Tigela, com cerca de 6,2 cm. de altura e 11,7 cm. de diâmetro, e prato, com cerca de 2,8 cm. de altura e 16 cm. de diâmetro, ostentando motivo floral pintado à mão, identificado no tardoz como sendo "dec. 3", e as iniciais "A. C.", que poderiam identificar o/a pintor/a.
No entanto, tal hipótese parece não corresponder a uma dedução correcta, dado que a caligrafia varia entre as duas peças, o que levanta a hipótese alternativa de as iniciais corresponderem ao autor/a deste motivo, muito embora estejamos perante uma simples decoração floral ao gosto popular.
Por outro lado, esta decoração aproxima-se daquela utilizada nas variantes do motivo Quinta (https://mfls.blogs.sapo.pt/tag/motivo+quinta), motivo pintado à mão introduzido na década de 1950, embora o motivo Quinta número 3 apresente distinta decoração floral (https://mfls.blogs.sapo.pt/taca-294654).
A escolha desta decoração parece corresponder a um revivalismo de singelos motivos populares, como ainda hoje se verifica no barro vidrado, visto que a marca patente nas duas peças corresponde à última da FLS, cujo registo foi solicitado em Junho de 1965 e concedido em Outubro do ano seguinte.
Adicionalmente, poderá especular-se que a produção deste motivo se destinaria também ao mercado de exportação, dado as marcas apresentarem o complemento "Made in Portugal".
Por fim, estas peças apresentam aspectos de decoração e vidrado, um vidrado translúcido azulado que por vezes surgia também numa tonalidade esverdeada em algumas produção oitocentista da FLS, característicos da produção da Fábrica do Carvalhinho (https://mfls.blogs.sapo.pt/tag/f%C3%A1brica+do+carvalhinho), que pertenceu à FLS precisamente até 1965.
Ora, embora se conheçam outros exemplares com tal vidrado, isto levanta questões relacionadas com o local e data de produção destas peças, uma vez que tal vidrado não era habitualmente aplicado nas peças da FLS produzidas nas instalações de Sacavém.
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