Memórias e Arquivos da Fábrica de Loiça de Sacavém

Setembro 01 2022

 

Grande jarra Art Nouveau, com cerca de 30,5 cm. de altura, da fábrica francesa Rambervillers, surgindo com a referência número 11 nos catálogos editados pela empresa em 1905, 1920 e 1931.

 

Este é um dos quatro formatos, documentados, que Charles Catteau (1880-1966) concebeu para a Rambervillers.

 

Catteau viria a tornar-se célebre após ingressar na fábrica belga Boch Frères Keramis, onde, depois de ensaiar ainda a criação de alguns formatos e motivos Art Nouveau, concebeu extraordinários exemplares cerâmicos, ora feéricos e exuberantes, ora depurados e contidos, dentro da gramática Art Déco.

 

 

© MAFLS

publicado por blogdaruanove às 22:01

Setembro 01 2014

 

Conjunto de peças da fábrica belga Boch Frères / Keramis apresentando predominantemente vidrado amarelo.

 

Este amarelo foi muito característico das peças produzidas pela BFK nas décadas de 1920 e 1930, durante o período Art Déco, embora historicamente remeta para uma outra tonalidade conhecida no oriente como amarelo imperial, cor que era tradicionalmente exclusiva dos imperadores da China.

 

 

As duas primeiras peças, uma jarra com flores estilizadas em relevo, correspondente ao formato 1111 e com cerca de 22,3 cm. de altura, e uma base de candeeiro com angulosas linhas geométricas, correspondente ao formato 1027 e com cerca de 17 cm. de altura, ilustram o característico craquelé Art Déco da BFK.

 

A apresentação de um design moldado em relevo na pasta não é, contudo, muito comum na produção da fábrica, a não ser neste período, onde se conhecem mais alguns exemplares com diferentes decorações e formatos.

 

Já estas três jarras, apesar da ocorrência do amarelo, apresentam uma decoração escorrida com esmaltes de diferentes cores, cuja técnica foi mais característica de finais do século XIX e da influência japonizante que então se fez sentir.

 

 

Na época, foi este um recurso técnico comum a várias fábricas ocidentais, sendo em Portugal os exemplos mais consagrados aqueles que se associam à produção cerâmica das Caldas da Rainha, em geral, e à obra de Rafael (1846-1905) e Gustavo (1867-1920) Bordalo Pinheiro, em particular.

 

A marca apresentada abaixo, comum a todas as peças aqui ilustradas, surgindo quer a azul quer a preto, corresponde à jarra com o formato 612, que, com cerca de 16,9 cm. de altura, se encontra à frente das duas outras jarras na fotografia de conjunto apresentada acima.

 

Vejam-se algumas outras peças da BFK, com diferentes vidrados, formatos e pastas cerâmicas, aqui: http://mfls.blogs.sapo.pt/tag/boch+fr%C3%A8res.

 

 

© MAFLS

publicado por blogdaruanove às 00:09

Dezembro 25 2013

 

Como já foi referido anteriormente (http://mfls.blogs.sapo.pt/211552.html), a tradição cerâmica da família Boch remonta a meados do século XVIII, tendo a fábrica Boch Frères / Keramis sido fundada já em meados do século seguinte.

 

Este ano, o espaço dedicado à BFK ilustra alguma da diversificada produção da fábrica, quer quanto às pastas – faiança e grés, quer quanto às diferentes decorações.

 

A primeira peça apresentada, um jarrão com o motivo 17 e medindo cerca de 39,6 cm. de altura, ilustra uma decoração floral influenciada pelo estilo Art Nouveau, sobre fundo metalizado de cobre.

 

Produzida, certamente, no primeiro período da direcção artística de Charles Catteau (1880-1966), insere-se ainda na tradição de revestimentos metalizados e irisados cuja técnica foi celebrizada em França por Clement Massier (1845-1917), e seus descendentes, a partir da década  de 1880.

 

 

A segunda peça, uma pequena jarra em grés com cerca de 9,4 cm. de altura e ostentando o motivo 661, datável já de 1921, traduz ainda uma influência japonizante que transitou também do século XIX.

 

Evocando na sua forma contida aquele que poderia ser o perfil do monte Fuji, esta jarra apresenta um vidrado escorrido multicolorido sobre um vidrado verde mate, técnica característica da tradição cerâmica japonesa.

 

 

A terceira jarra, com cerca de 30,4 cm. de altura e um design datável de 1927, apresenta já uma característica decoração floral de inspiração Art Déco, com o motivo 1121, associada à técnica de vidrado e ao fundo craquelé que celebrizou a produção da fábrica nesse período.

