Grande escultura em terracota de uma mulher da Nazaré, com cerca de 39,4 cm. de altura, inicialmente patinada a verde mate e posteriormente a purpurina dourada, também sem brilho.
Encontra-se marcada e datada na base, à direita da figura, com a inscrição "Cerâmica Moderna, Lda. / Caldas da Rainha / 1931".
Desta escultura, modelada por Alberto Morais do Vale (1901-1955), conhecem-se mais três versões – uma com cerca de 30,5 cm. de altura, exibida na exposição 50 Anos de Cerâmica Caldense: 1930-1980, realizada nas Caldas da Rainha em 1990, outra com cerca de 20,5 de altura, reproduzida no livro A Cerâmica de Rafael Bordalo Pinheiro (1987; 2.ª ed., 2009), de Aida Sousa Dias e Rogério Machado, e ainda uma outra com cerca de 19,4 cm., que se reproduz abaixo.
Para além das dimensões e da patine, qualquer uma destas três versões apresenta outras diferenças, quer entre si quer relativamente à peça aqui destacada.
A versão exibida em 1990, em pasta branca chacotada, apresenta a nazarena com a boca fechada, o dedo mindinho da mão esquerda afastado, um avental sobreposto à saia, e uma canastra distinta.
A versão menor aqui reproduzida, uma cópia muito mais rudimentar, também apresenta a figura com a boca fechada, com avental, com o dedo afastado e diferente canastra, mas perdeu os detalhes do vestuário, passou a apresentar bolsos no avental e passou a ter a designação Nazaré, da base, à esquerda da figura.
A versão apresentada na obra publicada em 1987 parece ser o protótipo desta última, embora não apresente os bolsos que aqui surgem. Nessa obra, a peça ilustrada é em barro vermelho, não vidrado, indicando-se que a mesma, datada de 1934, ostenta a marca da Cerâmica Moderna e o monograma de Alberto Vale.
De todas estas alterações, que no caso do avental e da canastra pretenderam reproduzir com mais rigor o trajo nazareno, é de estranhar, mesmo por motivos estéticos, aquela que eliminou a sugestão do característico apregoar das vendedeiras.
Alberto Morais do Vale
Embora a tábua cronológica do catálogo da exposição de 1990 refira que a Cerâmica Moderna, Lda. terá sido fundada em 1933, e não terá subsistido para além desse ano, esta peça encontra-se datada de 1931, como se pode verificar na fotografia reproduzida abaixo.
No entanto, até ao momento, ainda não foi encontrado qualquer registo oficial da empresa quer para o ano de 1931 quer para o ano de 1933.
Registe-se, ainda, que na exposição de 1990 foram exibidas oito esculturas de Morais do Vale – uma bailarina, uma representação da actriz Greta Garbo (1905-1990), um perú, uma mulher do Minho, a já referida versão desta mulher da Nazaré, uma tremoceira das Caldas da Rainha, um ampara-livros mulher e um ampara-livros cavalo.
Finalmente refira-se que, traduzindo o sucesso e a popularidade das estrelas de cinema, a FLS produziu um busto da também famosa actriz Marlene Dietrich (1901-1992), em diferentes pastas, uma variante das quais será brevemente aqui apresentada.
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