Prato coberto estampado sob o vidrado com decoração monocromática a azul.
Embora não apresente qualquer marca, esta peça corresponde indubitavelmente ao formato Inglês das terrinas e pratos cobertos produzidos pela FLS (http://mfls.blogs.sapo.pt/tag/formato+ingl%C3%AAs). Pelo que foi possível comprovar noutros exemplares semelhantes a este, mas marcados, a decoração aqui apresentada corresponde ao motivo Rio.
Apesar de as designações de motivos correspondendo a topónimos serem correntes em diversas fábricas nacionais e estrangeiras, não se pode ignorar que o facto de a FLS comercializar motivos com as denominações Brasil (http://mfls.blogs.sapo.pt/221134.html) e Rio (esta suficientemente ambígua para corresponder à cidade do Rio de Janeiro) poderia constituir um atractivo suplementar visando uma eventual exportação para o mercado brasileiro.
Nesse mercado, estas designações apelariam não só aos nacionais mas também à vasta comunidade portuguesa. Em Portugal, apelariam ainda particularmente à nostalgia daqueles emigrantes portugueses que, tendo feito fortuna (ou não...) no Brasil, haviam regressado a Portugal – os brasileiros de torna-viagem.
Na literatura portuguesa do século XIX, estes brasileiros de torna-viagem já haviam sido consagrados por Camilo Castelo Branco (1825-1890) em muitas das suas obras, havendo ainda no século XX alguns autores que testemunharam essa mesma experiência de emigração, como Ferreira de Castro (1898-1974) e Miguel Torga (pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha, 1907-1995).
Capa do catálogo da exposição Os Brasileiros de Torna-Viagem no Noroeste de Portugal, realizada em 2000.
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