Fotografia de Leland Gilbert publicada em 1950, na brochura comemorativa do centenário da Fábrica de Loiça de Sacavém.
Agradece-se a Hector Castro a cedência desta imagem, obtida a partir de um exemplar dessa publicação.
O INÍCIO DE UMA CARREIRA NA FLS (XIV)
Perante a situação descrita no mês anterior, a Sacavém de certo modo teve alguma sorte pois a evolução económica do país a partir dos anos sessenta permitiu à fábrica aguentar a concorrência das novas empresas, quer na área dos materiais de construção, quer na área da loiça de mesa.
No entanto, num aspecto mais abrangente, a evolução tecnológica dos processos e a própria tecnologia do fabrico dos vários produtos cerâmicos estavam a sofrer alterações que, em certa medida, poderiam ser consideradas drásticas. Estas mudanças implicavam processos de fabrico totalmente distintos uns dos outros, embora a prensagem fosse comum a todos.
Se, por um lado, o fabrico do azulejo e do mosaico continuava a efectuar-se através da prensagem hidráulica, no caso da loiça sanitária a prensagem veio a realizar-se através do sistema isostático, processo bastante complexo que, na altura, veio a sobrecarregar a Divisão Técnica.
Com a reforma de meu pai, Leland Gilbert (1907-1979), no início dos anos setenta, ingressou na empresa, como administrador, Fernando Barros, pessoa que até aquele momento tinha colaborado na reorganização da Sacavém através da sua empresa de assistência, a SANA. Embora tenha conseguido alguns resultados positivos, a sua maneira de estar não agradou ao pessoal da empresa e quando veio o 25 de Abril de 1974 ele foi saneado pela Comissão de Trabalhadores.
Nessa altura Leland Gilbert sofreu de um aneurisma e teve de ser operado. No entanto, na véspera da intervenção cirúrgica, inesperadamente, o hospital foi ocupado pelos trabalhadores. Consequentemente, foi necessário arranjar outra solução.
Através de contactos na Inglaterra foi possível conseguir uma vaga num hospital que aceitou o seu internamento e onde posteriormente a operação decorreu satisfatoriamente. Embora ainda tivesse voltado uma vez a Portugal, meu pai resolveu ficar a viver no Reino Unido até à sua morte, ocorrida em Janeiro de 1979.
© Clive Gilbert
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