Grande escultura em terracota pintada, com cerca de 33 cm. de altura, apresentando na base uma caixa aberta para jóias. O espelho reproduzido não é o original, como se pode observar pelo deficiente encaixe.
De acordo com o Diário do Govêrno, a Estatuária Artística de Coimbra, posteriormente conhecida como Estaco, foi fundada em 1943, tendo estabelecido a sua sede nessa cidade, a sua fábrica na Rua do Arnado, número 147 e o seu armazém na Rua Dr. Rosa Falcão, número 28.
À data da fundação, o capital social de 80.000$00 encontrava-se distribuído da seguinte forma: José Augusto Frutuoso [Gaspar de Matos], 60.000$00, Carlos Frutuoso [Gaspar de Matos], 12.000$00, e Artur dos Santos, 8.000$00.
Em 1947 a Estatuária participou na constituição da Cesol, Cerâmica de Souselas, detendo 40% do seu capital social, que se encontrava assim distribuído:
António Bernardo Gonçalves de Carvalho, 500.000$00; Estatuária, 400.000$00; Luís António Duarte Prazeres Pais, 35.000$00; José de Campos, 35.000$00, e Francisco da Silva, 30.000$00.
Inicialmente, o escritório e o estabelecimento da Cesol ficavam contíguos às instalações da Estatuária, na Rua Dr. Rosa Falcão, número 30, o que não surpreende, visto que sua a orientação técnica estava a cargo de José Augusto Frutuoso.
O que surpreende é o capital investido pela Estatuária na Cesol, que representa cinco vezes mais que o seu capital social inicial. Tal facto poderá indiciar a prosperidade e o volume de negócios da Estatuária no curto prazo de apenas quatro anos.
Apenas no ano seguinte, em 1948, veio a Estatuária a elevar o seu capital social para 400.000$00, tendo o mesmo ficado assim distribuído:
José Augusto Frutoso, 225.000$00; António Bernardo Gonçalves de Carvalho, 100.000$00; Carlos Frutuoso, 45.000$00, e Artur dos Santos, 30.000$00.
Seguindo um percurso de declínio comum a muitas fábricas portuguesas no último quartel do século XX, a Estaco veio a declarar falência em Outubro de 2001. Vejam-se algumas fotografias relativamente recentes das últimas instalações da fábrica em: http://www.focomanual.org/index.php?topic=1800.0.
Embora não tenha sido possível encontrar, in loco, nos arquivos e no acervo do museu Anjos Teixeira (http://www.cm-sintra.pt/Artigo.aspx?ID=2000), em Sintra, documentação que confirme a atribuição de autoria, o estilo e a própria grafia das iniciais A. T. aproximam esta escultura da obra inicialmente produzida pelo escultor Pedro Augusto Franco dos Anjos Teixeira (1908-1997).
Não tendo sido exibida nos E.U.A., esta peça encontra-se no entanto referenciada, com a entrada número 54, no único exemplar conhecido do catálogo da exposição Portuguese Ceramics in the Art Deco Period, realizada em 2005.
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