Como se pode verificar através deste exemplo, embora a jarra assinada por Charles Catteau reproduzida no ano passado (http://mfls.blogs.sapo.pt/213467.html) fosse um notável paradigma do melhor que se produziu naquela fábrica, a Société Anonyme des Produits Céramiques de Rambervillers produziu também peças que nada tinham de excepcional quanto ao seu formato.
Correspondente ao modelo 381, a jarra encontra-se referenciada nos catálogos de 1920 e 1930, apresentando este exemplar uma curiosa palette de algumas das diferentes tonalidades que a fábrica conseguia obter nos seus vidrados.
Mas a empresa consolidou a sua imagem de excepcional qualidade com base em peças como a que surge abaixo, mesmo quando estas apresentavam apenas diferentes variantes do seu famoso vidrado azul.
Referenciada já no catálogo de 1907, esta peça, assinada por René Jeandelle (1883-1935) e com cerca de 26,8 cm. de altura, foi uma das duas que o artista modelou para representar a famosa dançarina americana Loïe Fuller (1862-1928; veja-se uma caricatura que Rafael Bordalo Pinheiro fez dela, em 1902, numa posição muito semelhante, aqui: http://blogdaruanove.blogs.sapo.pt/69718.html.)
Tal como a actriz Sarah Bernhardt (1844-1923) o epitomizou nas artes gráficas, a dançarina Loïe Fuller epitomizou o espírito Art Nouveau na arte das esculturas de pequenas dimensões, algumas das quais podem ser vistas aqui: https://sites.google.com/site/artnouveaudance/catalog/sculpture.
Observando a peça de Rambervillers que surge na ligação acima mencionada, nota-se que apresenta detalhes mais nítidos e modelação mais vincada do que este exemplar. Isso deve-se ao facto de o exemplar aqui ilustrado ser já da década de 1950, denotando portanto um maior desgaste do molde.
A talentosa bailarina canadiana Margie Gillis (http://www.margiegillis.org/), recuperou notavelmente, desde finais do século XX, a arte da dança a solo que Loïe Fuller havia celebrizado cem anos antes.
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