Malga decorada a stencil (chapa recortada) sob o vidrado, com cerca de 7,8 cm. de altura e 27 cm. de diâmetro, correspondendo ao formato Liso.
O motivo, apresentando espigas e flores, celebra a abundância da produção cerealífera, podendo associar-se claramente à comemoração anual do Dia da Espiga.
Ao contrário da porcelana e do grés, a faiança coloca os coleccionadores perante dilemas inerentes à fragilidade desta cerâmica, nomeadamente a diferente dilatação entre a pasta e o vidrado, o subsequente craquelé do vidrado, o consequente entranhamento de líquidos e gorduras que acabam por manchar a pasta e a maior facilidade em ocorrerem cabelos e esbeiçadelas.
Muitos coleccionadores preferem as suas peças restauradas e limpas, sem quaisquer manchas, como se a idade de cada objecto não existisse e a peça devesse apresentar-se tal como saíu da fábrica.
Fotografia de autoria não identificada.
Pessoalmente, também já passei por essa fase, mas, no que respeita à faiança utilitária, tenho vindo a aceitar as marcas do tempo e a encontrar um certo charme na decadência das peças, como se a patine do tempo e do seu uso devesse estar nelas documentada.
Hoje em dia, peças com gatos centenários, ou velhos de muitas décadas, combinados com as diferentes manchas que alastram pela pasta, exercem uma certo fascínio sobre mim, originando memórias imaginárias sobre os hipotéticos usos a cada refeição e em cada família.
Em homenagem a essas famílias e às suas vivências, in illo tempore, e em homenagem aos velhos amoladores, sempre com a mesma música em realejos hoje quase esquecidos, aqui ficam algumas imagens cheias de nostalgia.
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