Tabuleiro com a inscrição MARMELADA aplicada sobre stencil (chapa recortada) e decoração a verde com aerógrafo.
No exemplar da tabela de preços de Setembro de 1949 existente no CDMJA surge uma adenda manuscrita, sob a designação Tabuleiro pª. marmelada, que indica o seu preço, em branco, como sendo 10$00.
Este tabuleiro destinava-se a marmelada servida em pequenas fatias rectangulares, conhecidas como ladrilhos.
No norte de Portugal, com ou sem qualquer ligação intencional entre o formato do recipiente e a conotatividade das palavras que designam o doce e o fruto, a marmelada colocava-se tradicionalmente em tigelas, ou malgas, que eram depois cobertas com uma folha recortada de papel vegetal, por vezes embebida em aguardente.
Esta prática está também descrita numa passagem, que decorre em Lamego, do romance A Via Sinuosa (1918), de Aquilino Ribeiro (1885-1963):
"Ao papel de mirante de freira reunia a varanda o de despensa. Ahi pendurava D. Henriqueta as pinhas de peras amorins, de melapios, de maçãs que lhe expediam as almas boas do sertão, e punha em fileira geometrica as malgas de marmelada e os pires de compota, que uma hostia de papel protegia da poeira e das moscas. E, todas as manhãs, era seu primeiro cuidado contar a guloseima, não tivesse eu, a Amelia Violas, o gato, os ratos ou os vampiros commettido subtracção."
Ainda a propósito de um comentário aqui surgido anteriormente (http://mfls.blogs.sapo.pt/59683.html#comentarios), note-se neste contexto a ambiguidade da designação pires quanto à sua dimensão e às suas funções.
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