número 3 apresente distinta decoração floral (https://mfls.blogs.sapo.pt/taca-294654).

 

 

 

A escolha desta decoração parece corresponder a um revivalismo de singelos motivos populares, como ainda hoje se verifica no barro vidrado, visto que a marca patente nas duas peças corresponde à última da FLS, cujo registo foi solicitado em Junho de 1965 e concedido em Outubro do ano seguinte.

 

Adicionalmente, poderá especular-se que a produção deste motivo se destinaria também ao mercado de exportação, dado as marcas apresentarem o complemento "Made in Portugal".

 

Por fim, estas peças apresentam aspectos de decoração e vidrado, um vidrado translúcido azulado que por vezes surgia também numa tonalidade esverdeada em algumas produção oitocentista da FLS, característicos da produção da Fábrica do Carvalhinho (https://mfls.blogs.sapo.pt/tag/f%C3%A1brica+do+carvalhinho), que pertenceu à FLS precisamente até 1965.

 

Ora, embora se conheçam outros exemplares com tal vidrado, isto levanta questões relacionadas com o local e data de produção destas peças, uma vez que tal vidrado não era habitualmente aplicado nas peças da FLS produzidas nas instalações de Sacavém.

 

 

 

 

© MAFLS

publicado por blogdaruanove às 09:01

Setembro 01 2023

  

 

Grande prato de suspensão, com cerca de 3,8 cm. de altura e 33,2 cm. de diâmetro, em faiança da Fábrica do Carvalhinho, Vila Nova de Gaia.

 

Note-se como o motivo floral central, através da adição das espigas, remete para os tradicionais ramos das maias, associados a ancestrais rituais primaveris de renascimento e de abundância.

 

 

 

© MAFLS

publicado por blogdaruanove às 22:01

Julho 26 2015

 

Pequena taça promocional, com cerca de 9,9 cm. de diâmetro maior, em porcelana da SPAL.

 

Esta peça recente apresenta os nomes de diversos ceramistas e designers, nacionais e internacionais, que, ao longo das cinco décadas de existência da empresa, têm colaborado com a SPAL.

 

Para além de Mary Lou Goerzen (n. 1929), que já aqui foi referida (http://mfls.blogs.sapo.pt/outras-fabricas-outras-loicas-ccxlix-349090), nesta taça são também evocados Gerard [sic] Gullota (n. 1921), Stefanie Hering (n. 1967), Lauren Horwitz (datas desconhecidas), Martin Hunt (n. 1942), Carl Gustaf Jahnsson (n. 1935), António Mira (datas desconhecidas), Jack Prince (n. 1926), David [Douglas, marquess of] Queensberry (n. 1929), Rosaria Rattin (datas desconhecidas), Alda Tomás (n. 1970; cf. http://www.remadeinportugal.pt/default/designers/ver/ano/2012/id/5) e Rezzan Unver (datas desconhecidas). 

 

Nas últimas três décadas do século XX, o americano Gerald Gullota desenhou ainda peças de vidro e cristal para as fábricas de Alcobaça Crisal e Atlantis (https://www.brooklynmuseum.org/opencollection/artists/9806/Gerald_Gulotta), integrando esta última, actualmente, o grupo Vista Alegre Atlantis. 

 

 

A maioria destes artistas desenvolve criações para outras áreas do design e ainda para diversas outras fábricas de cerâmica, como o inglês Martin Hunt que criou o conjunto de taça e pires em porcelana, acima ilustrado, para a consagrada fábrica alemã Rosenthal.

 

Os nomes patentes nesta taça não esgotam, contudo, a totalidade dos artistas que durante o último meio século colaboraram com a SPAL. Entre os portugueses, por exemplo, conceberam motivos para as suas peças, encomendadas por outras instituições, Lima de Freitas (1927-1998) e João Machado (n. 1942), devendo notar-se que também o pintor Luís Pinto-Coelho (1942-2001) criou em 1988 o motivo Palácio de Anglona, cuja designação deriva do homónimo palácio madrileno onde residia, para um serviço distribuído pela empresa Braz & Braz (http://www.brazebraz.pt/). 

 

Ao longo destas cinco décadas, a SPAL desenvolveu ainda diversas criações personalizadas para inúmeras empresas e instituições, nacionais e internacionais, algumas delas já desaparecidas, como a Torralta.

 

Desenvolveu também vários serviços de bordo para os aviões da TAP, empresa que, no ano do seu septuagésimo aniversário, acaba de ser privatizada e tem uma exposição que lhe é consagrada no MUDE, Museu do Design e da Moda (http://www.mude.pt/).

 

 

A TAP encomendou diferentes peças a, pelo menos, seis fábricas portuguesas de cerâmica – Carvalhinho, Fábrica de Loiça de Sacavém (http://mfls.blogs.sapo.pt/13526.html), Faiart, Gresval, SPAL e Vista Alegre, sendo esta última aquela que actualmente fornece o seu serviço de bordo Top Executive.

 

A Vista Alegre forneceu também esse serviço entre 1962 e 1974, seguindo-se um período, entre 1974 e 1979, em que tal fornecimento foi assegurado quer pela SPAL quer pela VA. Foi ainda no primeiro destes períodos, em 1966, que a VA desenvolveu, para a TAP, oito travessas ilustrando outros tantos motivos diferentes com danças regionais.

 

Durante mais de vinte e cinco anos, contudo, o serviço de bordo foi assegurado em exclusivo pela SPAL, nomeadamente entre 1980 e 2006. Neste período, a SPAL apresentou dois conjuntos diferentes, um entre 1979 e 2001, outro entre 2002 e 2006.

 

Acima apresentam-se três das peças que integravam o conjunto utilizado a partir de 1979, numa simples mas elegante e luxuosa combinação de ouro e azul cobalto, ostentando já o novo logótipo da TAP que havia sido adoptado nesse mesmo ano.

 

 

© MAFLS

publicado por blogdaruanove às 21:01

Setembro 02 2012

 

Até agora as peças da Fábrica do Carvalhinho têm surgido neste espaço porquanto durante mais de três décadas (entre 1930 e 1965) a empresa esteve sob administração da FLS.

 

A fábrica, no entanto, havia sido fundada muitos anos antes – em 1840 segundo alguns autores, em 1841 segundo documentos existentes no Arquivo Distrital do Porto.

 

Para evocar a produção anterior à administração da FLS apresentam-se hoje estes dois azulejos, certamente comercializados como souvenirs para aquistas e visitantes da região de Entre-os-Rios e do Douro, com imagens estampadas a azul sob o vidrado.

 

Nas suas diversas versões para revestimento arquitectónico, os azulejos foram indubitavelmente os artefactos cerâmicos que, durante a viragem do século XIX para o século XX, mais contribuíram para o reconhecimento e consolidação da empresa.

 

Embora os dois exemplares sejam claramente originários da mesma fábrica, apenas o azulejo ilustrado abaixo se encontra marcado no tardoz com a inscrição CARVALHINHO em relevo.

 

Sobre as primeiras décadas das termas de Entre-os-Rios, estabelecidas por alvará de 1894, veja-se aqui um pequeno texto:  http://blogdaruanove.blogs.sapo.pt/268595.html.

 

Para uma visão actualizada e contextualizada da estância balnear, desde há alguns anos sob gestão da Fundação INATEL (http://www.inatel.pt/fundacaohome.aspx?menuid=1&ft=1), veja-se o portal das Termas de Portugal: http://www.termasdeportugal.pt/.

 

 

© MAFLS

publicado por blogdaruanove às 21:01

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