 

O tom verde de jade predominante nesta peça remete ainda para uma cor derivada do óxido de ferro, denominada celadon green em inglês, característica de diversas peças cerâmicas chinesas e coreanas.

 

Sob a inscrição D.1121 parecem surgir as iniciais L. L., que corresponderão a Leon Lambillotte (1908-1980), um artista que colaborou com a BFK a partir de 1925.

 

 

Finalmente, a última jarra, com cerca de 30,1 cm. de altura, apresenta novamente um vidrado distinto, cuja superfície é mais lisa ao tacto, com tonalidades características do final da década de 1930 e princípios da década seguinte.

 

Através de um prato comemorativo do centenário da fundação da BFK (datado de 18 de Março de 1941), com a mesma tonalidade, a mesma técnica decorativa desta jarra e numeração próxima (2741), deduz-se que o motivo 2524 terá sido criado em 1940, durante o primeiro ano de ocupação da Bélgica pelas forças nazis.

 

               

 

© MAFLS

publicado por blogdaruanove às 00:01

Janeiro 03 2013

 

Jarra de Rambervillers, em estilo Art Nouveau, com assinatura manuscrita de Charles Catteau (1880-1966).

 

No catálogo de Rambervillers de 1905 surgem três jarras de Catteau – esta, com o número 27 e altura indicada de 18,2 cm. (este exemplar tem cerca de 17,7 cm. de altura), e ainda as jarras número 11 (a única que surge também nos catálogos de 1920 e 1931) e 29, surgindo posteriormente no suplemento de 1906 uma outra jarra com o número 42 e uma jardineira com o número 81. 

 

Estas cinco peças parecem resumir toda a colaboração deste conceituado ceramista, cujo nome é sinónimo da extraordinária produção Art Déco da fábrica belga Boch Frères / Keramis (cf. http://mfls.blogs.sapo.pt/211552.html) e raramente aparece associado a Rambervillers, com esta notável fábrica francesa.

 

A produção industrial de faiança em Rambervillers remonta a 1738, passando a fábrica herdeira dessa tradição a laborar também com grés a partir de 1850. Pouco depois, em 1863, cessou a produção de faiança.

 

A empresa que se gerou com essa transformação, a Société Anonyme des Produits Céramiques de Rambervillers não fugiu à influência da gramática decorativa da escola de Nancy, localidade vizinha, contando entre os seus colaboradores com vários expoentes dessa escola e do movimento Art Nouveau, tais como Louis Majorelle (1859-1929: cf. http://fr.wikipedia.org/wiki/Louis_Majorelle), que aqui assinou pelo menos seis peças, e Jacques Gruber (1870-1936; cf. http://www.ecole-de-nancy.com/web/index.php?page=jacques-gruber), que assinou pelo menos nove.

 

Aliás, esta jarra assinada por Catteau, embora numa forma mais depurada e despojada da maioria dos complementos vegetais relevados, evoca de certa maneira a jarra Ombelles, correspondente ao número 9 do catálogo Rambervillers de 1905 e com cerca de 49 cm. de altura, modelada em 1903 por Gruber.

 

                    

 

Administrada a partir de 1891 pelo engenheiro ceramista Jean-Baptiste-Alphonse Cytère (1861-1941; cf. http://www.ecole-de-nancy.com/web/index.php?page=alphonse-cytere), a fábrica entrou então num perídodo áureo durante o qual executou diversas peças que surgem como paradigma do melhor que se produziu em cerâmica no estilo Art Nouveau.

 

Foi no início do século XX que Pierre-Roger Claudin (1877-1936) modelou uma das mais notáveis jarras da colecção da SAPCR – La Vague, acima numa versão exemplificativa do famoso azul irisado de Rambervillers, a qual surge já, numa das duas versões de diferentes dimensões – 26 cm. (o exemplar aqui apresentado tem cerca de 27,4 cm.) e 86 cm. de altura, ilustrando a capa do catálogo número 3 da fábrica, correspondente ao ano de 1905.

 

Veja-se um pequeno texto sobre a empresa, e a continuadora da sua tradição – Julie Bernaudin, aqui: http://www.ville-rambervillers.fr/gr%C3%A8s-flamm%C3%A9s.

 

 

© MAFLS

publicado por blogdaruanove às 00:01

Dezembro 27 2012

 

Tendo começado  a produzir cerâmica em 1748, em França, François Boch implantou uma fábrica no Luxemburgo, a partir de 1767. No século seguinte, em 1836, essa fábrica fundiu-se com uma outra de Nicolas Villeroy, dando origem à empresa Villeroy & Boch.  Afectada pela separação política e administrativa entre o Luxemburgo e a Bélgica, parte da família Boch implantou uma fábrica neste último país a partir de 1841. O local escolhido foi La Louvière, próximo da fronteira com o Luxemburgo, onde a fábrica se manteve até ao seu encerramento, já na segunda metade do século XX.

