Pequena jarra em grés branco, com cerca de 14 cm. de altura, apresentando vidrado verde jade e craquelé induzido artificialmente. Abaixo, grande cachepot com cerca de 23,6 cm. de altura, ostentando pintura manual sob um invulgarmente áspero vidrado semi-mate.
Claramente evocativa do vidrado e das tradições cerâmicas orientais a primeira, denota a segunda peça uma influência que se poderá associar ao colorido do lápis-lazúli e às históricas escavações ocorridas no Médio Oriente durante o último quartel do século XIX e o primeiro do seguinte.
Particularmente a partir de 1922, com a descoberta do túmulo do faraó Tuthankamon (séc XIV a. C.), desenvolveu-se nas artes decorativas uma obsessiva tendência a evocar tudo o que pudesse estar relacionado com a antiga civilização egípcia, tendência que, em menor escala, já havia ocorrido no início do século XIX a propósito das campanhas napoleónicas.
Veja-se também como a técnica do craquelé artificial e o uso do vidrado verde jade eram comuns à produção Art Déco de outras fábricas e oficinas cerâmicas: http://mfls.blogs.sapo.pt/276165.html.
Estas duas notáveis peças, que revelam claramente as excepcionais capacidades técnicas e artísticas do seu autor, devem-se ao ceramista francês Georges Jaéglé (datas desconhecidas), sobre quem muito pouco se sabe.
Há notícia, contudo, de este injustamente esquecido artista cerâmico ter sido discípulo do consagrado Raoul Lachenal (1885-1956; http://mfls.blogs.sapo.pt/212524.html.) e de existirem elogiosas referências à sua obra em publicações de final da década de 1920.
Sabe-se também que, depois de ter colaborado com Lachenal, instalou a sua oficina nos arredores de Paris, a sul, em Brétigny-sur-Orge, tendo exibido as suas peças nos XVIeme (1926), XIXeme (1929) e XXeme (1930) Salons des Artistes Décorateurs.
Finalmente, note-se ainda como as espirais na base das duas peças demonstram terem estas sido não moldadas mas sim trabalhadas num torno de oleiro.
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