Memórias e Arquivos da Fábrica de Loiça de Sacavém

Julho 19 2012

 

Azeitoneira formato Concha com vidrado microcristalino.

 

Peça semelhante a duas outras ilustradas anteriormente (http://mfls.blogs.sapo.pt/162460.html) apresentando esta, no entanto, a inscrição Made in Portugal incorporada na marca.

 

 

© MAFLS

publicado por blogdaruanove às 21:01

Abril 04 2012

 

Azeitoneiras formato Concha com vidrado microcristalino.

 

Este formato surge ilustrado no catálogo de Maio de 1950 e encontra-se referido na tabela de Setembro de 1949, ao preço de 20$50 para "Colorido s/ ouro, Classe A", não tendo sido encontrada qualquer referência ao mesmo nas tabelas de 1932 e 1938.

 

O vidrado microcristalino aplicado nestas peças, reminiscente de vidrados semelhantes desenvolvidos na cerâmica europeia de finais do século XIX e das primeiras décadas do século XX (cf. http://blogdaruanove.blogs.sapo.pt/tag/denbac e http://blogdaruaonze.blogs.sapo.pt/?skip=10&tag=denbac), não é muito comum na produção da FLS.

 

Este revestimento cerâmico terá resultado das pesquisas e dos vidrados experimentais ensaiados por Álvaro Mendes Alves (1905-1996) durante a década de 1950, a exemplo de outros vidrados por ele desenvolvidos e que se encontram documentados no catálogo da exposição Dar Sentido à Argila, Os Ateliês de Decoração na Fábrica da Loiça de Sacavém, realizada em 2007 no MCS.

 

Um outro tipo de vidrado provavelmente decorrente desses ensaios da década de 1950 foi já anteriormente ilustrado aqui: http://mfls.blogs.sapo.pt/5103.html.

 

Imagem retirada do álbum Beauty in the Making.

 

O revivalismo do vidrado microcristalino no período pós-guerra foi comum a várias fábricas europeias, surgindo particularmente na produção cerâmica de algumas oficinas artísticas das fábricas escandinavas, como a Arabia e a Gustavsberg (cf. http://blogdaruaonze.blogs.sapo.pt/152384.html).

 

Acima podem ver-se duas peças em grés desenvolvidas por Stig Lindberg (1916-1982) no Studio da fábrica sueca Gustavsberg, estando esse revivalismo bem patente no revestimento microcristalino da taça.

 

No Studio da Gustavsberg, as novas variantes desses vidrados microcristalinos eram também aplicadas por outros ceramistas, como Berndt Fridberg (1899-1981), algumas das quais podem ser vistas na obra Beauty in the Making (1947), de Gösta E. Sandström (datas desconhecidas).

 

                    

Jarra da Ruskin Pottery, datada de 1931, com assinatura manuscrita de William Howson Taylor (1876-1935) incisa na base.

 

Contudo, não se pode falar de um completo abandono deste vidrado durante o período Art Déco.

 

Algumas fábricas, como a famosa Ruskin Pottery (1898-1935), de Inglaterra, que se celebrizou precisamente pela inovação nos vidrados de alta temperatura e nos revestimentos microcristalinos, mantiveram a sua produção durante as décadas de 1920 e 1930.

 

Tal revestimento encontra-se exemplificado na peça de 1931 reproduzida acima, que apresenta um formato claramente inspirado na tradição oriental de séculos anteriores.

 

Em França, num registo já algo nostálgico e evocativo quer de algumas formas quer de alguns vidrados Art Nouveau, o mesmo aconteceu com a produção de Rambervillers durante a década de 1930.

 

Nos EUA, durante as décadas de 1920 e 1930, tal prática manteve-se ainda em diversas fábricas como a Fulper (cf. http://blogdaruaonze.blogs.sapo.pt/88845.html) e a Rookwood (cf. http://blogdaruaonze.blogs.sapo.pt/87433.html), entre outras.

 

Destes dois exemplares da azeitoneira formato Concha da FLS apenas se encontra marcado aquele que está em segundo plano.

 

 

© MAFLS

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