Memórias e Arquivos da Fábrica de Loiça de Sacavém

Setembro 07 2017

 

O Sporting Clube da Vista Alegre acaba de anunciar o novo equipamento para a sua equipa de futebol, que este ano disputará a Primeira Divisão Distrital de Aveiro.

 

Mantendo as suas cores tradicionais, o amarelo e o azul, o equipamento surge com um design inovador e sui generis, da autoria do conceituado designer espanhol Jaime Hayon (n. 1974), que também concebeu para a VA a colecção Folkifunki (http://24.sapo.pt/vida/artigos/animais-e-folclore-portugues-numa-mesa-alegre-a-fantasia-de-um-conceituado-designer-para-empresa-dos-nossos-tetra-avos), e apresenta o actual logótipo da empresa, que foi introduzido em 2008.

 

Vários registos documentam, no entanto, que o equipamento mais antigo exibia apenas um listado vertical azul e branco, como se pode verificar num cinzeiro com jogador, nuns emblemas esmaltados e numa talha comemorativa da conquista do Campeonato da 2.ª Divisão Distrital, Zona Sul, peças existentes no Museu da Vista Alegre, em Ílhavo.

 

Note-se que a colecção FolkifunKi, desenvolvida em 2016, parece evocar muito do colorido e do imaginário da fábrica galega Sargadelos (http://www.sargadelos.com/es/), com a qual Hayon nunca terá colaborado.

 

Já em 2014 os atletas do clube haviam envergado um equipamento concebido por um outro conceituado designer, o brasileiro Brunno Jahara (n. 1979), que criou para a VA o serviço Transatlântica (https://vistaalegre.com/pt/SearchProducts?q=transatl%C3%82ntica&submitSearch=Pesquisar), alegadamente o seu serviço de mesa actualmente mais vendido em todo o mundo, como se pode ver abaixo.

 

Curiosamente, qualquer uma das três propostas, submetidas a votação em 2014, parece querer funcionar como uma montra ambulante publicitando especificamente o próprio serviço, de forma mais explícita do que o actual equipamento.

 

A propósito da denominação do serviço, recorde-se que Mónica Marques (n. 1970) já havia utilizado um trocadilho semelhante no título do seu livro Transa Atlântica (2008).

 

 

A Vista Alegre encontra-se ligada ao futebol desde o século XIX, tendo os descendentes do seu fundador estado associados à organização do primeiro jogo público de que há notícia em Portugal, o qual se realizou em Lisboa no ano de 1889.

 

A criação e manutenção de secções desportivas era uma tradição das diversas fábricas cerâmicas portuguesas de maiores dimensões, entre a quais se contavam a Electro-Cerâmica, do Candal, a Fábrica de Loiça de Sacavém e a própria VA, que já promovia o futebol nas instalações da fábrica desde 1915 e fundou o SCVA em 1952.

 

Nos arquivos da VA existe, aliás, registo de uma curiosa peça, um "Prato para parede", com decoração intitulada "Roulet n.º 1", alusiva ao futebol e produzida em 1939.

 

Trata-se de um prato ostentanto os elementos de uma equipa de futebol dispostos em círculo, com um logótipo no centro, correspondente ao desenho P.1961.

 

De acordo com o verbete 2675, o motivo foi desenhado por Piló (Manuel Pilo da Silva, 1905-1988) e o exemplar correspondente à ilustração desse verbete "Oferecido a Secção Desportiva da «EC» em 2/7/39".

 

Uma interessante documentação lateral da convergência empresarial que se verificava, desde meados dessa década, entre a VA e a Electro-Cerâmica do Candal.

 

 

© MAFLS

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Setembro 01 2017

 

Pequeno bule, com cerca de 8,2 x 13,6 cm. e 9,8 cm. de diâmetro máximo, para jogo de bonecas ou uso infantil, em porcelana da Electro-Cerâmica do Candal, de Vila Nova de Gaia.

 

A decoração floral foi aplicada através de estampagem sobre o vidrado, por decalcomania.

 

 

© MAFLS

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Abril 30 2017

 

Jarra em miniatura, com apenas cerca de 6 cm. de altura, em porcelana da Electro-Cerâmica do Candal.

 

Um pequeno, mas significativo, exemplo dos formatos cerâmicos biomórficos que surgiram nas décadas de 1950 e 1960, quer na cerâmica internacional quer na nacional, e apresentam clara relação com obras do pintor e escultor Jean [Hans] Arp (1886-1966; cf. http://en.wikipedia.org/wiki/Jean_Arp), e do escultor Henry Moore (1898-1986; cf. http://pt.wikipedia.org/wiki/Henry_Moore).

