
Catálogo da exposição de Maria de Lourdes Castro realizada em 2005, reproduzindo uma peça executada em Faenza.
Na pintura, na escultura e na literatura o modernismo português expressou-se logo durante a década de 1910 e, numa segunda fase, em finais da década de 1920 e princípios da seguinte.
Nas artes decorativas, se excluirmos casos como os de Raul Lino (1879-1974), de João da Silva (1880-1960), do imigrante Franz Torka (1888-1953), do grupo do Bristol Club e da revista ABC, o modernismo foi um movimento com uma expressão mais vincada no período que se seguiu à II Grande Guerra, aproximando-se já da renovação modernista do pós-guerra preconizada pelas escolas escandinavas.
Na produção industrial que acompanhou este movimento renovador assumiram papel de relevo as fábricas de vidro e cerâmica. Destacaram-se, entre estas últimas, as fábricas Aleluia (Aveiro), FLS e Secla (Caldas da Rainha), tendo a Vista Alegre (Ílhavo), as suas associadas Candal (V. N. Gaia) e S. P. (Coimbra), e a Lusitânia (Lisboa e Coimbra) sido mais comedidas na exploração de novas formas e decorações. No âmbito da produção de painéis de azulejo, destacou-se a Fábrica Viúva Lamego (Lisboa).
Neste movimento renovador teve grande importância o contributo de diversas artistas, referindo-se aqui os nomes daquelas que mais estreita e regularmente desenvolveram o seu trabalho numa dada fábrica. Na indústria vidreira da Marinha Grande, na Fábrica-Escola Irmãos Stephens, desenvolveram-se as obras de Maria do Carmo Valente (datas desconhecidas) e Maria Helena Matos (n. 1924). Na indústria cerâmica, desenvolveram-se as obras de Hansi Stäel (1913-1961), na Secla, e de Maria de Lourdes Castro (n. 1934), na FLS.
Proveniente da Escola António Arroio, em Lisboa, onde tivera como professor o pintor e ceramista Manuel Cargaleiro (n. 1927), Maria de Lourdes Castro desenvolveu a sua obra na FLS em diversos períodos, 1955-1959, 1972-1973 e 1979-1982, tendo entretanto trabalhado em Faenza, Itália, entre 1960 e 1964, e efectuado uma passagem pela fábrica Secla em 1959-1960.
A primeira estadia da ceramista na FLS permitiu-lhe desenvolver várias peças da série Arte Nova, constituída por 57 modelos na tabela de preços de 1960, algumas das quais serão aqui reproduzidas em breve.

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