"... um carro triunfal sobre duas rodas que avançou tirado por um Grifo." Purgatório, Canto XXIX.
Mais um conjunto de três pratos em porcelana da fábrica SPAL, que completa a divulgação de todos os exemplares que integram esta colecção, reproduzindo desenhos do pintor e ilustrador Lima de Freitas (1927-1998; cf. http://blogdaruanove.blogs.sapo.pt/24563
Como já foi referido, todos estes desenhos foram elaborados sob encomenda das Colecções Philae (http://www.philae.pt/index.html), que lançaram e comercializaram a série em 1984.
Constituída por nove pratos (veja-se toda série aqui: http://mfls.blogs.sapo.pt/tag/dante+alighieri), a colecção evoca diversas passagens da célebre obra intitulada Divina Comédia, a qual foi escrita pelo consagrado poeta italiano Dante Alighieri (1265-1321).
"... começou a gritar a horrenda boca na qual fala mais doce não cabia." Inferno, Canto XXXI.
Exímio desenhador, Lima de Freitas teve alguma da sua produção gráfica e pictórica inicial associada ao movimento neo-realista. Esta influência evoluíu depois para um traço expressionista, bem patente em algumas das capas que produziu para as célebres colecções Argonauta e Vampiro das edições Livros do Brasil (cf. http://capasecompanhia.blogs.sapo.pt/?sk
É aliás nas capas que o artista produziu para estas duas colecções que se pode constatar a sua versatilidade, porquanto se revela um atento executante das diversas correntes gráficas suas contemporâneas.
Neste conjunto de pratos executados para a SPAL encontramos já uma outra fase da sua obra, mais ligada ao hermetismo de inspiração maçónica, como se pode verificar quer nos diversos símbolos patentes nas imagens quer no número de peças escolhidas para integrar a colecção.
Para além desses símbolos, note-se como Lima de Freitas insiste na sobreposição e dissimulação de rostos e corpos nas composições, recurso particularmente utilizado nos pratos alusivos ao Purgatório e ao Inferno.
"A bela imagem da Águia, que era formada das almas agrupadas, ledas no gozo da sua beatitude, mostrava-se-me com as asas abertas." Paraíso, Canto XIX, 1-3.
© MAFLS