 

A marca relevada aplicada na pasta não se apresenta com suficiente contraste para poder ser reproduzida.

 

© MAFLS

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Fevereiro 25 2017

 

Duas pequenas estatuetas, com cerca de 6,5 cm. de altura, em porcelana da Electro-Cerâmica do Candal.

 

Conhecem-se outras versões desta série, com diferentes cores de vestuário e diferentes instrumentos musicais, ostentando nesses instrumentos as duas variantes de metal, ouro e platina, aqui ilustradas.

 

 

 © MAFLS

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Janeiro 28 2017

 

Pequena caixa para jóias, em porcelana da Electro-Cerâmica, do Candal, Vila Nova de Gaia, ostentando a legenda "Recordação do Bom Jesus [Braga]"

 

Conhece-se este motivo do santuário, que aqui surge litografado sobre o formato F12, aplicado em outras peças, como paliteiros triangulares e alfineteiras.

 

 

 © MAFLS

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Setembro 07 2013

 

Pequena jarra, com cerca de 12 cm. de altura e e 9,5 cm. de diâmetro, em porcelana da Electro-Cerâmica do Candal, de Vila Nova de Gaia. Na base, para além da marca EC dentro de um losango, apresenta também impressa a indicação J-31, referente ao modelo.

 

A presente imagem consta do catálogo da exposição Portuguese Ceramics in the Art Deco Period, realizada nos EUA em 2005, e é da autoria da fotógrafa americana Maggie Nimkin (http://www.maggienimkin.com/).

 

Note-se que a imagem original foi registada em película e posteriormente digitalizada, o que afectou a sua qualidade e não reflecte as características que uma impressão em papel fotográfico oferece.

 

© MAFLS

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Junho 23 2013

 

Não se havendo encontrado uma peça cerâmica que ilustre os tradicionais símbolos profanos alusivos ao S. João – o alho-porro e os martelinhos, evocam-se hoje essas populares festividades do Porto e de Gaia, mas também de Braga (http://mfls.blogs.sapo.pt/120112.html) e de outras terras do país, apresentando uma pequena figura de criança com cornetim.

 

Modelada em porcelana da Electro-Cerâmica do Candal, e com cerca de 13,2 cm. de altura, ostenta decoração com esmalte policromado e complementos a dourado sobre o vidrado.


Com esta peça encontramo-nos, mais uma vez, perante uma figura que evoca a produção da fábrica alemã Hümmel, como já foi referido anteriormente: http://mfls.blogs.sapo.pt/189591.html, sendo esta uma cópia evidente da figura número 97 da série produzida por essa fábrica, onde apenas o boné surge como pormenor distintivo: http://www.antiquesnavigator.com/index.php?main_page=documents&content=search&c=Hummel+Figurines&s=trumpet+boy&sumbit=Submit.


Note-se, porém, como a pintura desta peça da EEC está à altura da excelente qualidade das peças da fábrica alemã, características que não se encontram em muitas adaptações ou cópias de outras fábricas, nacionais ou estrangeiras.


Aproveita-se a oportunidade para deixar uma ligação ao blog Detalhes Cerâmicos, espaço que desde Maio de 2012 vem divulgando exclusivamente peças da fábrica Electro-Cerâmica do Candal: http://detalhesceramicos.blogspot.pt/.



Complementa-se ainda a celebração das festividades de S. João com a reprodução de uma gravura flamenga, apresentando uma mancha impressa de cerca de 11,8 x 25,8 cm., do século XVII.


Gravada em água-forte por Gaspar Bouttats (c. 1625 - c. 1703), esta vista desenhada e executada pelo pintor Ioannis (Jan) Peeters (1624-1677), que também se especializou em representações de marinhas e naufrágios, composições que o consagraram, pretende mostrar a igreja de S. João Baptista, e a paisagem envolvente, alegadamente erigida no local de nascimento do santo.


Originalmente, esta gravura integrava um álbum intitulado Vistas de Jerusalém e seus Arredores.



© MAFLS

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Setembro 01 2012

 

Pequenas figuras de esquiadores, em porcelana da Electro-Cerâmica do Candal, decoradas com esmalte policromado e complementos a dourado sobre o vidrado.


