Prato de sobremesa, estampado a preto, com o monograma "MCC".
Esta cercadura é uma das variantes utilizadas no motivo Estátua.
© MAFLS
Prato de sobremesa, estampado a preto, com o monograma "MCC".
Esta cercadura é uma das variantes utilizadas no motivo Estátua.
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A técnica de estampagem cerâmica surgiu em finais do século XVIII e tornou-se na decoração mais comum na maioria das fábricas europeias de faiança a partir do início do século seguinte, pois proporcionava um método decorativo muito mais rápido e muito menos oneroso que o manual.
A colocação no biscoito de uma estampa em papel cuja imagem se transferia para a pasta cerâmica através de um processo químico deu origem a uma decoração que ainda hoje, duzentos anos depois da sua introdução, é popular. Esta loiça estampada (designada em inglês por transferware) surgiu de início em azul, cor que ainda hoje se associa a esta técnica, mas em breve passou a ter produção noutras cores, como o rosa e o verde, que evocavam a família rosa e verde das porcelanas orientais, mas também em castanho e preto.
Em Portugal as decorações mais populares desta técnica, decorações comuns a várias fábricas portuguesas e europeias, correspondem aos motivos "Cavalinho", designação generalizada entre o público para qualquer decoração que inclua uma estátua equestre e correspondente ao motivo "Estátua" da FLS, e "Chorão" (Willow, em Inglês; cf. http://blogdaruaonze.blogs.sapo.pt/23504.html), constituindo imagens que permaneceram no imaginário de diversas gerações desde o século XIX.
O motivo marinho aplicado neste vaso ilustra um dos problemas associados a esta decoração, devido à rapidez com que esta técnica era muitas vezes aplicada – o deslize de cor para áreas que deveriam ficar sem qualquer cor ou decoração, criando assim manchas que evidenciam uma menor preocupação de qualidade devido ao baixo custo de produção associado a estas peças.
Um outro problema associado a esta técnica era o escorrer, já no processo de cozedura, do excesso de tinta que poderia ter sido aplicada no papel. Este escorrimento, que desde início se verificou logo nas peças decoradas a azul e deu origem à expressão inglesa flow blue, provocava um empastamento das decorações mas acabou por se tornar também uma imagem de marca deste processo decorativo.
Hoje em dia, particularmente em Inglaterra, existem diversos coleccionadores de faiança que dedicam especial atenção a esta área de coleccionismo, demonstrando certa preferência por exemplares onde o flow blue está patente.
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