 

O nome Boch passou, assim, a ser partilhado por duas empresas – a fábrica Boch Frères / Keramis, na Bélgica, e a fábrica Villeroy & Boch, no Luxemburgo. Esta última empresa ainda se encontra em produção, embora a sua sede actual seja na Alemanha (http://www.villeroy-boch.com/).

 

A fábrica Boch Frères produziu ao longo do século XIX, com sucesso comercial,  diversa loiça utilitária e decorativa, mas foi a partir do início do século XX, com a chegada de Charles Catteau (1880-1966), que a empresa atingiu a consagração, marcando o design contemporâneo no estilo Art Nouveau e, particularmente, no estilo Art Déco.

 

Catteau foi engenheiro ceramista na École Nationale de Sèvres cerca de 1902 ou 1903, e decorador da fábrica de Sèvres entre 1903 e 1904. Teve ainda formação complementar na Königlich-Bayerische Porcellan-Manufaktur de Nymphenburg, na Alemanha, até 1906, ano que em passou a trabalhar para a Boch Frères / Keramis.

 

          

Capa do catálogo editado em 2001, por ocasião da exposição das peças da fábrica Boch Frères / Keramis doadas por Claire De Pauw e Marcel Stal à Fondation Roi Baudoin, Bruxelas, Bélgica.

 

Antes desta data colaborou ainda com a fábrica de Rambervillers, em França, onde assinou algumas peças de clara inspiração Art Nouveau. Já no âmbito do estilo Art Déco, desenhou a partir de 1927 diversos modelos em vidro para a fábrica belga Scailmont (cf. http://www.artdecoducentre.be/Scailmont.html).

 

Com a chegada de Catteau, as peças da BFK passaram a apresentar, entre outras opções estéticas e técnicas, desenhos pintados a esmalte sob vidrado uniforme, esmalte escorrido sob o vidrado, esmalte mate com fundo negro (a exemplo da cerâmica holandesa Gouda), esmalte monocromático com fundo craquelé e, o que constituiu imagem de marca da fábrica durante o período Art Déco, esmalte cloisonné sobre fundo craquelé, representando animais, flores ou formas vegetais estilizadas.

 

Inserindo-se nestas últimas características, a jarra em grés aqui reproduzida, com cerca de 15,4 cm. de altura, ostenta o motivo número 775, que foi concebido cerca de 1923.

 

A produção de cerâmica decorativa diversificou-se então, quer no formato das peças quer na sua decoração, vindo a fábrica a traduzir melhor do que anteriormente l'air du temps. Neste período, a produção de peças decorativas foi também desenvolvida em grés, aproximando-se algumas destas, pela sua contenção formal e pelo seu minimalismo decorativo, da gramática japonesa. 

 

Para outros exemplares Art Déco desta fábrica belga veja-se: http://blogdaruaonze.blogs.sapo.pt/tag/boch+fr%C3%A8res.

 

 

© MAFLS

publicado por blogdaruanove às 00:01

mais sobre mim
Setembro 2024
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5
6
7

8
9
10
11
12
13
14

15
16
17
18
19
20
21

22
23
24
25
26
27
28

29
30


arquivos

Setembro 2024

Setembro 2023

Setembro 2022

Setembro 2021

Setembro 2020

Setembro 2019

Agosto 2019

Julho 2019

Junho 2019

Maio 2019

Abril 2019

Março 2019

Fevereiro 2019

Janeiro 2019

Dezembro 2018

Novembro 2018

Outubro 2018

Setembro 2018

Agosto 2018

Julho 2018

Junho 2018

Maio 2018

Abril 2018

Março 2018

Fevereiro 2018

Janeiro 2018

Dezembro 2017

Novembro 2017

Outubro 2017

Setembro 2017

Agosto 2017

Julho 2017

Junho 2017

Maio 2017

Abril 2017

Março 2017

Fevereiro 2017

Janeiro 2017

Dezembro 2016

Novembro 2016

Outubro 2016

Setembro 2016

Agosto 2016

Julho 2016

Junho 2016

Maio 2016

Abril 2016

Março 2016

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Dezembro 2015

Novembro 2015

Outubro 2015

Setembro 2015

Agosto 2015

Julho 2015

Junho 2015

Maio 2015

Abril 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

pesquisar