Caixa hexagonal, com cerca de 16,4 x 21,8 x 21,2 cm., em faiança da fábrica Aleluia, Aveiro.
Apresentando motivos marinhos, a exemplo do que acontecia também com muita da tradicional cerâmica das Caldas da Rainha desde o século XIX, esta caixa ostenta decoração complementar a dourado e um acabamento nacarado sobre o vidrado, obtido por processos químicos, muito característico de alguma da produção da Aleluia nas décadas de 1950 e 1960.
Com efeito, conhecem-se ainda outras caixas desta fábrica, nomeadamente exemplares moldados em relevo para representar realisticamente conchas de vieiras no corpo e conchas de berbigão no remate das tampas, que recorrem a semelhante acabamento.
Este revestimento nacarado foi ainda comum a diversas outras fábricas portuguesas, como já pudemos constatar neste espaço, conhecendo-se a sua aplicação quer em faiança – em peças da Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha, sobre fundos escuros, da fábrica Lusitânia e da FLS, quer em porcelana – em peças da SP e da VA.
No período contemporâneo da produção deste exemplar, também a RB, de Alcobaça, utilizou este revestimento nacarado em alguns dos seus formatos modernistas.
O cavalo-marinho modelado em relevo, que na cerâmica portuguesa não é um dos motivos mais recorrentes no contexto da decoração marinha, conhece-se ainda na produção caldense de finais do século XIX e primeira metade do século XX, nomedamente numa pequena jarra cónica, não marcada mas provavelmente da FFCR ou da fábrica San Rafael, que apresenta quatro mexilhões na base e dois cavalos-marinhos assumindo-se como asas.
Com efeito, este motivo modelado em relevo surge particularmente na produção cerâmica da família Bordalo Pinheiro, conhecendo-se uma floreira datada de 1898, com um caranguejo e dois cavalos-marinhos aplicados sobre a sua superfície, e um castiçal datado de 1901, onde surgem dois cavalos-marinhos a sobrepujar um búzio assente sobre mexilhões.
Já do período da Fábrica San Rafael, conhece-se uma "Jarra com hypocampos", da autoria de Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro (1867-1920), que surge num catálogo de 1913 sob o número 18, ao preço de 1$50.
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