Estas pequenas figuras, com cerca de 9,2 x 6,8 x 4,6 cm., acabaram por tornar-se características da produção do Candal embora a sua imagem esteja estreitamente ligada a modelos importados, como os da fábrica alemã Hümmel (http://mfls.blogs.sapo.pt/88777.html), e outras fábricas portuguesas, como a VA, tenham comercializado linhas semelhantes.


Destes exemplares apenas o que está decorado a azul apresenta marca estampada sobre o vidrado, tal como se pode ver abaixo, ostentando ambos a referência E8, de formato, e a marca EC impressas na pasta.


Embora se conheçam diversas peças semelhantes a estas, incluindo outras com diferentes cores, como o verde, o seu preço actual tende a ser injustificadamente especulativo e exorbitante, algo que ultimamente tem acontecido com muitas das peças decorativas do Candal, em particular nas lojas e feiras de antiguidades do norte do país. 

 

 

Numa carta manuscrita, datada de 22 de Novembro de 1920 e dirigida a um outro responsável dessa fábrica, carta que se encontra no arquivo particular de Carlos Bobone (n. 1962), o administrador delegado da Vista Alegre, João Teodoro Ferreira Pinto Basto (1870-1953) sublinha: " (...) Temos que ser commerciaes e não afugentar os clientes que tem serviços nossos – Devemo-nos lembrar que a Ceramica de Gaia [Candal] vae fazer serviços. (...)"


Efectivamente, embora tenha começado pelo ramo da porcelana para fins eléctricos e industriais, a Empresa Electro-Cerâmica do Candal não só veio a produzir com sucesso serviços de mesa como também inúmeras outras peças utilitárias e decorativas, particularmente jarras e pequenos bibelots representando animais ou figuras como estas.


Tal como referido anteriormente (http://mfls.blogs.sapo.pt/62574.html), esta empresa acabou por integrar-se em definitivo no grupo Vista Alegre a partir do ano de 1945, permanecendo a ele ligada até ao ano de 2001.


Sobre a actual realidade do espaço e do património da EC veja-se: http://www.candalparque.pt/index.html.

 

 

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Dezembro 25 2011

 

 

Atendendo à solicitação de alguns visitantes, reproduz-se aqui, com restauro digital, o outro exemplar conhecido de uma série de pratos produzidos em porcelana da Empresa Electro-Cerâmica do Candal (http://mfls.blogs.sapo.pt/62574.html).

 

E ainda bem que tal nos foi solicitado e nos levou a tratar e recuperar esta imagem com alguma atenção, porque aquilo que apressadamente tinha sido referido então como um lavagante europeu (Homarus gammarus, antes genericamente classificado como Cancer gammarus L.), corresponde efectivamente a uma variante de lagostim do rio.

 

Embora fosse interessante que a imagem correspondesse ao nosso famoso, e agora quase extinto, lagostim-de-patas-brancas, ou lagostim do Angueira (Austrapotamobius pallipes; cf. http://www.faunaiberica.org/?page=cangrejo-de-rio), a estrutura deste exemplar parece corresponder a uma outra variante, exógena.

 

Assim, estando representados apenas animais de água doce nos três únicos pratos conhecidos, poder-se-á depreender que toda a série será exclusivamente dedicada à fauna fluvial e lacustre.

 

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Fevereiro 13 2011

 

Jarra em forma de coração e estatuetas em porcelana da Electro-Cerâmica do Candal, decoradas com esmalte policromado sobre o vidrado. Na base apresenta a referência E42, de formato, e a marca EC impressas na pasta.

 

Note-se como esta imagem evoca claramente as famosas figuras criadas e desenvolvidas por Berta Hümmel (Maria Innocentia Hümmel, 1909-1946) para a fábrica alemã Goebel (cf. http://www.porzellanstrasse.de/Roedental.161+M52087573ab0.0.html e https://www.shophummel.com/).

 

Se bem que em quantidade muito reduzida, a produção de figuras evocativas dos modelos Hümmel ocorreu também na Vista Alegre, onde as imagens chegaram a ser réplicas quase exactas dos originais alemães.

 

Este percurso convergente no pastiche de populares modelos estrangeiros e na oferta de réplicas portuguesas com design semelhante não surpreende, particularmente se recordarmos que a Vista Alegre veio a adquirir a Electro-Cerâmica, do Candal, e a Sociedade de Porcelanas, de Coimbra, em 1945.

 

 

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